quarta-feira, 30 de junho de 2010

Internacional

Grécia parou mais uma vez nesse dia 29

G-20 orienta a política de cortes de gastos a “todos os países industrializados”

A Grécia viveu mais um dia de greve geral nesse dia 29 de junho, terça–feira, contra os planos de cortes e ajustes fiscais do governo de George Papandreou, do FMI e da União Europeia. A imprensa já perdeu a conta de quantas greves já ocorreram só esse ano no país. Enquanto uns afirmam que essa foi a quinta greve geral, outros veículos enumeram como a sexta paralisação geral.

Mais uma vez trabalhadores do setor público e privado cruzaram os braços contra os cortes e os ataques aos salários e à aposentadoria. A greve foi convocada pela GSEE, central que reúne os sindicatos privados e a Adedy, central dos trabalhadores públicos. A greve afetou os serviços públicos, principalmente o setor de transportes. O turismo também parou. Trabalhadores de veículos de comunicação, como jornais e TV, também pararam.

Mobilizações

Manifestações também acompanharam o dia de greve. Em Atenas e na cidade de Salónica, segunda maior cidade da Grécia, os trabalhadores foram às ruas e, em vários momentos, enfrentaram a repressão da polícia. Na capital grega cerca de 70 mil manifestantes foram às ruas.

Os sindicatos organizam uma nova greve geral já para o início de julho, quando começa a tramitar no parlamento o projeto de lei que aumenta a idade mínima de aposentadoria, reduz as pensões e facilita as demissões. O debate está marcado para o dia 8 de julho.

Greve na Espanha

Na Espanha o dia também foi de greve contra o corte de salários e direitos. Em Madri, os trabalhadores do metrô cruzaram os braços contra o corte nos salários dos servidores públicos. Em todo o país basco houve greves e mobilizações contra o plano de cortes.

Já no último dia 25 foi a vez da Itália ter seu dia de greve geral. Sindicatos organizaram 4 horas de paralisação e impulsionaram manifestações que reuniram algo como 1 milhão de pessoas pelas ruas do país.

G-20 aponta generalização da política de cortes

Como se não bastasse a política coordenada de cortes nos salários e direitos, a fim de reduzir o déficit fiscal da Europa, imposto pelo FMI e a União Europeia, agora foi a vez do G-20 orientar esse mesmo plano de ajustes fiscais para o restante do mundo.

A cúpula das vinte maiores economias do mundo se realizou nos dias 26 e 27 em Toronto, no Canadá e aprovou uma carta em que orienta o mesmo ajuste fiscal da Europa para o resto dos países. “O corte do déficit público se impôs como prioridade, primeiro na Europa e agora em todos os países industrializados” , diz o comunicado final do G-20. Isso significa que os cortes de salários e ataques aos direitos e à previdência pública não serão exclusividade dos países endividados da Europa.

Enquanto o mundo vivia a mais grave crise financeira desde 1929, o G-20 exortava os governos a aprovarem vultuosos pacotes de ajuda ao mercado . Agora, com os bancos a salvo, o mesmo G-20 quer que a conta seja paga pelos trabalhadores.

Isso reforça a tese de que o desenrolar da luta de classes na Europa será um indicativo do que deve ocorrer no restante do mundo. Uma vitória dos trabalhadores contra os planos de ajuste fiscal pode barrar essa política, do mesmo modo que uma vitória do FMI vai ser o pontapé inicial para a generalização dessa política em todos os continentes.

Em Luta

Bancários da Caixa paralisam serviços contra a reestruturação

OS BANCÁRIOS da Caixa Econômica Federal paralisaram, na manhã de 29 de junho, os serviços do Banco durante uma hora. O objetivo da mobilização foi protestar contra o processo de reestruturação que vem acontecendo no Banco, processo este que desvaloriza e desrespeita os empregados.


A reestruturação também é prejudicial aos clientes. A direção do Sindicato dos Bancários, em carta aberta à população, alerta que “a reestruturação na Caixa também afetará diretamente o cliente, pois atividades que hoje são efetuadas aqui no Rio Grande do Norte, serão migradas para Fortaleza ou Salvador (isso envolve boa parte das áreas de habitação, seguro contra danos físicos e morte e invalidez, liberação de hipoteca etc.)”.

Vale ressaltar que as respostas rápidas que os clientes tinham dos setores instalados no RN não poderão mais ser dadas, porque boa parte das atividades já foram migradas para outros Estados. O cliente sairá perdendo diretamente com esse processo de enxugamento. O empregado, por sua vez, acumulará mais trabalho com uma unidade reduzida.

Essa reestruturação é parte de um pacote de enxugamento que atingirá todos os empregados da Caixa, retirando direitos e preparando uma possível fusão da Caixa com o Banco do Brasil, ou seja, encaminhando para a privatização. Essa medida faz parte da política neoliberal iniciada no governo Collor, continuada por Fernando Henrique Cardoso e ampliada no governo Lula que defende apenas os interesses dos banqueiros e grandes empresários.

Além disso, a Caixa está descumprindo o Acordo Coletivo assinado com o Movimento Sindical e não apresentou o Plano de Cargos e Salários/Plano de Funções Gratificadas (PCC/PFG). A isonomia não foi implementada, ou seja, a igualdade de direitos entre os funcionários antigos e novos, pois desde 1998, pessoas que exercem trabalhos idênticos não têm um tratamento igual. Os trabalhadores contratados antes de 1998 têm mais direitos que os contratados depois de tal ano. Essa luta dura mais de uma década.

A paralisação aconteceu das 10h às 11h nas agências da Caixa Ribeira, Potiguar (centro), Alecrim e nas unidades meio GICOP, GICOT, RERET e RESUT. Os bancários participaram do protesto usando a cor preta. Segundo a direção do Sindicato dos Bancários, há a possibilidade de greve por tempo indeterminado.

Enchentes no Nordeste

Alagoas decreta estado de emergência de saúde pública

1º boletim epidemiológico de áreas alagadas foi divulgado; entre doenças, seis casos de leptospirose

SÃO PAULO - Alagoas decretou estado de emergência de saúde pública por causa da situação de risco para ocorrência de casos de doenças transmissíveis ou não. A informação foi anunciada nesta terça-feira, 29, pela Secretaria de Estado da Saúde, no primeiro boletim epidemiológico das áreas atingidas pelas enchentes que castigaram o Estado nas últimas semanas. Seis casos de leptospirose já foram registrados.

De acordo com os dados da Defesa Civil, 28 municípios foram afetados, o que corresponde a 27,4% do total do Estado. Destes, 4 decretaram estado de emergência e 15 anunciaram calamidade pública. O número de pessoas afetadas foram 181.020 pessoas, segundo a Notificação Preliminar de Desastre.

O município com maior porcentual de pessoas afetadas foi Santana do Mundaú (99,7%), seguido de União dos Palmares (87,7%). Ocorreram 37 óbitos em 7 dos municípios afetados: Santana do Mundaú, Joaquim Gomes,União dos Palmares, Branquinha, Paulo Jacinto, Murici e Rio Largo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cenas do Conclat

Veja vídeo com imagens do Congresso de Unificação

Nos 5 e 6 de junho, ocorreu em Santos (SP) o Congresso da Classe Trabalhadora (Conclat), que debateu e decidiu sobre a unificação entre Conlutas, Intersindical e outros setores dos movimentos sociais. O congresso fundou uma nova entidade com o objetivo de organizar todos os explorados pelo capitalismo para lutar contra os ataques dos patrões, dos governos e em defesa do socialismo. O Sinte de Ceará-Mirim elegeu dois delegados, que participaram ativamente das discussões.
Abaixo, veja o vídeo com cenas do congresso.

domingo, 20 de junho de 2010

Sessão Cultural

Sobre nossas escolhas

A Sessão Cultural de hoje traz o filme francês "Dans la tete" (Na cabeça), um curta-metragem de animação sobre a importância de nossas escolhas e as consequências destas em nossas vidas. São apenas seis minutos. Vale a pena conferir.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Outra vez

Prefeito de Ceará-Mirim adia audiência sobre reajuste da educação

No último dia 15, a Prefeitura de Ceará-Mirim informou ao Sinte que a audiência de discussão sobre o reajuste salarial dos trabalhadores da educação, marcada para ontem (16), foi adiada para o próximo dia 23. De acordo com a Prefeitura, o adiamento foi necessário porque o levantamento financeiro das contas públicas, após a implementação do Plano de Cargos e a correção das promoções horizontais, ainda não foi concluído.

Para a direção do sindicato, o prefeito Antônio Peixoto (PR) não está demonstrando disposição para discutir a situação dos trabalhadores. "Mais uma vez o prefeito adia a audiência com o objetivo de ganhar tempo para não discutir o tema, para não dar o reajuste salarial de nossa categoria.", disse Ana Célia Siqueira, diretora do Sinte Ceará-Mirim.

Para dia da audiência (23) o Sinte está preparando uma mobilização da categoria para pressionar a prefeitura a conceder o reajuste salarial.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nacional

Lula veta o fim do fator previdenciário

Anúncio foi dado pelo ministro Guido Mantega a poucas horas da estreia da seleção na Copa. A luta dos aposentados, porém, garantiu reajuste de 7,7%, maior que os 6,14% negociados pelas centrais sindicais traidora com o governo

Lula esperou até o último momento para anunciar a sua decisão sobre a Medida Provisória dos aposentados aprovada pelo Congresso. Finalmente, divulgou o que faria poucas horas antes do primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do mundo. E não surpreendeu. Mantendo aquilo o que já vem fazendo em seu governo, Lula vetou o fim do fator previdenciário, medida aprovada pela Câmara e pelo Senado após diversas mobilizações dos aposentados.

O fator havia sido imposto pelo governo FHC em 1999 e tem como objetivo adiar ao máximo as aposentadorias. Ele estabelece uma conta para o cálculo das aposentadorias que leva em consideração a expectativa de vida, o tempo de contribuição e a idade do assegurado, fazendo com que o trabalhador receba menos quanto mais cedo ele se aposentar. Na prática, obriga os trabalhadores a trabalharem cada vez mais, sob o risco de terem seus benefícios reduzidos.

Reajuste

Se Lula vetou o fim do fator, por outro lado, mesmo a contragosto, o presidente foi obrigado a sancionar o reajuste de 7,7%. Mesmo insuficiente, ele é maior que os 6,14% que o governo havia combinado com as centrais sindicais traidoras, como CUT e Força Sindical. No Congresso, a pressão dos aposentados fez com que esse índice subisse para 7,7%, mesmo com todas as ameaças e chantagens do governo.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT), que integrou a tropa de choque contra os aposentados no Congresso, chegou a dizer que os aposentados “não tem o que reclamar”. Ele reafirmou que o índice havia sido um acordo com as centrais. “Os 6,14% foram um acordo entre as centrais e o governo federal. Não foi um número cabalístico”, disse, expondo o papel que CUT e Força Sindical cumpriram, de rebaixar o reajuste que até o governo estaria disposto a conceder.

Mesmo assim, o ministro da Fazenda Guido Mantega, afirmou que o governo vai compensar o reajuste aumentando o corte no Orçamento para além dos R$ 10 bilhões anunciados recentemente. Para isso, vai cortar mais R$ 1,6 bilhão. “O presidente Lula nos liberou para fazer os cortes necessários, que vão compensar os 7,7%”, disse Mantega.

A luta não terminou

O veto de Lula reafirma sua política para os aposentados. Só para lembrar, em 2003, logo em seu primeiro mandato, Lula impôs a reforma da Previdência no setor público. Já em 2006, vetou o reajuste de 16,6% aprovados pelo Congresso, como parte da recomposição das perdas desde o governo Collor. Agora, veta o fim do fator. Esse caso expõe agora de forma mais clara o papel cumprido pela CUT que, além de não defender o fim do fator previdenciário, negociou um reajuste muito menor que o governo, que foi até mesmo rechaçado pelo Congresso. O índice negociado foi ainda utilizado pelo governo a toda hora para negar um reajuste maior.

A lição que fica, porém, é da força da mobilização dos aposentados. Foi a luta que desbloqueou a negociação rebaixada da CUT, impôs o fim do fator no Congresso e garantiu o reajuste de 7,7%. E, mesmo com o veto de Lula, a luta pelo fim do fator previdenciário não terminou. O Congresso pode ainda derrubar o veto. A mobilização dos aposentados agora tem que girar novamente do Planalto para o Congresso, obrigando os parlamentares a derrubarem o veto e pondo um fim definitivo ao fator previdenciário.

Extremoz

Trabalhadores da educação fazem protesto em frente à Prefeitura e anunciam greve

Cerca de 100 trabalhadores da educação de Extremoz, região metropolitana de Natal, realizaram na manhã de ontem (15) um protesto em frente à Prefeitura do município. Mesmo debaixo de chuva, professores e funcionários não mediram esforços para lutar por seus direitos. O objetivo da manifestação era apresentar ao poder executivo a pauta de reivindicações da categoria. Entre os principais pontos da pauta estão a implementação do Plano de Cargos dos funcionários e dos professores, o reajuste salarial de 37%, realização de concurso público, reforma das escolas e o retorno do pagamento dos quinquênios.

Após o protesto, houve uma audiência com o Secretário de Planejamento do município. Entretanto, a reunião não avançou nas negociações. A prefeitura afirmou que não pode conceder reajuste salarial porque "está no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal" (LRF). "A prefeitura diz que não há dinheiro para garantir o reajuste da categoria, mas ofereceu o adiantamento de 50% do 1/3 de férias e do décimo terceiro. Ora, se tem dinheiro para adiantar o pagamento dos nossos direitos, então tem dinheiro pro reajuste.", declarou Socorro Alves, do sindicato da educação em Extremoz.

Sobre o concurso público, a prefeitura disse que o edital de convocação está sendo finalizado. Já a reforma das escolas estaria sendo encaminhada.

Depois da audiência, a categoria realizou uma assembleia e decidiu manter as reivindicações e o início da greve a partir de 5 de julho.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Lutas

Comitê protesta na Governadoria pela falta de transporte público de Ceará-Mirim para Natal


Um Comitê de Luta pelo Transporte Público formado por estudantes e trabalhadores de Ceará-Mirim está neste momento em frente à Governadoria fazendo um protesto pela regularização do transporte público e redução das tarifas.

Há cerca de dois meses as linhas que fazem o trajeto Ceará-Mirim/Natal foram desativadas e os usuários são obrigados a pagar R$ 3,50 pelas passagens. Antes, o trajeto era feito pelas empresas Oceano e Parque das Dunas, que foram descredenciadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Norte (DER).

Agora, somente a empresa Cabral e as vans de transporte alternativo fazem o trajeto, e elas não aceitam o bilhete eletrônico da Prefeitura.

Fonte: Tribuna do Norte - 14/06/2010

sábado, 12 de junho de 2010

Sessão Cultural

Provocações

Luis Fernando Veríssimo

A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão.

A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso.

Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.

Foram lhe provocando por toda a vida.

Não pode ir à escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.

Na cidade, para onde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.

Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava.

Estavam lhe provocando.

Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.

Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa.

Terra era o que não faltava.

Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.

Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.

Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou.

Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:

- Violência, não!

Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone.

É casado com Lúcia e tem três filhos.

Jornalista, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Congressos em Cena

Congresso da Conlutas e da Classe Trabalhadora: passos importantes para a unificação dos trabalhadores

Durante os dias 3, 4, 5 e 6 de junho, ocorreram em Santos (SP) dois importantes congressos para a unificação das lutas dos trabalhadores. O 2º Congresso da Conlutas e o Congresso da Classe Trabalhadora (Conclat) marcaram de forma importante a história do novo momento que vive a reorganização dos trabalhadores no Brasil. Depois da traição das Centrais Sindicais governistas, como a CUT, a classe trabalhadora, os estudantes e os movimentos populares brasileiros se viram obrigados a construir uma nova ferramenta de luta que pudesse organizar todos os explorados para enfrentar os governos, os patrões e defender o socialismo.

Durante seis anos, a Conlutas construiu as bases para que esse momento fosse possível. Agora, depois de intensos debates, polêmicas e votações importantes no Conclat, os 3.180 delegados decidiram, através de uma ampla democracia, fundar uma nova organização: a Conlutas - Central Sindical e Popular.

Delegados da Educação de Ceará-Mirim

Os delegados da educação de Ceará-Mirim/RN, Ana Célia e Francisco Erivaldo, eleitos em assembleia da Regional do Sinte, participaram ativamente dos congressos, discutindo as teses e debatendo as polêmicas nos grupos de discussão. Para Ana Célia, os trabalhadores de Ceará-Mirim, representados por ela e por Francisco Erivaldo, participaram de um momento histórico para a luta de classes no Brasil. "Participamos de congressos muito democráticos, que reuniram mais de 4 mil participantes, entre delegados, observadores e convidados. Em Santos, nós começamos a escrever uma outra história para a luta dos trabalhadores brasileiros. Uma história que vai enfrentar os ataques do capitalismo, dos governos e dos grandes empresários. Não fundamos apenas uma nova Central de trabalhadores, estudantes e movimentos populares. Fundamos, também, uma nova esperança em nossas lutas.", avaliou Ana Célia.

Ana Célia debate polêmicas em grupo de discussão

O Conclat foi marcado por vários momentos de grande emoção. Mas, sem a menor dúvida, a presença das 26 delegações internacionais mostraram a força da solidariedade entre os trabalhadores de todo o mundo. "É muito bonito e importante ver todos esses trabalhadores, de vários países, apoiando a nossa luta, mostrando que estamos todos de um único lado.", afirmou Francisco Erivaldo.

O Conclat vai ficar na história não só pela fundação de uma nova organização de luta, mas também pelas relações importantes que criou entre todos os trabalhadores, que agora estarão mais fortes para enfrentar os próximos desafios da luta de classes, seja para defender salários e direitos ou para construir a batalha pelo socialismo.

Abaixo, confira mais momentos dos Congressos.

Artistas se apresentaram nos intervalos do Conclat

Coletivo de Artistas Socialistas (CAS) em apresentação durante Congresso da Conlutas

Nota Oficial da Conlutas sobre o Conclat

Congresso funda nova central sindical, popular e estudantil

Com a participação de 4.050 ativistas de todo o país, sendo 3.180 delegados e os outros na condição de observadores e convidados, o CONCLAT - Congresso Nacional da Classe Trabalhadora -, realizado nesse último domingo (6 de junho) na cidade de Santos-SP, fundou uma nova organização para a luta dos trabalhadores brasileiros: a Conlutas - Central Sindical e Popular, uma entidade que unifica os setores sindical, popular e estudantil.

Esta nova entidade já retorna para seus estados e cada um dos trabalhadores, ativistas de movimentos populares retomam as inúmeras lutas que vêm realizando. Entre elas, a mobilização contra o veto do governo Lula ao fim do fator previdenciário e ao reajuste de 7,7% dos aposentados, a defesa dos servidores públicos que estão em greve contra o congelamento de salário por dez anos, as tantas categorias de trabalhadores e estudantes que estão em luta e os movimentos populares que mantêm seus enfrentamentos em defesa de moradia e melhores condições de vida.

Delegações internacionais - Um dos pontos altos do Congresso, em sua abertura, foi apresentação das delegações internacionais com a presença de 120 convidados, representado 26 países. Entre eles, Grécia, Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Suíça, Rússia, Japão, Estados Unidos, México, Haiti, Honduras, Costa Rica, Argentina, Bolívia, Venezuela e diversos países da América Latina. Após a saudação dos representantes dos servidores públicos da Grécia, Sotiris Martalis, e do Haiti, Didier Dominique, o Hino da Internacional Socialista foi cantado em diversos idiomas emocionando a todos, que mantiveram os punhos cerrados, e encerraram a abertura com uma salva de palmas.

Após esse momento houve a apresentação de 22 teses. O primeiro dia dos trabalhos deu a tônica da movimentação e do desenvolvimento das polêmicas de maneira extremamente democráticas que ocorreriam até o seu encerramento no dia 6, último dia do Congresso Nacional da Classe Trabalhadora. No domingo, além do debate em grupos na parte da manhã, teria a tarde dedicada ao debate e aprovação das resoluções.

Domingo (6) - Ao final dos debates em grupos, na plenária final, as votações também ocorreram em meio a intensos debates. Diversos pontos foram aprovados. A primeira resolução aprovada foi sobre a situação internacional e nacional e um plano de ação que responda aos ataques feitos recentemente aos salários e direitos dos trabalhadores no Brasil. Além disso, fortalecer uma unidade internacional nas lutas, já que em diversos países os ataques são os mesmos, principalmente aos servidores públicos e aposentados.

Também foi aprovada a criação de uma nova entidade que aglutine os setores sindical, popular e estudantil. Havia duas outras propostas que foram derrotadas: a de uma central somente de trabalhadores, ou seja, que organizasse somente os sindicatos e a proposta de central sindical e popular, mas sem as representações dos estudantes. Porém, reconhecendo a centralidade da classe operária, os delegados aprovaram a representação estudantil e dos setores de luta contra a opressão na nova entidade, com o limite de 5%.

Sobre a forma da nova secretaria executiva nacional, a proposta aprovada foi 27 membros titulares e 8 suplentes, além de um Conselho Fiscal com 3 titulares e 3 suplentes. A Conlutas havia proposto a quantidade de 25 membros titulares e 8 suplentes, mas chegou-se a um acordo em torno da proposta da Intersindical.

O novo nome da entidade foi a principal polêmica ocorrida naquela tarde. Havia originalmente três propostas: Conlutas-Intersindical, Cocep e Ceclat. O nome “Conlutas-Intersindical” foi proposto pela Conlutas, “Ceclat” foi proposto pela Intersindical e outros setores. O MTL, outra organização que compôs o congresso, propôs o nome de “Conlutas-Intersindical – Central Sindical e Popular”, o que foi defendido pela Conlutas. O resultado dessa votação atingiu 2/3 do plenário, com vitória para a proposta do MTL e Conlutas.

Mesmo reconhecendo o resultado da votação a Intersindical, a Unidos pra Lutar (CST) e Movimento Avançando Sindical (MAS) abandonaram o congresso desrespeitando a vontade dos milhares de delegados presentes.

Existia um amplo acordo de formar uma central que fosse uma alternativa às centrais governistas, que respondesse as demandas de lutas imediatas dos trabalhadores, já não garantidas pelas outras centrais.

Com o critério do respeito às deliberações das instâncias de base, durante a organização, após várias reuniões, chegou-se ao acordo entre todas as forças que participavam da preparação do Congresso de que as diferenças que existissem deveriam ser decididas no próprio congresso pelos delegados eleitos pelos trabalhadores em suas categorias. Ou seja, as diferenças seriam remetidas diretamente aos cerca de três milhões de trabalhadores que estavam representados naquele congresso.

Composição da Nova Central – Após a ruptura dessa entidade, as entidades e movimentos que permaneceram propuseram ao plenário ratificar todas as votações que haviam ocorrido e definir uma direção provisória com 21 nomes para funcionar para encaminhar os próximos dois meses, quando haverá a primeira reunião da coordenação nacional. Neste período retomará a relação com as organizações que romperam para chamá-las a repensar a atitude e recompor a unidade desse movimento. As duas propostas foram aprovadas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Futebol

Copa do mundo: olhos voltados para a África do Sul

A Copa da África do Sul começa no dia 11 de junho. Dessa vez todos torcem para ver um grande espetáculo. Todos querem algo bem diferente do que foi a aborrecida Copa de 2006, incluindo aí o desastre de Carlos Alberto Parreira e de sua seleção. A expectativa é ver a arte fluir dos pés de craques como Kaká, Eto'o, Messi e Cristiano Ronaldo.

A grande novidade

Dessa vez, porém, a grande novidade é que o maior evento do futebol mundial acontecerá o na África do Sul. Será a primeira Copa realizada no continente negro.

De forma hipócrita, muitos representantes do capital, disseram que a Copa será uma “oportunidade para mudar a imagem da África”. Contudo, bem longe de oferecer uma “oportunidade” para os povos do continente, particularmente para os trabalhadores da África do Sul, a Copa será bastante oportuna para um punhado de capitalistas faturarem alto. Uma prova disso, é que dois dias antes, a Fifa pretende encabeçar um encontro da cúpula dos dirigentes e patrocinadores para debater a transformação do futebol em um negócio globalizado e bilionário.

Mas a realização da primeira Copa na África tem produzido uma enorme expectativa em torno do evento. Inclusive, e principalmente, por parte da maioria do sofrido povo sul-africano, os negros, que assim como grande parte dos brasileiros, é apaixonada pelo esporte. Para 88% da população sul-africana, a realização da Copa na África do Sul é motivo de orgulho. Isso tem todo um significado. Afinal, esse país tem uma bela história de luta contra o regime racista do Apartheid.

Se por um lado a luta do povo sul-africano sepultou esse odioso regime, por outro, isso não significou uma melhoria das condições de vida da maioria da população negra do país. Hoje não existe mais um regime que separava formalmente negros e brancos. Mas há no país um novo tipo de “apartheid social” que manteve a maioria negra do país na mais absoluta miséria, enquanto poucos enriqueceram no poder.

Nestes últimos 20 anos, todos os governos do CNA (Congresso Nacional Africano), inclusive o de Mandela, não fizeram outra coisa senão aplicar de forma rigorosa e obediente as políticas neoliberais recomendadas pelo FMI. O resultado é uma profunda crise social vivida no país. O desemprego atinge 40% da população da África do Sul – 28% segundo os dados oficiais. A desigualdade social também aumentou e a expectativa de vida caiu, puxada para baixo pela maior epidemia de Aids do mundo e pela explosão da violência urbana.

Uma prova dessa profunda divisão social aconteceu nos preparativos para a Copa. Milhares de trabalhadores pobres foram expulsos de seus bairros para dar lugar à construção de estádios enormes e luxuosos. Muitos destes moradores foram transferidos para lugares extremamente precários, como a “Blikkiesdorp”, que quer dizer cidade de lata. Neste vilarejo as casas são feitas de zinco e cada família tem apenas 18 metros quadrados para morar.

Por outro lado, a construção dos estádios para a Copa só foi possível devido a uma intensa superexploração dos trabalhadores. Segundo o sindicato, os operários que trabalham na construção dos estádios para a Copa recebiam menos de 4,50 rands (R$ 1,10) por hora. Essa situação levou os trabalhadores a realizarem diversas paralisações e uma greve no ano passado. Cerca de 70 mil trabalhadores aderiram à greve e colocaram a realização da Copa em xeque.

Como aqui no Brasil, muitos africanos irão ficar vidrados em cada lance emocionante dessa Copa. No entanto, a realização do evento na África do Sul provoca uma “trégua social” no país. Passado a Copa, porém, a dolorosa realidade continuará batendo à porta de milhões de negros e negras todos os dias.

Negócio bilionário

Para além do talento dos craques no gramado, há muito tempo o futebol se tornou um negócio extremamente lucrativo. O que se passa com o futebol tem a ver com o que ocorre em outros setores da vida social dominados pelo capitalismo, que se apropria de toda criatividade humana para preservar a exploração.

O dinheiro movimentado pelo esporte representa, segundo a FIFA, 1% do PIB mundial. Já a Comissão Europeia estima que o futebol movimente 2% do PIB do continente, o que o transforma em um dos maiores setores da economia. Em 2006, os níveis anuais de renda eram três vezes o volume registrado em 1996. Fala-se hoje até da existência de uma “folha financeira do futebol”.
Em países imperialistas, como a Inglaterra, há clubes que tem uma renda anual superior à de países inteiros, como é o caso do Manchester United. O clube britânico movimenta por ano 1,4 bilhões de dólares, um valor que chega bem perto ao PIB de muitos países africanos, como Libéria, Cabo Verde ou Gâmbia.

Mudando a imagem

A Copa do Mundo é uma grande oportunidade para que grandes empresas possam mudar sua imagem perante os trabalhadores. A Volkswagen, por exemplo, uma das patrocinadoras da seleção brasileira, poderá usar a marca da CBF em sua comunicação, além de desenvolver atividades promocionais e figurar a marca em outdoor.

Nas fábricas da montadora isso já está sendo feito. Junto com as Comissões de Fábrica, a Volks está vendendo camisetas com o logo da empresa e da seleção, com o argumento de que “está ajudando” crianças carentes da África do Sul. Difícil é acreditar no suposto altruísmo de uma empresa que superexplora seus trabalhadores e persegue dirigentes sindicais.

Fonte: jornal Opinião Socialista

Conclat

Nova central é fundada, mas Intersindical rompe com o congresso

Setor minoritário abandona o Conclat, com o argumento da discussão sobre o nome da nova entidade

Milhares e milhares de ativistas sindicais se reuniram para eleger cerca de três mil delegados que se deslocaram de todo o país para Santos, com a proposta de fundar uma nova central. Existia um amplo acordo de formar uma central que fosse uma alternativa às centrais governistas, e com uma plataforma de ação para as lutas imediatas dos trabalhadores. Também houve acordo entre todas as forças convocantes do congresso de que as diferenças que existissem deveriam ser resolvidas pela base, no próprio congresso.

No entanto, depois de perderem a votação da última diferença, sobre o nome da entidade, a Intersindical, a Unidos para Lutar (CST), e o Movimento Avançando Sindical (MAS) romperam com o congresso, desrespeitando não só os outros delegados, mas também as regras sob as quais foi convocado o congresso.

Esses setores não aceitaram a proposta vitoriosa de nome: Conlutas-Intersindical. Central Sindical e Popular (CSP). Terão que explicar em suas bases porque romperam com um congresso em função de algo como o nome da entidade.

Essa discussão tinha como pano de fundo uma negação por parte da Intersindical de que houvesse qualquer menção da Conlutas no nome da nova entidade. Queriam, assim, negar a rica contribuição dada nestes seis anos que a Conlutas existiu, como nas grandes mobilizações do funcionalismo contra a reforma da Previdência, nas duas grandes marchas a Brasília, na luta contra as demissões da Embraer, e em inúmeras greves pelo país.

Eles argumentam contra o “hegemonismo”. Que hegemonismo é esse, se o nome proposto era “Conlutas-Intersindical”? Na verdade, o que se queria era impor, de qualquer forma, a exclusão de qualquer menção à Conlutas na nova central.

Estava em discussão, porém, mais que um nome. Estava em questão a metodologia da democracia operária. A Intersindical queria impor um critério do tipo “ou aceitam o que eu quero, mesmo sendo minoria, ou eu rompo”. Ou seja, não pode existir uma participação das bases em decisões, prevalecendo apenas o consenso entre as correntes políticas.

Se a nova central já nascesse com essa característica, nasceria morta. Amanhã viria o mesmo método em todas as questões políticas e se imporia a paralisia e o burocratismo. Por este motivo, o Conclat foi convocado de comum acordo, com outro critério, de que as diferenças seriam resolvidas através de votações dos delegados, ou seja, pela democracia operária. Foi com essa democracia que a Intersindical rompeu.

Uma nova central

O congresso, ao constatar a ruptura, resolveu manter todas as votações, definir uma direção provisória e chamar as correntes que romperam a repensarem sua atitude e recompor a unidade.

A nova central Conlutas-Intersindical-Central Sindical e Popular foi fundada. Mais fraca do que poderia ser, se não houvesse a ruptura. Os delegados do congresso elegeram uma direção provisória com 21 nomes para funcionar até a próxima reunião, daqui a dois meses. A nova entidade já vai se expressar na luta de classes contra o veto do governo Lula ao fim do fator previdenciário. Junto com isto, continuará a chamar a Intersindical a recompor a unidade.

Retomar a unidade

Os que permaneceram no congresso fizeram uma avaliação da crise aberta. Janira Rocha, do MTL, afirmou que desde o início o movimento vem lutando pela unidade, mediando os conflitos entre os diferentes setores e defendeu a retomada dos esforços pela unidade.

Guilherme Boulos, dirigente do MTST, criticou a postura da Intersindical. ”Nós votamos a favor do nome ‘Central Classista dos Trabalhadores’, pois não concordávamos com o nome que os companheiros da Conlutas propuseram, mas nem por isso deixamos de estar aqui”, afirmou, lembrando que a necessidade de organização da classe trabalhadora ”está acima dessas questões”. Ele fez críticas ao PSTU, mas terminou reafirmando que o MTST ”estará presente nessa nova central que estamos construindo” e que ”a partir do momento que terminar esse congresso devemos retomar todos os esforços para costurar novamente essa aproximação”.

José Maria de Almeida, o Zé Maria, afirmou em sua avaliação que “o caminho da construção da unidade não é uma luta fácil”. Sobre a polêmica, Zé Maria afirmou que o nome Conlutas não é de nenhuma força majoritária, mas um nome construído por milhares de trabalhadores por anos. Para o dirigente, a real polêmica envolvendo a retirada dos setores da Intersindical do congresso é o desrespeito à democracia operária. “Nenhuma força, seja ela minoritária ou majoritária, é dona de um nome ou de uma entidade. É sempre a base que deve decidir, e a base está aqui nesse congresso”, afirmou, sendo muito aplaudido.

Zé Maria lembrou o acordo realizado para os preparativos do congresso, de que qualquer polêmica que as direções dos setores não consigam resolver seria remetida à base. O sindicalista, porém, defendeu que sejam empreendidos todos os esforços para que esses setores retornem. ”Não é por nenhuma benevolência nossa, mas porque a nossa classe precisa”, disse, ressalvando, no entanto, que isso não pode se dar à custa da democracia operária.

Por fim, Zé Maria reafirmou a importância das resoluções do congresso e deixou claro que, já no dia imediatamente posterior ao congresso, a nova entidade estará nas ruas, atuando em defesa dos trabalhadores. ”Amanhã a Conlutas-Intersindical Central Sindical e Popular estará nas ruas e no próximo dia 14 estaremos no ato contra o veto de Lula ao fim do fator previdenciário”, afirmou.

sábado, 5 de junho de 2010

Direto de Santos (SP)

Unidade e solidariedade internacional dos trabalhadores marcam abertura do Conclat

A unidade e a solidariedade internacional da classe trabalhadora deram o tom da abertura do Congresso da Classe Trabalhadora na manhã desse dia 5 em Santos (SP). A composição da mesa já expressava o caráter amplo do evento, reunindo, além das entidades que convocavam oficialmente o congresso, como Conlutas, Intersindical, Pastoral Operária, MTL, MTST, também organizações convidadas como a Cobap, Consulta Popular e MST.

O maior destaque nesta abertura ficou por conta das delegações internacionais, que, juntas, totalizavam mais de uma centena de ativistas vindos de 26 países. Uma a uma, as delegações foram saudadas pelo plenário, sendo muito aplaudidas, principalmente os representantes do Haiti, cujo povo luta contra os efeitos do terremoto e a ocupação militar, além da Grécia que protagoniza hoje lutas massivas contra os planos de cortes impostos pelos governos e pelo FMI.

O representante grego, Sortiris Martelis, da Federação de Servidores Públicos da Grécia, um dos setores mais afetados pelos ataques dos últimos meses, relatou a luta dos trabalhadores daquele país, além de chamar a solidariedade à resistência palestina diante dos ataques covardes de Israel.

“Brasil, Colômbia, América Central, a classe operária é internacional!”, entoaram os cerca de 3 mil delegados que lotavam a plenária do Mendes Convention Center.

Delegações internacionais são homenageadas

Momento histórico

O tom dos discursos de abertura foi de unidade e muito entusiasmo diante do momento que pode se tornar histórico. Diante disso, muitos consensos. O de que, por exemplo, a nova entidade deve ser uma entidade combativa e independente, priorizando as lutas diretas.

Carlos Sebastião, o “Cacau”, representando a Conlutas, chamou a atenção para o significado histórico do momento. “Estão aqui companheiros que fizeram parte dos Conclats nos anos 80, mas também estão aqui muitos dos que estiveram em Luziânia em 2004, momento em que, infelizmente, não saiu a unificação”, lembrou, referindo-se ao encontro realizado na cidade Goiânia a fim de unificar os setores combativos ao redor de uma única alternativa. Dos setores que lá estiveram resultaram a Conlutas e a Intersindical. Por isso, Cacau chamou esse congresso de um “reencontro”.

Já o dirigente do MTST, Guilherme Boulos, destacou a importância de se consolidar a unidade do movimento sindical com os movimentos sociais e populares na luta contra o capital, e a responsabilidade dessa nova entidade nesse processo. “Temos que avançar, é sem-teto fazendo piquete com operário e operário ocupando terra junto com sem-teto”, disse, sendo muito aplaudido.

Responsabilidade, aliás, foi a palavra mais dita pelo histórico dirigente da Pastoral Operária, Waldemar Rossi. “Temos aqui a responsabilidade de dar um salto qualitativo no movimento sindical”, afirmou, explicando que a estrutura sindical majoritária, hoje, “também legitima a exploração capitalista”. Afirmou ainda que ”ficar no corporativismo é, historicamente, trair a classe trabalhadora”.

Polêmicas

Além dos discursos entusiasmados em defesa da unidade, a abertura do congresso expressou também as polêmicas que devem ser discutidas e resolvidas pelos delegados. Uma das principais se refere justamente ao nome da nova entidade. O Congresso da Conlutas aprovou a indicação do nome Conlutas-Intersindical, como forma de evidenciar o acúmulo dessas duas experiências que se consolidaram nos últimos anos.

Outro setor, porém, como a Intersindical, propõem um novo nome. “Não vamos aceitar que o nome dessa central se limite ao internismo das entidades”, disse Edson Carneiro, o Índio, da Intersindical. Já Cacau defendeu a proposta da Conlutas: “respeitamos os nossos símbolos, como também o da Intersindical, é um símbolo que nós também reivindicamos, é um patrimônio que não podemos abrir mão”.

Teses

Agora à tarde, acontem as apresentações das teses do Congresso.

Direto de Santos (SP)

Congresso da Conlutas aprova unificação com Intersindical

Numa decisão histórica, a grande maioria dos delegados aprovou, o chamado à unificação com a Intersindical e demais setores que estarão presentes no Congresso da Classe Trabalhadora, que acontece dias 5 e 6 no mesmo local. A votação foi uma das últimas na plenária final do Congresso da Conlutas, na noite desse 4 de junho.

“Essa unificação é fruto de dois anos de discussão na base; já estamos unidos nas lutas, agora temos também que forjar uma alternativa política ao sindicalismo chapa-branca da CUT e das outras centrais governistas”, discursou Geraldo Correa, o Geraldinho, da Secretaria Executiva Nacional da Conlutas. “Não estamos aqui fazendo uma unidade sem princípios, mas um ato histórico”, afirmou, sendo efusivamente aplaudido pelos delegados.

O plenário veio abaixo no momento da votação que aprovou a unificação, sob os gritos de “sou Conlutas, sou radical; não sou capacho do Governo Federal”.

Importância histórica na reorganização

Apesar de os delegados terem aprovado por ampla maioria a unificação da Conlutas e, portanto, o seu fim tal como existe hoje, poderia soar contraditório o balanço positivo aprovado pela maioria dos delegados. Tal resolução, porém, não só não se contrapõe a essa avaliação, como é o seu desdobramento. “Cada companheiro aqui deu o melhor de sua vida para a construção da Conlutas”, afirmou Zé Batista, operário da construção civil de Fortaleza (CE) e também da Secretaria Executiva Nacional da Conlutas.

Batista relembrou também os anos difíceis em que a Conlutas se consolidou. “Mais do que nunca temos que ter orgulho de termos construído a Conlutas, pois a construímos nos anos de governo de frente popular, contra vários que diziam que não daria certo, que éramos divisionistas”, disse, visivelmente emocionado. Além do governo, a Coordenação teve que enfrentar nesses anos as centrais que se uniram na prática ao redor do governo. Ele afirmou ainda, como parte do balanço, que desde seu início a Conlutas colcou como objetivo se unificar com outros setores a fim de constituir uma alternativa, superior, de luta aos trabalhadores do país.

“É hora de dar um passo à frente na unificação dos trabalhadores”, terminou Zé Batista, sob os aplausos do plenário.

Além da unificação, foi também aprovado o caráter sindical, popular e estudantil da nova entidade a ser fundada durante o Congresso da Classe Trabalhadora, assim como a proposta de formato da direção a ser levada ao congresso, inspirada na organização da direção da Conlutas. Ou seja, aberta, democrática e baseada nas reuniões bimestrais da uma coordenação composta por todas as entidades que façam parte desta nova organização.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Direto de Santos (SP)

Começou o 2º Congresso da Conlutas

O sentimento de unidade e solidariedade entre todos os trabalhadores deu o tom da abertura do Congresso

A noite de ontem (3) foi marcada por uma forte emoção para os milhares de trabalhadores e trabalhadoras, entre delegados, observadores e convidados, que deram início ao 2º Congresso da Conlutas, no Centro de Convenções de Santos – SP. Durante a abertura foram feitas várias saudações ao Congresso da Conlutas por parte de organizações parceiras nos enfrentamentos cotidianos da classe trabalhadora.

A mesa de abertura foi composta por entidades de trabalhadores, movimentos sociais e partidos de esquerda. Entre os participantes, estavam Intersindical, MTL (Movimento Terra e Liberdade), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), MAS, Pastoral Operária, Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), Anel, Batalha Operária (Haiti) e representações sindicais da Espanha e do Japão. Além disso, delegações de vários países do mundo, como a Grécia, compareceram ao congresso.


Muitas saudações lembraram, com orgulho, a história de luta da Conlutas, desde a sua fundação em 2004, e a importância do processo de unificação com a Intersindical e outros setores de esquerda. A representante do MTST, Helena, lembrou a luta contra a criminalização dos movimentos sociais e o papel fundamental que cumpriu a Conlutas. “Desde que a Conlutas existe, nós estamos lutando menos sozinhos. Isso mostra que juntos a gente fica mais forte para disputar o futuro.”, disse.

Plenário do Congresso

A recente luta dos aposentados, que culminou com a aprovação pelo Congresso Nacional do fim do fator previdenciário e do reajuste de 7,7% nas aposentadorias, também esteve representada pela Cobap. “Nossa luta fez o governo engolir o fator previdenciário. Se Lula quiser vetar o fim do fator, que vete. Mas nós vamos para as ruas denunciar a verdadeira face do governo Lula.”, afirmou Josias, presidente da Cobap.

Os estudantes também fizeram sua saudação ao 2º Congresso da Conlutas. “Representamos o movimento estudantil que é herdeiro do Fora Collor e das ocupações de Reitorias nas universidades. E estamos juntos desde o início dessa batalha da Conlutas.”, lembrou Camila Lisboa, da Anel.

Entre os momentos de maior emoção e que demonstraram a unidade internacional dos trabalhadores, vão ficar na memória as saudações de entidades sindicais do Haiti, Japão e Espanha. Didier Dominique, do Batalha Operária (Haiti), lembrou com revolta o papel das tropas brasileiras que reprimem o povo haitiano e pioram as consequências do terremoto. “Estamos em guerra com os opressores. Nossa luta é pra mandar toda essa gente sanguinária para o inferno.”, falou o haitiano.

O haitiano Didier Dominique fala ao plenário do Congresso

Por fim, a saudação da representação espanhola fez levantar os trabalhadores e trabalhadoras do plenário, lembrando a necessidade de lutar incansavelmente pelos interesses da classe trabalhadora diante do retorno da crise econômica. “Povos da Europa, povos da América Latina, povos de todo o mundo. Levantemo-nos para lutar!”.

Todos defenderam, no momento da fusão com a Intersindical, a continuidade do projeto socialista e de solidariedade internacional entre trabalhadores que sempre foi uma característica da Conlutas.

Segundo dia

Hoje (4) pela manhã tiveram início os trabalhos do Congresso, com a aprovação do regimento e a defesa das resoluções, propostas de entidades e grupos políticos. Agora à tarde, os delegados debatem em grupos as propostas sobre a unificação com a Intersindical, que serão levadas à plenária final logo mais à noite.