terça-feira, 31 de maio de 2011

Rede Estadual de Educação

Assembleia decide continuar a greve por unanimidade

A greve da Rede Estadual de Educação continua. A decisão foi tomada em assembleia realizada hoje (31) pela manhã. A avaliação dos presentes é que a greve está forte e precisa ser intensificada, com a presença da categoria nas atividades organizadas pelo Sindicato.

Fonte: Sinte/RN

Deu na Imprensa

"A escola virou um depósito de crianças"

Professora do Rio Grande do Norte ganha fama ao enfrentar deputados e expor a situação precária da educação no País

Claudia Jordão

Oito minutos. Foi o tempo necessário para a professora potiguar Amanda Gurgel roubar a cena, dias atrás, numa audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Com apenas 1,57 m de altura, mas postura de gigante, ela proferiu um discurso no qual dizia, com ideias bem amarradas e rara transparência, receber salário de R$ 930 por mês (“menos do que os deputados gastam em suas indumentárias”), que os professores vivem uma crise de identidade e estão doentes. A condição indigna dos docentes não é novidade, mas o vídeo com a sincera fala de Amanda correu o País com intensidade impressionante e colocou em foco esse profissional, sobre quem está depositado o futuro do Brasil. Duas semanas depois de o vídeo do discurso ser postado na rede, havia sido visto quase 1,6 milhão de vezes.

Amanda, 28 anos, começou a dar aula aos 21. Há três, foi diagnosticada com depressão, afastou-se da escola e retornou em funções fora da sala de aula. Hoje, dá expediente na biblioteca de um colégio estadual e no laboratório de informática de um municipal. Além dos R$ 930, seu salário do município, recebe R$ 1.217 pelo Estado. Amanda decidiu lecionar ainda adolescente, mesmo sabendo que a remuneração era baixa. “Só entendi de fato o que isso significava quando tive de me sustentar e comprar meu primeiro quilo de feijão”, conta. Órfã de pais desde menina, ela nasceu em Natal e foi criada pelos tios. Estudou em escolas públicas e privadas, no interior do Estado. Solteira, sem filhos, tem uma rotina puxada. Mora sozinha numa quitinete, acorda às 5 horas, pega três ônibus para ir trabalhar e volta para casa somente às 22 horas.

ISTOÉ – O que mudou na sua vida desde a divulgação do vídeo?
Amanda Gurgel – Minha rotina está temporariamente alterada. A repercussão do vídeo gerou um assédio nacional e esse é um momento que eu quero divulgar os problemas da educação no País e ser uma porta-voz de meus colegas. Então, estou me doando.

ISTOÉ – Pensa em se candidatar a algum cargo público?
Amanda – Olha, não me vejo agora fazendo outra coisa. Sei que o meu lugar é na classe trabalhadora, no chão, na escola, junto com os meus colegas. Sou filiada ao PSTU desde o ano passado, mas sempre fui militante, primeiro no movimento estudantil, depois pela causa da educação. Mas, nunca pensei em me candidatar a nada. É uma discussão futura.

ISTOÉ – Como gasta seu salário?
Amanda – Não tenho luxo, só gasto com o essencial, como alimentação, moradia, vestimentas e plano de saúde. Quase não tenho acesso a lazer. A última vez que fui ao cinema foi em 2010.

ISTOÉ – Por que se afastou da sala de aula?
Amanda – Houve um tempo em que eu trabalhava em três horários, estava na rede privada, acabei assumindo o município e tinha uma média de 600/700 alunos. Comecei a dar aula em 2002, tinha 21 anos, estava eufórica, topando tudo. O ápice do problema de saúde foi de 2007 para 2008, quando percebi que estava estafada. Estava em sala de aula com alunos pouquíssimos proficientes. Alunos de sexto ano que não sabiam ler palavras básicas como bola, pato, entendeu? Comecei a me desesperar diante da realidade, não sou alfabetizadora. O que vou fazer se nada do que estou preparada para oferecer eles estão preparados para receber? Sou professora de língua portuguesa e literatura portuguesa e brasileira de alunos dos ensinos fundamental II e médio.

ISTOÉ – Por que as crianças não aprendem?
Amanda – O aluno de 6 anos está em uma sala de aula superlotada e não há condição de alfabetizar ninguém dessa forma. Fala-se muito em democratização do ensino básico, mas se cada etapa do processo de aprendizado não é trabalhada de forma adequada, não há democracia. A escola virou um depósito de crianças, que é o que os políticos querem. Eles querem ter um lugar para deixar a criança enquanto os pais vão trabalhar e nada mais.

ISTOÉ – Foi o início da sua crise?
Amanda – Foi. Fiquei um tempo de licença e voltei em adaptação de função. Minha última aula como professora de português foi em 2008.

ISTOÉ – Quais funções você desempenha em cada escola?
Amanda – A resposta revela um sério problema de infraestrutura. Na escola do Estado, onde trabalho de manhã, estou na biblioteca. Na escola do município, passei por diversas funções. Passei pela coordenação e pela biblioteca e agora estou no laboratório de informática. Apesar de os computadores terem chegado há cinco anos na escola, só agora eles começaram a funcionar.

ISTOÉ – Por quê?
Amanda – Por várias questões. Primeiro, a instalação das máquinas foi muito demorada. Para isso, é necessário um técnico da secretaria porque a escola perde completamente a garantia daquelas máquinas se acontecer qualquer coisa errada. Depois de instaladas, foi um longo processo para a chegada de um técnico para fazer funcionar a internet e outro extenso período para a instalação do ar-condicionado na sala. Foram cinco anos que nós passamos com os computadores na caixa e com aquela sala fechada, apesar de toda a carência que se tem de espaço.

ISTOÉ – Qual o principal problema da educação no País?
Amanda – Se for para eleger um apenas, eu diria a falta de investimento. Como pode um País que deveria investir 5% do seu PIB em educação e investe 3%, paga esse salário irrisório aos professores e deixa a estrutura da escola chegar a um estágio de precarização que precisa ser interditada, como aconteceu numa escola no interior do Rio Grande do Norte, na cidade de Ceará Mirim?

ISTOÉ – Por que foi interditada?
Amanda – O corpo de bombeiros interditou a escola porque nada mais funcionava lá. O teto estava para desabar, a instalação elétrica estava precária, oferecendo risco à integridade física dos alunos e dos professores. Todos esses problemas estão relacionados à falta de investimento. Com um salário digno, o professor poderia ficar na escola, preparando as aulas, conhecendo os alunos, poderia evitar casos como o do atirador Wellington de Menezes. Como um professor vai ser capaz de observar algo se ele tem 600 alunos e não é capaz de, quando chega em casa, visualizar quem são todos? Não temos como mudar essa realidade se não tivermos um investimento imediato. Não estou falando de daqui a dez anos. Há a necessidade de se investir 10% do PIB do País em educação.

ISTOÉ – A que você credita a sua educação?
Amanda – É uma junção de coisas. Desde muito novinha, sempre fui metida. Comecei a ser alfabetizada e já corrigia as pessoas. Também acho que o funcionamento das escolas no interior é bem diferente do da capital. Nas cidades pequenas, onde estudei, funciona melhor. O fato de o professor ter acesso direto aos pais dos alunos coloca a criança e o adolescente na situação de “eu não posso sair da linha, senão o professor vai falar para a minha mãe”. Então, há mais disciplina. Minha educação de base foi de fato muito boa.

ISTOÉ – Se algum aluno disser a você que quer ser professor o que diria?
Amanda – Depende do dia. Acho que fiz certo, mas tenho meus momentos. Já cheguei a dizer ‘não quero mais’, mas em outros momentos, como hoje, estou me sentindo cheia de energia para estar na sala de aula e trabalhar com o aluno. Quando a gente é adolescente, tem uma estrutura familiar por trás. Sempre soube que professor ganhava mal, mas só entendi de fato o que isso significava quando tive de me sustentar e comprar meu primeiro quilo de feijão.

Fonte: Revista IstoÉ

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Greve da Educação

Professores ocupam sede do governo da Paraíba

Protesto exige o fim do corte de dias parados e o atendimento às reivindicações da greve

Em greve desde o dia 2 de maio, os professores do estado da Paraíba foram surpreendidos na sexta-feira com o desconto dos dias parados. Cerca de 20% dos professores, ao conferirem seus contracheques pela internet, se depararam com o desconto de até R$ 700, referente aos dias de greve. “Além de ser uma medida arbitrária, de um governo que tem se mostrado intransigente com a greve, o corte do ponto ainda foi completamente aleatório. Há professores que não estão na greve e tiveram o salário descontado”, conta Lissandro Saraiva, o “Tanque”, militante da CSP-Conlutas em João Pessoa.

Diante do corte, a reação foi imediata. Logo após a assembleia desta segunda-feira, 30, cerca de mil professores saíram em passeata e ocuparam o Palácio da Redenção, em busca do governador Ricardo Coutinho (PSB). “Aqui dentro do prédio deve ter umas 600 pessoas participando na ocupação. O governador não quer nos receber e avisou que não vai voltar atrás no desconto”, conta Lissandro. “Mas a revolta é grande e não sei quando sairemos daqui”, avisa.

Aritmética perversa
A greve na Paraíba começou exigindo um reajuste de salário, e o cumprimento da lei que estabelece o piso nacional da categoria. A Paraíba não cumpre sequer o piso sugerido pelo Ministério da Educação, em torno de R$ 1.187. “O governador disse que, no futuro, quando ‘colocasse as contas do estado em dia’, ele iria cumprir a lei”, conta Lissandro. Diante da pressão dos professores, o governo buscou manobras, como a criação de uma bolsa de desempenho, no valor de R$ 230.

O outro “jeitinho” encontrado pelo governo foi a incorporação da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) ao salário. “Essa foi uma grande manobra. Com a incorporação, o estado alcança o piso nacional. Mas, na prática, o salário é o mesmo, não tem aumento real!”, denuncia Lissandro.

A proposta apresentada pelo governo já havia sido derrotada na assembleia anterior, no dia 20, quando inclusive os professores passaram por cima da orientação do sindicato, da CUT, de acabar com a greve. A maioria votou pela continuidade do movimento, que atinge cerca de 75% da categoria.

Os professores da Paraíba buscam ainda uma visita de Amanda Gurgel, professora do Rio Grande do Norte, cujo desabafo foi visto por mais de 1,5 milhão de pessoas no Youtube. “O discurso dela repercutiu muito aqui, até porque a situação é muito parecida. A Paraíba é um dos estados mais pobres do país”, conta Lissandro. “Antes da greve, um professor de nível médio recebia R$ 672 para trabalhar 30 horas”, denuncia.

Em luta

É HORA DE COMEÇAR A LUTAR! VEM AÍ A CAMPANHA SALARIAL 2011!

Uma onda de greves se espalha pelo Rio Grande do Norte. Acompanhando os trabalhadores estaduais da educação (em greve há mais de um mês), estão médicos, policiais civis, servidores do Detran e demais setores da administração indireta. Ao todo, são mais de dez categorias em greve. Todas em luta contra o governo de Rosalba Ciarlini (DEM), que insiste em não atender às reivindicações das categorias, arrochar os salários e não pagar os direitos. Inclusive, esse grande movimento grevista que existe no RN já está se estendendo pelo Brasil, como em Santa Catarina, Fortaleza, Paraíba, Rio de Janeiro e Amapá, onde professores também entraram em greve. Na internet e nas ruas, o Rio Grande do Norte se transformou em “Rio Greve do Norte”.

Essas lutas devem servir de exemplo para nós, trabalhadores da educação de Ceará-Mirim. É preciso trilhar o mesmo caminho dos servidores estaduais e sair às ruas para cobrar reajuste digno em nossos salários e direitos. Devemos seguir também o exemplo da professora Amanda Gurgel, que abriu um debate nacional sobre o caos que vive a educação pública e está divulgando a campanha pela aplicação de 10% do PIB para a educação já! Aqui na cidade, o prefeito Antônio Peixoto tem de sentir o peso de nossas mobilizações em todas as escolas até que atenda às exigências que fazemos.

Na última audiência, a Prefeitura apresentou uma proposta de reajuste dos salários. Por isso, o Sinte/RN de Ceará-Mirim convoca toda a categoria para discutir o tema e iniciar nossa campanha salarial 2011. A assembleia será no dia 2 de junho, quinta-feira, às 8 horas na Escola Ubaldo Bezerra. Venha e participe! Faça parte dessa luta!

Atenção Trabalhadores!

Atenção Trabalhadores!

CNTE ESCLARECE FALSA PARADA NO DIA 31 DE MAIO

A despeito das notícias divulgadas na internet, com uso de imagens e palavras de ordem do cartaz utilizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação para paralisação realizada no dia 11 de maio, a CNTE comunica que NÃO ESTÁ CONVOCANDO novamente a categoria para paralisação nacional no próximo dia 31 de maio.

Trata-se de uma iniciativa de pessoas que PIRATEARAM o material da CNTE. Seus autores se apropriaram do conteúdo do cartaz, ao tempo que informam se tratar de um movimento sem lideranças.

Com o uso indevido da nossa arte, se valem da forte representatividade da Confederação junto ao movimento sindical, tentando confundir os/as trabalhadores/as em educação brasileiros/as.

A CNTE entende que é legítimo organizar mobilizações em defesa da educação e das suas reivindicações mais urgentes, como a implementação do Piso Salarial Nacional em todos os estados e municípios brasileiros.

O que não é possível é a pirataria anti-ética, irresponsável e despolitizadora que em nada contribui para fazer avançar a luta por uma escola pública de qualidade e socialmente referenciada que tanto desejamos.

Fonte: CNTE

domingo, 29 de maio de 2011

Greve da Rede Estadual

PASSEATA COM AMANDA GURGEL REÚNE PROFESSORES E ESTUDANTES EM NATAL

Cerca de mil pessoas, entre professores e estudantes, coloriram de vermelho uma das mais movimentadas avenidas de Natal no último dia 26. Com o apoio dos alunos das escolas e de caravanas vindas do interior, os servidores da educação do Rio Grande do Norte, em greve há um mês, realizaram uma passeata partindo do ginásio Machadinho em direção ao prédio da Governadoria do Estado, no Centro Administrativo. O objetivo do protesto foi forçar a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) a negociar com a categoria e a atender as reivindicações de professores e funcionários. A manifestação também contou com a importante presença da professora e servidora estadual, Amanda Gurgel, reconhecida nacionalmente por sua luta em defesa da educação pública após denunciar as péssimas condições de trabalho diante de deputados.

Durante a passeata, vários servidores da educação procuravam a professora Amanda Gurgel para expressar seu apoio e carinho. Entre uma foto e outra ao lado de Amanda, os trabalhadores mostravam sua solidariedade e cumprimentavam a professora pela coragem em denunciar o caos que vive a
educação pública no Estado e no Brasil. “As minhas palavras só ganharam essa repercussão porque refletem o sentimento de todos esses profissionais que estão em greve. Vamos agora unir forças em outros estados para que as greves se tornem cada vez mais uma força nacional de reivindicação. A educação tem que ser tratada como prioridade.”, disse Amanda.

Reprovação do governo já atinge 44,15%
No mesmo dia da manifestação, o instituto Consult divulgou uma pesquisa de popularidade na qual a governadora Rosalba Ciarlini aparecia com 44,15% de reprovação apenas
nestes cinco primeiros meses de administração. Toda essa rejeição também se expressou nas críticas feitas por servidores e estudantes contra o governo durante a passeata. “Essa Rosa só trouxe muitos espinhos”, dizia um cartaz em referência ao nome da governadora. Outro criticava a falta de negociação: “Mais 120 dias para negociar não dá. Respeito já!”.

Já em frente ao prédio da Governadoria, servidores da educação e estudantes reafirmavam a pauta de reivindicações e exigiam ser recebidos pela governadora. Cantando palavras de ordem, eles denunciaram a omissão do governo e cobraram 30% de reajuste salarial para os professores. “Rosalba tirou zero! Respeite o magistério!”, cantavam.


Além do reajuste de 30%, os educadores reivindicam a implantação do Plano de Carreira dos funcionários, a revisão do Plano dos professores e melhor estrutura nas escolas. Atualmente, 93% dos 14 mil servidores da educação do Rio Grande do Norte estão em greve. Ao todo, são 736 escolas paralisadas. Outras dez categorias também estão em greve e reforçam o quadro de lutas por direitos no Estado. Além dos professores e policiais civis, trabalhadores de vários setores da administração indireta cruzaram os braços. Na internet e na imprensa, o Rio Grande do Norte se transformou em “Rio Greve do Norte”.


10% do PIB para a Educação Já!
Discursando para cerca de mil pessoas, a professora Amanda Gurgel voltou a defender a aplicação imediata de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação e convocou mais uma manifestação pelo twitter em defesa da proposta. “No próximo dia 31, todo mundo que se importa com a educação dos nossos jovens deve enviar mensagens com a h
ashtag #dezporcentodopibja, para que alcancemos mais uma vez o topo do twitter. A partir disso, podemos construir atos nacionais apontando para uma possível greve no país.”, afirmou Amanda.

Os estudantes também defenderam a aplicação de 10% do PIB na educação e expressaram sua solidariedade à greve da educação em cartazes exibidos durante a passeata. “Nós, alunos, acreditamos nas reivindicações dos professores.”, dizia um deles, mostrando que os verdadeiros culpados pelo caos na educação são outros.

Amanda Gurgel ainda denunciou o governo do Estado por seu descaso
e desprezo com a educação. “Não existe possibilidade de volta às aulas enquanto não houver proposta do governo. O governo demonstra que não tem mais nem descaso com a educação. Nesse caso, a situação já evoluiu para desprezo. A nossa luta é pela qualidade da educação e não para que a escola funcione como depósito de crianças como a secretária Betânia Ramalho (educação) pensa. Para ela, nós temos que estar em sala de aula para garantir que os pais saiam para trabalhar. Mas a nossa idéia sobre educação é outra.”, destacou a professora.

No dia seguinte à manifestação, o chefe do gabinete civil do governo, Paulo de Tarso, recebeu o sindicato da categoria, mas a resposta foi a mesma: o Estado não tem dinheiro para pagar o reajuste.

Governo sem dinheiro? A arrecadação diz o contrário
Até abril desse ano, o governo do Rio Grande do Norte arrecadou R$ 2,39 bilhões, o que representa um aumento de quase 10% se comparado ao mesmo período do ano anterior, quando os valores tinham atingido R$ 2,19 bilhões. Segundo o Portal da Transparência, até agora o tesouro captou R$ 2,72 bilhões. Os cofres do
Estado receberam R$ 1,12 bilhões nestes quatro primeiros meses só em impostos. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é quase a totalidade do valor, correspondendo a R$ 971 milhões até o momento. Para se ter uma idéia do aumento da arrecadação, a folha de pagamentos do Executivo do mês de maio é prevista em R$ 230 milhões, menor do que o arrecadado em ICMS, que fechou em R$ 246 milhões, a seis dias do fim do mês.

Em entrevista ao Jornal de Hoje, o defensor público Serjano Vale questionou a falta de recursos do Estado para atender às reivindicações dos servidores em greve. “A arrecadação do Estado para esse ano teve um excelente aumento, o governo reduziu os gastos com o erário e o Fundo de Participação do Estado (FPE) não teve queda. O custo operacional do Estado teve uma redução percentual bastante significativa. Então, se a receita do ano anterior era menor e conseguia cobrir as despesas fixas com a manutenção dos serviços, como este ano, que o orçamento teve acréscimo e as despesas diminuíram não consegue?”, indagou. E criticando os gastos com a realização da Copa de Mundo completou: “O Estado diz que não tem condições para arcar com os reajustes dos planos, mas tem coragem de celebrar um contrato de R$ 400 milhões para assumir o compromisso de trazer uma Copa do Mundo para Natal.”.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Greve da Rede Estadual

PROFESSORA AMANDA GURGEL PARTICIPA DE PROTESTO DE PROFESSORES EM NATAL

A professora Amanda Gurgel participou de caminhada em Natal/RN, no dia 26, com os educadores e alunos, exigindo que o governo do estado atenda às reivindicações da categoria. No microfone, ela convida todos a participarem de um novo tuitaço, pelos 10% do PIB para a Educação. Hoje apenas cerca de 5% são investidos. Ela defende todo tipo de protesto, rumo a um dia nacional de luta da educação.

O ato também reuniu outros trabalhadores em luta do estado, como os rodoviários. A professora ficou conhecida pelo vídeo onde silencia os deputados e revela como é a vida dos professores.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Denúncia

VEREADORES DE EXTREMOZ CONVOCAM PREFEITO PARA EXPLICAR IRREGULARIDADES NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA MERENDA ESCOLAR

Quatro vereadores do município de Extremoz estão convocando uma audiência pública para que o prefeito Klauss Rego (PMDB) explique irregularidades encontradas na Prestação de Contas da Merenda Escolar de 2010. A audiência está marcada para as 9 horas desta quinta-feira (26), na Câmara Municipal. Ao receber da Prefeitura a prestação de contas, o Conselho Municipal de Educação se negou a referendar o documento por haver diversas anomalias.

Na prestação, consta que o município comprou para a merenda escolar do ano passado 500 kg de charque (ponta de agulha), no valor de R$ 5 mil, biscoito recheado e peixe. Entretanto, o Conselho Municipal de Educação e a Promotoria de Extremoz visitaram as escolas e comprovaram que nenhum dos itens citados chegou até as unidades de ensino em 2010. As informações foram comprovadas pelo Núcleo do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Extremoz (Sinte/RN).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Entrevista

Amanda Gurgel: “É necessário transformar nossa angústia em ação”

Em entrevista ao Portal, a professora e militante do PSTU, Amanda Gurgel, que calou deputados no Rio Grande do Norte em discurso durante audiência pública, falou sobre a repercussão nacional de seu vídeo e o cenário caótico da educação no estado e no Brasil.

Portal - O vídeo em que você denuncia a situação precária da educação pública já superou 1 milhão de visualizações no YouTube e chegou à lista brasileira dos Trending Topics, no Twitter. Como você vê toda essa repercussão?

Amanda Gurgel - Em primeiro lugar, é importante falar sobre a minha surpresa diante de tamanha repercussão daquelas palavras que não são só minhas, mas de toda uma categoria, não só aqui no Rio Grande do Norte, mas em todo o Brasil, como se comprova nos diversos comentários postados sobre o vídeo. Também não imaginei que as pessoas que não vivem o nosso cotidiano não conhecessem à rotina de um professor e do funcionamento de uma escola pública. Então, diante de informações tão reais, acredito que a repercussão do vídeo se deve ao fato de minha fala ter sido dirigida à Secretária de Educação, Betânia Ramalho, à promotora da educação e aos deputados, figuras que ocupam postos elevados na sociedade, a quem as pessoas geralmente não costumam se reportar, tanto por não terem oportunidade quanto por se sentirem coagidas, ou por se sentirem inferiores. Enfim, talvez pela combinação desses dois fatores: tanto pela expressão de um sentimento contido, comum a todos nós, quanto pela atitude diante de deputados.

Portal - O vídeo foi gravado durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Qual era a razão da audiência? Qual o objetivo daquele debate?

Amanda Gurgel -
Era uma audiência pública com o tema “O cenário da educação no RN”. O objetivo era debater as questões da educação no estado, apontando alternativas para os seus problemas. A princípio, não se pretendia discutir a greve dos professores e funcionários, mas diante da nossa presença essa intenção foi rechaçada.


Portal –
Como você avalia a situação da educação pública hoje no Rio Grande do Norte e no Brasil?


Amanda Gurgel -
Não existe uma palavra que melhor defina a educação aqui no estado e no Brasil do que caos. Um caos generalizado que começa na nossa formação e vai desde a estrutura precária das escolas, passando pelo caráter burocrático que ganharam as funções de coordenação pedagógica e direção, a superlotação das salas de aula, a demanda não suprida de professores chegando, finalmente, à remuneração do trabalhador que constitui a representação material do valor que é dado a nossa profissão. Mas, obviamente, todo esse caos não acontece por acaso. Há uma clara intenção da burguesia em manter a classe trabalhadora excluída dos processos que propiciem o desenvolvimento intelectual. Com isso, ela alcança dois objetivos: garante que os trabalhadores não atinjam altos níveis de cultura e pensamento crítico, conseguindo, no máximo, serem alfabetizados e aprenderem um ofício; dividir a classe trabalhadora, colocando-a em lados aparentemente opostos, como é o caso, muitas vezes, da relação entre professores e alunos ou as suas mães e os seus pais. É comum as pessoas acreditarem que greves prejudicam os alunos, quando é justamente o contrário: somente nas greves temos a oportunidade de abrir para a sociedade, os problemas que nós nos acostumamos a administrar no nosso cotidiano e que nos impedem de realizar o nosso trabalho. Somente nas greves podemos obter conquistas para a educação, pois, ainda que muitos já tenham sido envolvidos pelo discurso de que há outros mecanismos de luta que não a mobilização das massas, não é possível encontrar um caso em que nossos direitos tenham sido conquistados de outra forma. Os discursos de aparente conciliação servem apenas para mascarar ainda mais o fato de que a educação nunca foi prioridade para nenhum governo. Se não fosse assim, Dilma não teria cortado R$ 3 bilhões da educação nos primeiros dias do seu governo. Então, é necessário, em cada lugar do Brasil, transformar nossa angústia em ação. Não podemos baixar as cabeças atendendo às expectativas da burguesia. Precisamos mostrar a nossa consciência de classe e a nossa capacidade de organização.


Portal –
A greve da educação no Rio Grande do Norte já atingiu mais de 90% das escolas, chegando até a 100% em regiões do interior. Na sua opinião, quais são as perspectivas da paralisação?


Amanda Gurgel -
Já contamos pouco mais de vinte dias de greve e a governadora Rosalba Ciarlini ainda não acenou com nenhuma proposta, tampouco uma que contemplasse as nossas reivindicações. Diante disso, a categoria tem reagido da melhor forma possível: lutando. A cada assembleia, recebemos informes de adesão das cidades do interior. Certamente, Rosalba e Betânia (secretária de educação) preparam alguma retaliação, mas estão enganadas se pensam que estamos para brincadeira. Não retornaremos às escolas sem o cumprimento do Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos funcionários, a revisão do Plano dos professores, a aplicação da tabela salarial dos servidores e o pagamento de direitos atrasados. A arrecadação do Estado aumentou consideravelmente. Segundo o Dieese, só no primeiro trimestre desse ano, foram R$ 776 milhões de ICMS, o que representa R$ 110 milhões a mais do que no mesmo período do ano anterior. Além disso, de janeiro a abril, o Estado recebeu R$ 214 milhões de FUNDEB, cerca de 54 milhões a mais do que no ano anterior. Portanto, o momento não é para choradeira. O momento é para apresentação de propostas e negociação.


Portal –
Você é militante do PSTU. Como aconteceu essa aproximação com o partido?


Amanda Gurgel -
Fui ativista do movimento estudantil e dirigente do Centro Acadêmico de Letras e do DCE da UFRN. Nessa época, tinha uma relação próxima com o PT, mas ao ingressar na categoria dos trabalhadores em educação, toda a imagem de movimento sindical que eu construíra ao longo da minha vida foi sumariamente desconstruída quando constatei a forma como a direção do PT/PCdoB dirigia a nossa entidade e utilizava a categoria como moeda de troca para benefícios próprios. Na segunda assembléia de que participei, já era oposição convicta. Mas, como havia outras oposições, aos poucos fui me localizando. Participei do congresso de fundação da Conlutas, passei a construir a oposição e algum tempo depois fiz uma reflexão e já não conseguia entender como eu podia ver que militantes tão obstinados dedicassem suas vidas à verdadeira defesa da classe trabalhadora, à defesa da classe a que pertenço, enquanto eu apenas trabalhava, trabalhava e cuidava da minha vida. Entendi que era minha obrigação dividir com eles, meus e minhas camaradas, essa tarefa. Por isso, eu entrei no PSTU.

Vídeos

Professora Amanda Gurgel vai ao Domingão do Fautão



Amanda Gurgel no Boa Tarde RN (Band)



Professora Amanda Gurgel é entrevistada pela Globo News



RN TV entrevista professora Amanda Gurgel

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Movimento

Greves se espalham pelo Rio Grande do Norte

Policiais civis aprovam greve e se unem a médicos e professores; rodoviários também vão paralisar atividades

Uma onda de greves se espalha pelo Rio Grande do Norte. Depois dos médicos e dos servidores da educação, foi a vez dos policiais civis também cruzarem os braços contra o governo de Rosalba Ciarlini (DEM). Neste dia 17, reunidos em assembleia na sede do sindicato da categoria (Sinpol/RN), os policiais civis aprovaram a paralisação por tempo indeterminado. Entre as principais reivindicações, estão a retirada total dos presos das delegacias, a garantia do vale-refeição no lugar de “quentinhas” e a nomeação dos aprovados no último concurso. “O governo simplesmente disse que não dava para atender nossas reivindicações. Diante disso, a greve é inevitável” , afirmou a presidente Vilma Marinho.

Motoristas e cobradores param segunda-feira
Os trabalhadores rodoviários também vão fortalecer a onda de greves que toma conta do Rio Grande do Norte. Em Natal, motoristas e cobradores de ônibus vão parar suas atividades a partir da próxima segunda-feira, dia 23. A decisão foi tomada neste dia 18, depois de uma assembleia realizada na sede do Sindicato dos Profissionais de Transporte do Rio Grande do Norte (Sintro). A categoria reivindica reajuste salarial de 13,98%, plano de saúde, retorno do pagamento do qüinqüênio, do adicional por antiguidade e aumento no valor do vale-alimentação, de R$ 4,00 para R$ 10,00.

Os servidores do Detran/RN (Departamento de Trânsito) também estão ameaçando aderir ao movimento grevista. Os 260 trabalhadores efetivos do órgão podem parar a emissão de carteiras de habilitação, registros de automóveis, emplacamento e vistoria, caso o governo do estado não pague a segunda parcela do Plano de Cargos, reestruturado em 2010, e que deveria ter acontecido em março desse ano. O Sindicato dos Servidores da Administração Indireta (Sinai/RN) ainda reivindica a convocação dos 285 aprovados no concurso de dezembro do ano passado.

Médicos há nove meses sem salário
Desde o dia 18 de abril, 226 médicos da rede estadual de saúde estão em greve. Recém-contratados no ano passado pelo governo do estado, há nove meses eles não recebem seus salários. Alguns, inclusive, não recebem há 11 meses. Outros 1.600 médicos que integram o atendimento nos 23 hospitais do Rio Grande do Norte já aprovaram greve geral a partir de 1º de junho, em assembleia realizada neste dia 18. Eles reivindicam que o projeto de lei aprovado em maio de 2010, que incorpora ao salário uma gratificação de R$ 2.200, seja cumprido pela governadora Rosalba Ciarlini. Melhores condições de trabalho e aumento no número de profissionais também fazem parte da pauta.

Greve da educação entra na terceira semana
A greve da rede estadual de educação do Rio Grande do Norte entrou em sua terceira semana e vem ganhando mais força. Paralisados desde o dia 28 de abril, os trabalhadores continuam com disposição para manter as escolas fechadas enquanto o governo do estado não atender às reivindicações. A estimativa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/RN) é de que 95% dos 18 mil professores da rede estejam em greve, apenas estagiários e contratados estariam trabalhando.

Para a professora Amanda Gurgel, que se tornou símbolo da defesa da educação ao silenciar deputados durante audiência pública, a categoria está mantendo a greve com firmeza. “Nossa greve continua forte e tem se estendido para todo o estado. A cada assembleia recebemos informações de cidades do interior que estão se juntando ao movimento. Os trabalhadores estão firmes nessa luta”, disse. Sobre a intransigência do governo em não negociar com a categoria em greve, Amanda é categórica: “Não retornaremos às escolas sem o cumprimento do Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos funcionários, a revisão do Plano dos professores, a aplicação da tabela salarial dos servidores e o pagamento de direitos atrasados.”.

Na próxima quinta-feira, dia 26, professores e funcionários de escolas farão um grande ato público, com caravanas de trabalhadores vindos do interior do estado. Haverá ainda uma reunião com os sindicatos das outras categorias em greve. O objetivo é unificar e fortalecer as lutas de todo o movimento contra o governo de Rosalba Ciarlini, que insiste em não atender às reivindicações. "Vamos negociar de uma forma global quando os servidores voltarem ao trabalho", chegou a afirmar o secretário chefe do Gabinete Civil do Governo do Estado, Paulo de Tarso Fernandes.

Greves mostram inconformismo com inflação
Diante da alta inflação que vem corroendo os salários, as greves no Rio Grande do Norte mostram que os trabalhadores não estão dispostos a pagar a conta pelo aumento do custo de vida. Para se ter uma ideia, nas primeiras duas semanas do mês de maio a cesta básica em Natal acumulou alta de 1,28%, em relação à última semana de abril. Só na primeira semana o aumento médio foi de 1,75%. Isto significa que o custo médio para o consumo mensal de uma família de seis pessoas – quatro adultos e duas crianças – chegou a R$ 373,38.

A onda de greves que atinge o Rio Grande do Norte demonstra, portanto, que a saída para o aumento da inflação não está em diminuir o consumo, e sim em elevar os salários e recuperar as perdas acumuladas pelos trabalhadores.

Rede Estadual

Continua a greve dos trabalhadores em educação

Os trabalhadores em educação, reunidos nesta quarta-feira(18), decidiram por unanimidade continuar e intensificar o movimento grevista. Caravanas de vários municípios ajudaram a lotar o pátio da Escola Estadual Winston Churchill.

Na avaliação geral dos presentes, esta é uma das greves mais fortes já realizadas nas escolas públicas do Estado. Em várias regionais a adesão é de 100%. No geral, a greve atinge mais de 90% das escolas. Ao terminar a assembleia, o Sinte-RN organizou uma passeata até a Praça 7 de Setembro. Foi realizado um rápido ato público na calçada da Assembleia Legislativa.

Movimento

Marcha contra a homofobia em Brasília exige aprovação do PLC 122

Segundo organização, manifestação reuniu 5 mil

Ocorreu nesse dia 18 de maio a Segunda Marcha Nacional contra a Homofobia, em Brasília. Segundo a organização do evento, cerca de 5 mil pessoas se manifestaram na capital federal. Neste ano, o principal tema do protesto foi a exigência da aprovação do Projeto de Lei 122 que torna crime a homofobia.

Além de entidades do movimento LGBT, o protesto reuniu sindicatos, parlamentares e partidos como o PSTU e o PSOL. A marcha partiu da Catedral, passando pela esplanada dos ministérios rumo ao Congresso Nacional. Ao final, os manifestantes foram ao prédio do Supremo Tribunal Federal comemorar a aprovação da extensão dos direitos aos casais homossexuais.

"Ô Dilma / eu quero ver / o PLC acontecer"
A CSP-Conlutas marcou presença na marcha com uma animada coluna que reuniu algo como 150 companheiros de Brasília, Minas, Pernambuco e São Paulo. A coluna reuniu servidores públicos, metroviários, trabalhadores dos Correios, estudantes, além de ativistas do movimento popular. “Nossa coluna politizou o ato, enquanto grande parte só comemorava a decisão do STF, nós fizemos exigências ao governo Dilma” , disse Guilherme Rodrigues, estudante de Letras da USP e membro da ANEL.

“O que aconteceu no STF foi uma vitória importante do movimento, que nos fortalece, mas é preciso ir além, temos que passar à ofensiva e exigir do governo Dilma um compromisso público para a aprovação do PLC 122”, discursou Douglas Borges, do Setorial LGBT da CSP-Conlutas, que também aproveitou a manifestação para denunciar o avanço da violência homofóbica no país assim como fascistas como o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).

Ao final a CSP-Conlutas realizou uma plenária onde aprovou a realização de um seminário no dia 18 de junho.

Marcha é resposta à despolitização das paradas
Iniciada em 2010, a marcha é uma resposta de setores do movimento LGBT descontentes com a despolitização das paradas gays. A data foi escolhida pois marca o dia em que a Organização Mundial de Saúde desconsidera a homossexualidade uma patologia (17 de maio).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Movimento

TRABALHADORES SEM-TERRA PROTESTAM EM FRENTE À PREFEITURA

Cerca de 150 agricultores do MST saíram às ruas para exigir do prefeito Antônio Peixoto melhor infra-estrutura e educação nos assentamentos de Ceará-Mirim

Na manhã deste dia 17, cerca de 150 trabalhadores sem-terra do MST ocuparam as ruas do Centro de Ceará-Mirim numa caminhada atá a sede da Prefeitura. O protesto exigia do prefeito Antônio Peixoto (PR) melhor infra-estrutura e educação nos sete assentamentos da região. Em frente à sede do poder municipal, homens, mulheres e crianças faziam pressão para serem recebidos pela Prefeitura. A polícia militar foi chamada, mas não houve incidentes. Com a principal rua do município fechada e os protestos aumentando, o prefeito se viu obrigado a atender os manifestantes. A Prefeitura ainda tentou adiar a reunião com o movimento, mas uma comissão de trabalhadores sem-terra acabou sendo recebida. O Sinte/RN de Ceará-Mirim também esteve presente e acompanhou a negociação.

No gabinete do prefeito, os manifestantes apresentaram uma pauta de reivindicações que, entre outros pontos, pedia a construção de uma escola no Assentamento Rosário, a contratação dos pedagogos da comunidade, trinta carteiras, material didático e a inclusão no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O MST também pediu ao prefeito Peixoto material de construção para reformar o Centro de Formação Patativa do Assaré, ligado ao movimento.


Como resposta, o prefeito se comprometeu a estabelecer um convênio com o movimento para poder atender, legalmente, às reivindicações dos trabalhadores.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Extremoz

PREFEITO QUER RETARDAR ELEIÇÃO PARA DIRETORES DE ESCOLAS

A Prefeitura de Extremoz está querendo atrapalhar as eleições diretas para diretores de escolas da cidade. No último dia 9, os trabalhadores da educação e a comunidade escolar realizaram as eleições em quatro escolas, acompanhados pelo Núcleo do Sinte no município. O processo correu como manda a legislação, com edital, cédulas, atas de votação, etc. Mas a Prefeitura, que já havia adiado as eleições em 29 de abril por causa da não instalação do programa de computador para o pleito, não quer reconhecer o processo ocorrido no dia 9 de maio. Tentando retardar cada vez mais as eleições, o prefeito Klauss Rego está afirmando que o pleito será realizado no próximo dia 18. Os trabalhadores da educação e a comunidade escolar estão mobilizados e prometem não aceitar.

Greve da Rede Estadual

PROFESSORA FAZ DESABAFO SOBRE A SITUAÇÃO DRAMÁTICA DA EDUCAÇÃO NO RN

Depoimento da professora Amanda Gurgel foi dado durante audiência pública na Assembleia Legislativa; discurso silenciou deputados.


RN: Greve na rede estadual de educação para 90% das escolas

Os trabalhadores da educação pública do Rio Grande do Norte estão enfrentando com força a administração da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Em greve desde o último dia 2, professores e funcionários estão com suas atividades suspensas em 90% das escolas do Estado. Em Natal, a greve também já chegou a 90% das escolas. Entre as principais reivindicações, estão o cumprimento do Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos funcionários, revisão do Plano dos professores, aplicação da tabela salarial dos servidores e pagamento de direitos atrasados. A disposição de luta da categoria já havia sido demonstrada na assembleia que decidiu pela greve, na qual cerca de mil trabalhadores estiveram presentes.

Foram meses de negociação com o governo do Estado, sem alcançar sucesso. A principal razão para o início da greve foi o pedido feito pela governadora Rosalba Ciarlini aos servidores da educação. Em reunião com o sindicato da categoria (Sinte/RN), o governo afirmou ter muitas dívidas deixadas pela gestão anterior e pediu mais quatro meses para apresentar uma resposta às reivindicações. Professores e funcionários das escolas entenderam a mensagem da governadora como uma armadilha para não pagar os direitos.

Governo diz que não negocia com trabalhadores em greve
O governo do Estado, através da Secretária de Educação Betânia Ramalho, tem assumido uma postura intransigente diante das reivindicações dos trabalhadores. Em notas divulgadas na imprensa local, a Secretaria afirmou que só irá negociar com a categoria em sala de aula. Além disso, o governo já afirmou que o atendimento às reivindicações econômicas dos servidores, como a correção de 15,8% do Piso Nacional do Magistério, deverá se adequar às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Criada por Fernando Henrique Cardoso, a lei na prática impede a valorização dos servidores públicos e, consequentemente, os investimentos nos serviços.

Na última reunião com o sindicato, a Secretária de Educação declarou que o mais importante deve ser garantir aos alunos os 200 dias de aula no ano letivo, previstos em lei. Entretanto, para o governo do Estado, a lei que deveria garantir o cumprimento do Piso Nacional e o pagamento dos direitos dos educadores não tem a menor importância. Prova disso é que os 19 mil professores em atividade na rede estadual estão com seus salários defasados.

Nesse dia 9 de maio, os trabalhadores realizaram uma plenária e aprovaram um conjunto de atividades para esta semana, como protestos e caminhadas. Também haverá reuniões com diretores de escolas onde existam estagiários e professores seletivos. Estima-se que estas sejam as únicas unidades de ensino que ainda não pararam. O objetivo é organizar a adesão destes locais ao movimento grevista e chegar aos 100% de paralisação, como já ocorre em regiões do interior do Estado.

domingo, 15 de maio de 2011

Cultura

O universo matuto de Jessier Quirino

“Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954, na cidade de Campina Grande, Paraíba, e é filho adotivo de Itabaiana, também na Paraíba, onde reside desde 1983.” .É dessa forma que o poeta e prosador matuto Jessier Quirino se apresenta. Singelo como todo sertanejo, o artista paraibano é hoje, incontestavelmente, um dos nomes mais importantes na luta em defesa da cultura nordestina. Dono de uma capacidade bastante apurada para observar tudo aquilo que o rodeia, Jessier traduz em seus livros e recitais os hábitos, a linguagem, a vida do homem do sertão e seu modo de ver o mundo. Assim, através de grande bom humor e sensibilidade, o poeta reconstrói um curioso e particular universo matuto.

O arquiteto domador de palavras
Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo, Jessier Quirino fez os primeiros estudos em Campina Grande e no Recife, formando-se depois em Arquitetura na cidade de João Pessoa, em 1982. Embora ainda exerça sua profissão, os dias e a agenda do poeta têm sido preenchidos quase que completamente pela literatura e apresentações pelo Brasil. Jessier pode até se considerar um autodidata, já que nunca fez nenhum tipo de curso sobre técnicas literárias. Toda sua intimidade com a prosa e os versos vem de uma destreza para “desenhar” as rimas e a métrica de seus textos, o que faz de Jessier Quirino um arquiteto domador de palavras.

Cronista, poeta e contador de causos matutos
A obra de Jessier está reunida, até o momento, em oito livros que retratam com precisão o cotidiano da vida no sertão nordestino. Entre seus principais trabalhos, destacam-se Paisagem de Interior, Agruras da lata d'água, Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão, Prosa Morena, Bandeira Nordestina e Berro Novo. Alguns dos livros do artista, inclusive, vêm acompanhados de CD´s que trazem narrativas de causos matutos, composições declamadas e poemas musicados. Assim, a arte de Jessier Quirino, além de resgatar os costumes e as características do sertanejo, também não deixa de ser herdeira da tradição oral que havia antes da invenção da linguagem escrita.

Como um cronista da tradição nordestina, influenciado pela literatura de cordel, Jessier lança seu olhar minucioso sobre os aspectos que compõem o cenário do sertão. Em Paisagem de Interior, poema que também dá nome ao livro, Jessier Quirino descreve com perfeição milimétrica o ambiente onde vive o matuto. “Três moleque fedorento morcegando um caminhão / chapéu de couro e gibão / bodega com surtimento / poeira no pé de vento / tabulêro de cocada / banguela dando risada / das prosa do cantador / buchuda sentindo dor/ com o filho quase parido / isso é cagado e cuspido / paisagem de interior.".

A sensibilidade e o bom humor do poeta ao descrever os traços que marcam os interiores do Nordeste, utilizando-se de expressões típicas do sertanejo, estão presentes em praticamente toda sua obra. O deslumbramento e a estranheza do sertanejo diante das contradições entre a cidade grande e o campo também aparecem de forma divertida na literatura de Jessier. Em Berro Novo, seu livro mais recente, o contador de causos matutos explica quais as razões que levam alguém a ter um problema cardíaco. “Mas cumpade véi, eu vou dizer um negócio a você: uma coisa que não existe no sertão é pobrema cardíuco! O pobrema cardíuco é uma doença que se adquere com o vírus da letra i: Imposto de Renda; IPTU; ICMS; Implacamento de Carro, Ingarrafamento e Istresse! Essas são as palavra que causa pobrema cardíuco; e no sertão não tem essas palavra!".

A obra de Jessier Quirino está repleta de situações cômicas, sempre destacando o matuto e sua maneira de ver o mundo. Há, inclusive, um personagem que constantemente marca presença nos livros do autor. Mané Cabelim é um matuto enrolado, todo metido a sabido, que a todo instante está envolvido em situações escabrosas e sendo passado para trás. Ele representa exatamente o contrário da esperteza do sertanejo nordestino, tão comum no universo de Jessier.

Mas o lirismo poético e a beleza das paixões também possuem espaço garantido nos versos do poeta. Em Paixão de Atlântico na Beira do Mar, poema integrante do livro Berro Novo, Jessier Quirino dá uma amostra de versatilidade literária e de capacidade para criar imagens simbólicas. “E a moça abeirando meus véus de espuma / Olhar de cupido a me recear / Aqui... bem aqui! O cabelo a voar / De cor, cor-de-cuia de louro brejeiro / Seus pés, de mansinho, me tocam primeiro / E a boca em suspiro aspira o meu ar / Recolhe os bracinhos a se arrupiar / E se carrapixam os poros e pelos / Os outros primores, eu nem pude vê-los / Morri de Atlântico na beira do mar.".

A poesia como arma política
Para um artista tão sensível e atento ao mundo que o circunda, a picaretagem da política brasileira não poderia passar despercebida. No poema Politicagem, do livro Bandeira Nordestina, Jessier Quirino dispara seu arsenal matuto e rebelde contra a corrupção. “A tal da politicagem / É o acento circunflexo / Da palavrinha cocô... / É feito brigar com gambá / Pois mesmo o cabra ganhando / Sai arranhado e fedendo.".

Mas a composição mais afiada mesmo fica por conta do poema Virgulino Lampião, Deputado Federá, escrito no formato de um discurso ficcional do famoso cangaceiro. “Seus Dotôres Deputado / falo sem tutubiá / pra mostrá que nós matuto / sabe se pronunciá / dizê que tá um presídio / com dó e matuticídio / a vida nesse lugá. / O Brasí surgiu de nós / nós tudo que vem da massa / deram um nó no mêi de nós / que nós desse nó não passa / e de quatro em quatro ano / vem vocês com o véio plano / desata o nó e se abraça. / Tamo chêi dessa bostice / de promessa e eleição / dos que vem de vez em quando / se rindo, estendeno a mão / candidato a caloteiro / aprendiz de trapaceiro / corruto, falso e ladrão.".

Ignorando os limites entre prosa e poesia, a arte de Jessier Quirino lança mão de sua singeleza e criatividade para marcar uma visão crítica sobre o Brasil. Apropriando-se da voz de seu Virgulino Lampião, Jessier ainda manda um recado a todos os parlamentares. “Político que come uva / em plena safra de manga / vai pra lei dos desperdiço / nas faca dos meus capanga.”.

Nadando contra a maré
Em um país onde a padronização cultural ganha cada vez mais espaço, seja através de fórmulas nacionais ou estrangeiras repetidas à exaustão, a obra de Jessier Quirino deve ser reconhecida como uma trincheira avançada na luta em defesa da cultura nordestina. E essa “nordestinidade” não é apenas a expressão de um regionalismo, mas também a exposição de uma manifestação artística original, repleta de sentidos e significados. O universo matuto de Jessier, formado por costumes sertanejos, arcaísmos e neologismos, coloca o poeta no rastro de grandes mestres da literatura nacional, como Guimarães Rosa e Manuel de Barros.

No combate ao esvaziamento artístico de muitas produções contemporâneas, o poeta e ensaísta Alberto da Cunha Melo reconhece a importância de Jessier. “Talvez prevendo uma profunda transformação no mundo rural, em virtude da força homogeneizadora dos meios de comunicação e das novas tecnologias, Jessier Quirino, desde seu primeiro livro, vem fazendo uma espécie de etnografia poética dos valores, hábitos, utensílios e linguagem do agreste e do sertão nordestinos. Sua obra, não tenho dúvidas, além do valor estético cada dia mais comprovado, vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica.”.

É por estas e outras que a arte de Jessier Quirino é um símbolo de resistência cultural, uma prova de que ainda existem os que nadam contra a maré.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ceará-Mirim/RN

PROFESSORES E PAIS DE ALUNOS DECIDEM NÃO RETOMAR AS AULAS NA ESCOLA MONSENHOR CELSO CICCO

Reunidos na manhã de terça-feira (10), na Escola Estadual Ubaldo Bezerra de Melo, em Ceará-Mirim, professores, sindicato (Sinte/RN) e pais de alunos concordaram em não retomar as aulas da Escola Estadual Monsenhor Celso Cicco, interditada no início de abril, e que tinha suas atividades previstas para recomeçar no prédio improvisado do Centro Social e Urbano (CSU). A reunião decidiu que as aulas só voltarão a acontecer após a greve da educação no Estado. Os pais dos alunos concordaram com a decisão porque entenderam que os estudantes seriam ainda mais prejudicados com a ausência de ônibus da zona rural para a cidade, entre outros problemas enfrentados pela escola.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Paralisação Nacional da Educação

Trabalhadoras e trabalhadores em educação se mobilizam em todo o país; manifestação em Brasília reúne mil pessoas

Professores de todo país, realizaram na manhã desta quarta-feira, em Brasília, uma grande manifestação com a participação de cerca de mil pessoas. A CSP-Conlutas esteve presente na mobilização prestando seu apoio e solidariedade à luta dos profissionais de educação. O ato convocado pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) integra o dia de mobilização nacional pela aplicação imediata do piso salarial nacional para os trabalhadores do ensino.

A CNTE convocou nesta data, inicialmente, um dia de paralisação nacional com manifestação em Brasília\DF. No entanto, as atividades votadas variaram de estado para estado, conforme a orientação adotada pelos sindicatos estaduais e locais.


Entenda o caso:


No início do mês de abril, o STF julgou e considerou constitucional a parte da Lei 11.738 que vincula o piso nacional dos professores aos vencimentos iniciais das carreiras de magistério de estados e municípios. Ou seja, o piso é nacional e obrigatório e não comporta penduricalhos.


Já no dia 27 de abril o plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento da ADI 4.167 e considerou constitucional o parágrafo 4º do art. 2º da Lei 11.738, que destina, no mínimo, 1/3 (um terço) da jornada de trabalho do/a professor/a para a hora aula-atividade, jornada cumprida fora de sala de aula.


O piso salarial afeta de maneira diferenciada os trabalhadores em educação, conforme o estado ou município e o valor pago. No entanto, a destinação do terço da jornada de trabalho para as atividades extra-classe beneficia a todos os trabalhadores e trabalhadoras.


O objetivo da mobilização foi exigir a aplicação imediata dessas duas conquistas, em todo o país.

Fonte: CSP-Conlutas

terça-feira, 10 de maio de 2011

Greve da Rede Estadual

Acompanhe o calendário de ações da greve

10/05 - Audiência sobre a Educação do RN, às 9h, na Assembléia Legislativa. A partir das 15h haverá audiência com os (as) deputados (as) e presidente da Casa. Assunto: Negociação entre o Governo e o Sinte;

11/05 - Parada Nacional. Haverá assembleia na Praça Gentil Ferreira, às 14h. Após a discussão será realizada uma caminhada pelo bairro do Alecrim com panfletagem;

12/05 -
Arrastão na SEEC a partir das 7h e caminhada no bairro Dix-sept Rosado, a concentração será às 15h na Escola Estadual Francisco Ivo;


13/05 -
Reunião com Diretores de Escola para tratar da participação dos professores seletivos e estagiários na greve. Encontro será às 9h na sede do Sinte. No mesmo dia, haverá a instalação do Fórum Estadual em Defesa da Educação do Rio Grande do Norte, também às 9h, no auditório da Escola de Música da UFRN;


18/05 -
Assembléia Geral da categoria, às 14h, na Escola Estadual Winston Churchill.

Estado

Professores da rede estadual de educação mantêm greve

Não houve nenhum avanço. 90% dos professores e servidores em educação do Rio Grande do Norte continuam em greve desde 2 de maio e não há previsão de retorno às aulas. Hoje, às 16h, o Governo do Estado sentará novamente na mesa de negociações com o Sindicato dos Profissionais em Educação Pública (Sinte), que representa a categoria.

Fonte: Diário de Natal - 10/05/2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Alta dos preços

Inflação cresce e governo quer frear aumento dos trabalhadores

Governo Dilma quer que trabalhadores sejam "comedidos" nas reivindicações

A alta dos preços voltou com tudo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou alta de 0,77% em abril, informou o IBGE, nesta sexta-feira, dia 6.

Nos últimos 12 meses, o índice está acumulado em 6,51%, o que já ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo governo, de 6,5%. Entre os maiores vilões da inflação, estão itens que afetam dramaticamente a renda dos trabalhadores, como alimentos, bebidas, aluguel e combustível.

O governo Dilma toma medidas que prejudicam ainda mais os trabalhadores, como a alta dos juros, que já são os mais altos do mundo, e a restrição ao crédito.

Para o economista Cristiano Monteiro da Silva, do Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócios Econômicos), a receita do governo para combater a inflação é errada e fatal aos trabalhadores.

"Se as famílias pagam muitos juros, ao final se tem uma transferência da renda salário para os juros que são apropriados pelos bancos. Ou seja, é um mecanismo que empobrece os trabalhadores e aumenta a apropriação dos juros por parte dos bancos, que já lucram tanto", analisou.

Vale lembrar ainda que uma das primeiras medidas do governo do PT foi cortar R$ 50 bilhões do Orçamento da União, o que significa menos dinheiro para a saúde, educação, segurança e sucateamento dos serviços públicos.

Freio nas lutas
O governo Dilma tem emitido sinais segundo os quais os trabalhadores deveriam ser mais "comedidos" nas reivindicações por aumento salarial. Ou seja, o Planalto quer que aceitemos reajustes menores em nossas campanhas salariais.

Em outras palavras, querem colocar o prejuízo novamente nas nossas costas. Esta "orientação" do governo foi assumida, esta semana, pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Para ele, se os trabalhadores não considerarem a inflação nas negociações por aumento, a competitividade das empresas poderá ser afetada.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também fez discursos na mesma direção. Desta forma, a política do governo Dilma é a mesma do governo Sarney, no período da hiperinflação, que afirmava, equivocadamente, que aumento de salário provoca inflação.

O economista do Ilaese discorda e analisa os altos ganhos de produtividade das empresas no último período. "No Brasil, sobretudo a partir dos anos 90, vê-se um aumento muito grande da produtividade do trabalho, logo as empresas têm muita condição de assimilar aumentos reais de salários", disse.

Fonte: Sindmetal de São José dos Campos

Atenção Trabalhadores!

Paralisação nacional é nesta quarta!

A partir de hoje até o dia 13 de maio a CNTE promoverá a Semana de Mobilização pela Educação. O objetivo é pedir aos parlamentares a aprovação ainda este ano do Plano Nacional de Educação (PNE) e cobrar dos gestores públicos o cumprimento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) - Lei 11.738/08. O ponto alto da semana será a paralisação nacional na quarta-feira, 11 de maio. Neste dia, representantes das 41 entidades filiadas à CNTE se concentrarão em Brasília. A programação inclui ato em frente ao Congresso Nacional, reunião com o Ministro da Educação, Fernando Haddad, visitas aos gabinetes dos parlamentares e audiência pública na Câmara dos Deputados com o tema qualidade da educação. Os sindicatos de educação de todos os estados organizarão suas atividades locais.

O PISO é Constitucional
A Semana acontece em um momento crucial para a educação pública brasileira. Recentemente, os educadores conquistaram uma vitória com o fim do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4.167, em que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram pela constitucionalidade da Lei do Piso do magistério. “Com esta decisão do STF, não há mais desculpas para os prefeitos e governadores não aplicarem a lei em seus municípios e estados”, afirmou o presidente da CNTE, Roberto Franklin de Leão.

Deu na Imprensa

Escolas públicas têm merenda estragada e ratos na cozinha


Fonte: Fantástico - 08/05/2011

Movimento

União civil de casais do mesmo sexo é aprovada no Brasil. Uma vitória histórica para avançarmos na luta por igualdade!

Essa vitória, que não contou com o apoio do governo, deve servir para impulsionar a luta pela criminalização da homofobia

Douglas Borges, do setorial LGBT da CSP-Conlutas

Na quinta-feira, dia 5 de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou por unanimidade (10 x 0), o reconhecimento de união estável para casais homossexuais. Com esta decisão um imenso conjunto de direitos que até agora eram negados para casais LGBT serão reconhecidos, dentre eles a inclusão no plano de saúde, herança, pensão, entre outros. Sem dúvida essa vitória deve ser considerada histórica para o movimento. Contudo, precisamos tirar as lições para avançarmos na luta por igualdade e exigirmos a aprovação do PLC-122, que torna crime o preconceito contra homossexuais.

Judiciário versus governo
Por que o Poder Judiciário passou à frente do Executivo e do Legislativo ao dar o reconhecimento para as uniões estáveis? O governo Dilma, que possui maioria no Congresso Nacional, se vê preso num emaranhado de alianças com os setores mais conservadores da burguesia do país. Esse fato dá ao PT a possibilidade de se mover pelos meandros do poder como nenhum outro partido desde a redemocratização do Brasil. Contudo, a mobilidade que o governo petista possui está limitada pelos interesses de suas alianças políticas que vão desde as mega empreiteiras que estão construindo as obras do PAC, passando pela grande burguesia financeira (que agradece o aumento da taxa de juros), os latifundiários (agraciados com o novo Código Florestal), até os setores religiosos conservadores. Ou seja, o governo tem maioria para governar, mas deve governar para aqueles que sempre estiveram no poder, a burguesia.

Comprometido com as frações mais atrasadas da classe dominante, Dilma não pode centralizar sua base parlamentar e aprovar as reivindicações históricas de gays e lésbicas. Dentro desse quadro, a primeira lição que devemos tirar é que essa vitória não contou com o apoio do governo, pelo contrário, nossa luta foi ecoar no judiciário. Essa primeira lição é muito importante, pois ajuda a definir nossa relação com o poder do Estado, que deve ser de independência.

O reconhecimento da União Estável não é o reconhecimento do casamento civil. Este precisa ser aprovado como lei. Contudo, a maior parte dos direitos que os casais heterossexuais possuem já pode ser estendida aos casais do mesmo sexo. Ainda assim, o reconhecimento político de casais homossexuais é necessário para se começar a mudar a consciência das pessoas e combater o preconceito. Esta luta vai passar pelo enfrentamento com o governo.

Agora é hora de avançar: aprovação do PLC-122 já!
Ainda que o judiciário tenha reconhecido a união estável de pessoas do mesmo sexo, este mesmo judiciário não pode punir aqueles que agridem e matam homossexuais pelo fato de não existir uma legislação que combata a discriminação por orientação sexual. Com base nisso devemos tirar a segunda lição: É hora de irmos para a ofensiva!

Esta vitória sem dúvida nos fortalece. E muito. Agora, mais do que nunca, precisamos organizar as fileiras do movimento LGBT e ir para a ofensiva! No dia 18 de maio, ocorrerá a segunda Marcha Nacional Contra a Homofobia, em Brasília, que exigirá a provação da lei que criminaliza a homofobia (PLC-122).

Esse é o momento para o darmos uma demonstração de força e de independência dos governos e exigirmos que Dilma e sua base aliada aprovem a lei que criminaliza a homofobia.

Não podemos ter dúvida, com este passo que conquistamos, os setores reacionários e fascistas irão reagir e a violência pode aumentar. Em razão disso, precisamos, mais do que nunca, cerrar nossas fileiras e avançar.

Essa é a oportunidade de resgatarmos o espírito de luta e a politização que as paradas do orgulho gay perderam nos últimos anos. Agora é o momento de tocarmos nossas campanhas políticas, de mobilizarmos nossas bases e de dialogarmos com a sociedade. Mais ainda, este é o momento de nos aliarmos com os demais movimentos que estão em luta, como o sindical e o estudantil. Se unirmos todos os que estão mobilizados com exigências ao governo temos maiores chances de arrancarmos a criminalização da homofobia. Para isso, é preciso agir com independência de governos e empresários e retomar o espírito de luta e transformação social.

É preciso lutar, é possível vencer!
Por fim, devemos ser contundentes com a terceira lição desta conquista: Só a luta muda a vida! Hoje podemos e devemos comemorar. Mas não podemos endereçar nossas comemorações ao judiciário, isso seria um grande engano. Devemos, acima de tudo, saborear essa vitória como nossa, como o resultado das lutas abertas ou veladas travadas por LGBTs país afora. Cada passeata, cada panfleto, cada beijaço, cada vez que a bandeira do arco-íris foi empunhada contribui para essa vitória. E nossa alegria deve honrar a cada amigo, companheiro, amante, parente, colega de trabalho que já sofreu com a violência e a discriminação. Devemos dedicar essa conquista aos que morreram por serem o que são. E em nome deles, devemos avançar, cientes de que é preciso lutar e que é possível vencer.

Nossa luta, mais do que direitos, significa a transformação radical da sociedade. Da cabeça de milhões de pessoas. Significa uma mudança radical nas relações sociais, afetivas e na própria condição humana. Nossa luta, é antes de mais nada, uma luta socialista.