quarta-feira, 29 de junho de 2011

Desrespeito

O GOLPE DA DIREÇÃO DO SINTE/RN E O CONGRESSO QUE NÃO RESPEITA A DEMOCRACIA

Mesmo contrariando decisão da categoria em assembleias, direção do Sinte (PT/CUT) iniciou congresso do sindicato neste dia 28 de junho

O Congresso Estadual do SINTE-RN deve ser realizado a cada dois anos, segundo seu Estatuto. É o que assegura o artigo 15: “O Congresso é o organismo máximo de deliberação do SINTE-RN”. E o parágrafo único desse artigo garante: “O Congresso Ordinário será realizado de dois em dois anos, preferencialmente no último trimestre do ano.”. O artigo 19 diz que são atribuições do Congresso: a) Analisar e discutir a conjuntura nacional, bem como deliberar posicionamentos dos trabalhadores em educação do Estado do Rio Grande do Norte frente ao seu funcionamento e desenvolvimento; b) analisar e discutir a política sindical local, nacional e internacional deliberando sobre questões que visem avançar e fortalecer a organização dos trabalhadores; c) analisar, discutir e deliberar sobre a política educacional brasileira; d) deliberar sobre o programa de trabalho do SINTE-RN; e) analisar a situação específica dos trabalhadores em educação; f) elaborar um plano de ação política para o SINTE-RN; g) reformular ou adendar o Estatuto do SINTE-RN.

O último Congresso do nosso sindicato aconteceu em Natal, no mês de dezembro de 2005. Durante todo esse período a Direção do SINTE, além de desrespeitar o estatuto e a categoria, estava empenhada em apoiar os governos de Lula, de Vilma de Faria e, em Natal, o governo do prefeito Carlos Eduardo. O governo Dilma vai continuar com as políticas que atacam os trabalhadores e a educação. A Direção do SINTE já declarou que as apóia integralmente. Essa política governista da Direção do SINTE é o que justifica a negativa em realizar o Congresso de dois em dois anos, como assegura o estatuto. A Direção quer cada vez mais o poder político, financeiro e administrativo do nosso sindicato para transformar mais ainda o SINTE em um sindicato governista a serviço do Partido dos Trabalhadores (PT) e do governo Dilma.

A direção do SINTE, seguindo a política da CNTE e da CUT, entidades sindicais governistas, chapa branca, apoiou o Piso Nacional de Salário de 950,00 reais para 40h, quando em muitos estados e municípios a carga horária já é de 30h semanais. O governo aplicou o PNE deixado pelo governo FHC sem propor as mudanças que os trabalhadores em educação sempre defenderam em suas lutas como o piso no valor do Salário Mínimo do DIEESE, com jornada de 20 horas, formação continuada com afastamento das atividades, Planos de Carreiras dignos e 10% do PIB já para a educação pública, rumo a 15%.

A Direção do SINTE trocou o fortalecimento da greve pela realização do Congresso. Uma greve dura dos educadores contra a intransigência da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), que nem mesmo respeita os direitos dos trabalhadores, garantidos em lei. Por várias vezes, em assembleia, os trabalhadores aprovaram resolução de adiamento do Congresso, afirmando que este só deveria ser realizado dois meses depois do final da greve. Como a Direção não respeita e não cumpre nenhuma resolução aprovada nas instâncias do sindicato, a não ser a de seu interesse, está realizando o Congresso nos dias 28, 29 e 30 de junho/2011.

A categoria deliberou pela continuidade da greve e seu fortalecimento e demonstrou que a realização do Congresso coloca a greve em segundo plano. Ou seja, a greve não é prioridade para a Direção do SINTE, que a abandonou a mais uma derrota.

A direção do Sinte liquidou a democracia do sindicato
A Direção do SINTE liquidou a democracia no nosso sindicato. Utiliza toda a estrutura física e financeira para seus interesses políticos, tanto no campo sindical quanto no campo político. Por um lado, ao defender as políticas econômicas e educacionais dos governos de Lula e Dilma sustentam o PT e seus parlamentares como defensores dos trabalhadores e da educação pública.

A realização do Congresso contra a vontade da categoria em greve atende aos interesses do PT, do deputado Mineiro e da deputada Fátima Bezerra. Esses parlamentares, que foram da nossa categoria, são coniventes com o desrespeito à categoria e com a realização do Congresso de forma autoritária.

A própria Direção do SINTE e os professores da CTB, que entraram na justiça para a realização do Congresso, já tinham discutido um acordo para o Congresso ser realizado em novembro/2011. Mas, de repente, depois de anunciar o adiamento, a Direção descumpre e mantêm o Congresso para o final de junho/2011. Ou seja, a Direção do SINTE, ao manter o Congresso impõe mais uma derrota da greve dos trabalhadores em educação da rede estadual. A Direção prefere um Congresso com maioria para aprovar resoluções que lhe dê mais controle sobre o sindicato.

Em respeito aos trabalhadores em educação do RN e às suas várias decisões de adiamento do Congresso, sendo a mais recente votada no último dia 21 de junho, a Oposição CSP-Conlutas na Educação, da qual o Núcleo do Sinte de São Gonçalo do Amarante faz parte, decidiu não participar deste Congresso autoritário, realizado em desacordo com a vontade da categoria. Não iremos legitimar a falta de democracia da Direção do SINTE.

A Oposição CSP-Conlutas/RN na Educação defende:

*Pelo respeito à Democracia e ao Estatuto do Sindicato!
*Pelo cumprimento das deliberações da categoria!
*Por um Congresso do Sinte/RN democrático e pela vontade dos trabalhadores!
*Contra o PNE de Dilma!
*Pelo investimento de 10% do PIB na Educação Já!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Rede Estadual de Educação

Assembleia decide pela continuidade da greve

Em assembleia realizada na tarde desta segunda-feira (27), os trabalhadores estaduais da educação do RN decidiram pela continuidade da greve. Agora o objetivo é fortalecer a união com os demais servidores em greve para intensificar a luta e dar mais fôlego ao movimento.

A categoria aprovou proposta para realizar um grande ato público, no dia 06 de julho, unindo todos os servidores públicos que estejam ou não em greve. No dia anterior (05), haverá ainda mais uma assembleia de greve, as 8h, na Escola Winston Churchill.

Também foi decidido que o Sindicato deverá veicular um cartaz de mídia externa como busdoor (na traseira dos ônibus) ou outdoor, denunciando o fato de a Governadora ter dinheiro e não honrar os compromissos com a educação.

Fonte: Com informações do Sinte/RN

Nacional

Parada do Orgulho LGBT: a necessidade da politização

Aumenta a pressão pela politização da maior manifestação pelos direitos LGBT’s do mundo. Houve avanços, mas é preciso mais


A edição 2011 da Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis e transexuais) de São Paulo contou, no domingo, dia 26 de junho, com a participação de uma multidão calculada em 3 milhões de pessoas, apesar da incessante chuva que caiu sobre a capital paulista desde a manhã e se intensificou no início da tarde.

Convocada pela Associação da Parada sob um lema de gosto e conteúdo questionáveis – “Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia” – o evento tinha como um de seus principais objetivos, segundo a ONG que o organiza, “pedir uma trégua aos setores religiosos contra iniciativas que garantem os direitos para a comunidade LGBT”, particularmente a aprovação da PLC 122, que criminaliza a homofobia e vem sendo bloqueado pela chamada bancada evangélica no Congresso.

Como criticamos há anos, mais uma vez, em função do formato e da política adotados pela Associação, a Parada foi marcada por um tom excessivamente “carnavalesco”, que muito destoa das origens do movimento, que tem em suas raízes a Rebelião de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, em Nova York.

O problema está longe de ser o tom festivo do evento, já que gays, lésbicas, bissexuais e travestis e transexuais têm, sim, o direito não só de se divertir mas, acima de tudo, de se expressar de acordo com seus padrões de cultura e comportamento.

O que sempre criticamos, e continuaremos fazendo, é o fato de que o evento seja organizado em função dos gigantescos “trio-elétricos” colocados na rua por boates e empresas que lucram com o “pink money”. Uma opção que, ao lado das alianças políticas (com a prefeitura, os governos estadual e federal), contribui em muito para a despolitização do evento, na medida em que praticamente inviabiliza manifestações e protestos.

Uma crítica que, felizmente, começa a ser compartilhada cada vez por mais gente, o que, talvez, tenha sido a “grande” novidade da Parada deste ano.

“Uma luta que se faz nas ruas”
Um “detalhe” para o qual os organizadores do evento não fizeram muita questão de chamar atenção é o fato de que o “bloqueio” imposto pela bancada evangélica foi vergonhosa e escandalosamente negociado pela presidente Dilma, em troca de votos na tentativa de salvar o pescoço corrupto de Palocci.

Um fato que foi lembrado por José Maria de Almeida, que falou em nome da Central Sinsical e Popular - Conlutas no principal carro de som, na abertura da Parada:
“As negociatas de Dilma, a postura reacionária de gente como Bolsonaro e amplos setores do congresso demonstram que não podemos confiar neste caminho para a conquista dos direitos que os homossexuais precisam e merecem. A luta contra a homofobia, que vitima cada vez mais jovens nas ruas de São Paulo, também não depende de quem está em cima destes carros de som. Esta é uma luta que se faz nas ruas”.

Cabe lembrar que o mesmo Zé Maria foi um dos companheiros que foi agredido e detido (juntamente com outros militantes da central) na edição 2008 da Parada, quando, por iniciativa da Associação, a polícia foi convocada para retirar o carro de som que havia sido organizado pela entidade.

Este ano, contudo, o presidente da Associação, Ideraldo Beltrame, esteve na sede da CSP-Conlutas para convidar a entidade para o evento. Uma mudança de postura que reflete, em primeiro lugar, o justo reconhecimento da atuação da entidade, através de seu setorial LGBT, nas muitas manifestações que foram organizadas nos últimos meses contra os ataques homofóbicos.

Mas, também, só pode ser explicada pela crescente pressão por mudanças no “tom” e formato da Parada de São Paulo. Algo ressaltado até mesmo por um vídeo da TV UOL, intitulado “Homossexuais criticam tom "carnavalesco" da Parada Gay”, que circulou amplamente pela Internet.

Foi esse mesmo questionamento que levou o grupo Anti-Homofobia, que se organizou através do Facebook, não só a promover diversas manifestações desde o final de 2010, como também a participar da organização, nesta Parada, de um “bloco”, com o objetivo de conquistar um espaço para manifestação política e para o protesto no interior da Parada.

Um objetivo que, segundo Felipe Oliva, do “Anti-homofobia” foi plenamente atingido:
“Apesar de ‘pequena’ no meio deste mar de gente, nossa participação é importante. Conseguimos, através de nossas falas, não só levar o debate político para os milhares que estavam ao nosso redor, atingindo inclusive um público que não tem acesso às redes sociais na internet”.

Os militantes da CSP-Conlutas, por compartilharem deste mesmo objetivo, se localizaram durante a Parada junto ao carro de som organizado pelo “bloco” e o companheiro Guilherme Rodrigues, lamentavelmente, vítima de uma das muitas agressões homofóbicas que pipocaram em São Paulo, no início do ano, foi convidado a falar no carro de som.

Falando também em nome do setorial LGBT da CSP-Conlutas, Guilherme lembrou:
“Hoje é dia de festa, porque a gente tem orgulho de ser o que é. Mas, também, é dia de luta, porque não podemos esquecer todos aqueles e aquelas que foram assassinados, que sofreram ou foram humilhados, exatamente porque somos o que somos. Mas, acima de tudo, é dia de luta. É dia de resgatar o espírito de Stonewall e de lembrar que a luta contra a homofobia não pode servir como moeda de troca para salvar políticos safados, nem pode ser pisoteada por fascistas e reacionários. Por isso, estamos aqui para celebrar o pouco que conquistamos, mas, acima de tudo, para demonstrar nossa disposição de seguir lutando até que tenhamos todos os direitos que precisamos e merecemos”.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Fala, Professora Amanda!

Com amplíssima diferença de votos, assembleia da Rede Estadual do RN ratifica adiamento do congresso do SINTE

Amanda Gurgel, professora da rede estadual de ensino do RN e da rede municipal de Natal

Após o vexame da última assembleia, realizada no dia 14 de junho, em que a direção do SINTE/RN valeu-se mais uma vez das suas manobras para impedir que a categoria debatesse temas de seu interesse, acendendo na base o sentimento de revolta, levando trabalhadoras a quase chegarem às “vias de fato” com a direção, o polêmico tema da realização do congresso da categoria em período de greve da Rede Estadual foi retomado na assembleia do dia 21.

O imbróglio em torno do congresso tem a sua origem no descumprimento pela direção atual do estatuto da entidade, que determina a sua realização a cada 2 anos. Ocorre que pessoas que ingressaram no magistério público do RN e de Natal a partir de 2005 não tiveram ainda a oportunidade de participar dessa importante instância de deliberação da sua entidade representativa, já que a direção não encaminha o congresso há seis anos, ou seja, são três congressos em atraso!

Diante da flagrante arbitrariedade da direção, a oposição CTB entrou com recurso na justiça exigindo que o congresso fosse realizado ainda no primeiro semestre desse ano. Com a obrigação determinada por força judicial, a direção procedeu à realização do congresso conferindo-lhe um caráter absolutamente formal. Primeiro, estabeleceu o critério de proporção de 01 delegado a cada 30 trabalhadores (as) por turno, o que simplesmente impossibilitaria a maioria das escolas do RN de elegerem representantes, já que praticamente não temos escolas com essa quantidade de trabalhadores (as) por turno, muito menos sindicalizad@s, visto que o contingente de terceirizad@s e contratad@s aumenta cada vez mais. Além disso, disponibilizou as atas e normas para retirada de delegad@s, assim como todas as informações referentes ao congresso, em tempo insuficiente para eleição dos representantes nas escolas cuj@s professores (as) não concordam com as práticas da direção, sobretudo porque não havia nem mesmo cartazes divulgando o evento.

Diante da deflagração da greve da Rede Estadual, o que impossibilita a retirada de delegad@s nessas escolas, houve um acordo entre as partes envolvidas no processo judicial e todas as forças – as da direção e as da oposição – para que o congresso fosse adiado para os dias 10, 11 e 12 de novembro, no Praiamar, hotel da capital em que ocorrem muitos eventos da educação. Isso ficou muito bem claro para tod@s, no entanto, poucos dias depois fomos surpreendidos pela presença de cartazes divulgando o congresso nos dias 28, 29 e 30 de junho, em Nísia Floresta (uma cidade da Grande Natal, relativamente distante). Obviamente, tratava-se de um golpe da direção que demonstrou não ter interesse em reunir a categoria em torno de um congresso. Primeiro quando o atrasou em 6 anos, depois quando foi obrigada pela justiça a realizá-lo e conferiu-lhe um caráter meramente formal (com data inviável e critério impossível para eleição de delegad@s). Por ultimo, quando passou por cima de um acordo entre as correntes, antecipando a sua data em cinco meses sem qualquer tipo de discussão, favorecendo a retirada de delegad@s apenas nas escolas em que exerce influência.

É fácil compreender porque a direção não quer um congresso democrático do qual a categoria participe efetivamente. Há muito tempo a maioria d@s dirigentes do SINTE não sabe o que é o cotidiano de uma escola e não tem interesse em debater os problemas que realmente afligem a categoria, sobretudo nesse momento em que está em debate o PNE 2011 – 2020, cuja política que aprofunda ainda mais os problemas já existentes nas escolas é defendida por ela, que é base do Governo Federal. Além disso, não querem debater questões fundamentais do regimento da entidade, que pretendemos reavaliar, como o funcionamento das eleições para direção do SINTE, bem como o período limite para ocupação dos seus cargos pela mesma pessoa.

A polêmica foi levantada na assembleia do dia 14 de junho, que sofreu uma manobra da direção. Num passe de mágica – depois de tantos apelos feitos pela oposição e por outr@s professores (as) da base, ainda durante a greve do município e desde o início da greve do estado para que o SINTE construísse o “Fora Micarla” juntamente com os demais setores – de repente, resolveu sair em passeata “em solidariedade” à juventude que há uma semana já ocupava a Câmara de Vereadores, bastando a oposição apresentar como encaminhamento a votação do adiamento do congresso. A justificativa dada para que a assembleia se dissolvesse foi a urgência em dar apoio à juventude e a irresponsabilidade da oposição que queria “dispersar a categoria” e não construir a caminhada, muito embora eu mesma tivesse utilizado o microfone, nas vezes em que tive oportunidade de fazê-lo nas assembleias, para chamar a direção e a categoria para engrossar o “Fora Micarla”, chegando até mesmo a conversar diretamente com um representante da juventude do PT na tentativa de que ele convencesse a direção disso.

Atenta a todo esse movimento, a categoria não vacilou. Tendo sido defendidas as duas propostas, uma que previa um congresso democrático, participativo, cuja realização não interferisse na mobilização da greve do estado; e a outra que previa uma congresso antidemocrático, baseado em critérios burocratizados e que desviaria o foco da atenção da categoria que, nesse momento, sem dúvida, tem que estar na greve, votou massivamente na primeira proposta, defendida pela oposição. Mas a batalha não foi encerrada, mesmo depois da votação, a direção ainda alegou questões judiciais para uma possível manutenção da data.

Nós lembramos que a justiça só pode ser empecilho quando não há acordo entre as partes. A CTB manifestou publicamente o seu acordo com o adiamento do congresso, comprometendo-se inclusive manifestá-lo na instância judicial. Falta apenas a direção do SINTE/RN cumprir o que foi decidido por mais de 90% da sua base na assembleia do dia 21/06, enviando ao juiz, com a máxima urgência, a ata da ocasião para que ele tome ciência de que se trata de um consenso entre as partes e, sobretudo, um desejo da categoria manifestado em instância democrática de decisão. Resolvido finalmente o imbróglio do adiamento, sugerimos que a data para o congresso seja definida a partir de uma discussão ou a partir de uma mínima consulta à base, levando-se em consideração a peculiaridade do momento após uma greve longa, e que se observe o critério da sua realização pelo menos 60 dias após o fim da greve do Estado.

Rio Grande do Norte

GREVE ESTADUAL DA EDUCAÇÃO CONTINUA FORTE

No dia 21 de junho, chegou a informação de que a governadora Rosalba Ciarlini (DEM), além de se manter irredutível em relação à proposta apresentada aos educadores em greve, ainda elaborou um material que reproduzia a mentira dos 34% de reajuste para ser distribuído na assembleia da categoria. Ocorreu, no entanto, que os próprios funcionários da Secretaria de Educação e Cultura (SEEC) se recusaram a entregar o material, alegando que nele havia mentiras. Com isso, Rosalba não contava.

Primeiramente, é necessário lembrar que a reivindicação inicial apresentada pelo SINTE à categoria e à governadora, a partir da qual foi deflagrada a greve, não era apenas o piso, que é muito baixo, mas a revisão do Plano de Carreira e a equiparação salarial às demais categorias de nível superior da administração direta. Isso representaria praticamente o salário mínimo calculado pelo DIEESE, uma reivindicação histórica do movimento.

A primeira proposta do governo, no entanto, só veio após 30 dias de greve, e não passava do cumprimento da Lei do Piso, com o percentual pago em prestações e somente a partir de setembro. Diante da consensual recusa da proposta em assembleia pelo seu caráter rebaixado, mas sobretudo porque ela não tocava na questão dos funcionários, a greve foi mantida.

A segunda proposta do governo veio com a manutenção do mesmo percentual parcelado, acrescida do engodo do enquadramento dos funcionários que foram excluídos da medida eleitoreira do ex-governador Iberê (PSB), que durante a campanha contemplou uma parte desse segmento, prometendo estender o benefício do enquadramento aos demais caso fosse eleito.

Agora, Rosalba mantém a mesma proposta, partindo para uma covarde jogada de marketing, afirmando que está oferecendo 34% de aumento aos professores. O que a governadora não diz é que esse percentual só seria aplicado, na verdade, aos professores de nível médio que hoje recebem o escandaloso salário de R$ 660,00, e que os demais receberiam um percentual irrisório, o que colocaria fim à carreira da categoria, conquistada com muita luta. Tal política de acabar com a carreira da categoria, aliás, tem sido apresentada como proposta para o término das greves em todo o Brasil e vem sendo rechaçada nacionalmente.

O Piso Nacional é lei e o Governo tem obrigação de cumpri-la. O enquadramento dos funcionários já foi garantido com muita luta e a partir das greves. Portanto, é mais uma obrigação e mais uma dívida do governo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Absurdo

PROFESSORES CONTRATADOS DE CEARÁ-MIRIM NÃO RECEBEM SALÁRIO DESDE FEVEREIRO

A cada dia que passa o cenário caótico da educação pública no Brasil piora ainda mais. Escolas sem estrutura adequada, merenda insuficiente e de baixa qualidade, ausência de material escolar e servidores desvalorizados. A todo instante, o país descobre uma realidade chocante na educação. No Rio Grande do Norte, mais uma vez o exemplo de desrespeito com os trabalhadores que fazem o ensino público vem de Ceará-Mirim. No município, os professores contratados pela Prefeitura não recebem seus salários desde fevereiro deste ano.

A situação é dramática. Estes professores não veem a cor do próprio dinheiro há quase cinco meses e ainda possuem um salário menor do que o dos concursados. Se recebessem, a remuneração seria de R$ 545. Como se isso não bastasse, todos os contratados estão em condições irregulares, já que seus contratos não foram aprovados pela Câmara Municipal. Não há sequer um documento que comprove o vínculo destes trabalhadores com a Prefeitura de Ceará-Mirim.

Em audiência com o prefeito Antônio Peixoto (PR), o Sinte/RN de Ceará-Mirim ouviu do chefe do executivo municipal a promessa de regularizar a situação dos contratados e pagar os salários no dia 10 de junho. Entretanto, até o momento, os professores continuam sem receber nenhum centavo.

“Os trabalhadores estão cansados de esperar sem ter uma definição. Reafirmamos que a culpa desta situação é da Prefeitura. Para nós, salário é prioridade, já que tem a ver com a manutenção da vida destes profissionais e de seus familiares. Exigimos respeito com estes trabalhadores e o pagamento imediato de seus salários. Caso esta situação não seja resolvida, iremos convocar os companheiros a não iniciar suas atividades após o recesso escolar.”, defendeu José Farias, diretor do Sinte de Ceará-Mirim.

Deu na Imprensa

Professores fazem até jornadas triplas para aumentar renda

G1 falou com profissionais de escolas em SP, DF, RJ, MG, MS, MT e SC. Professora 'sorteia' contas para pagar; outra fez empréstimo para quitar pós.

Jornadas de 30, 40 e até 60 horas semanais, três empregos, pouco tempo para ver os filhos, a família. Sorteio para pagar as contas do mês. Empréstimos, bicos, jornada tripla. E salários baixos. Esta é a rotina de grande parte dos professores da rede pública de ensino no país, muitos deles pós-graduados.

"Não consigo dar conta de pagar minhas contas mensais", diz a professora Maria Patrícia Almeida Santos Costa, de 38 anos, que leciona no ensino fundamental da escola estadual Professor José Baptista Castellões, na Zona Sul da capital paulista. Ela faz um sorteio todo mês para decidir o que deixar em dia. “Esse mês nós vamos pagar o seguro do carro. Já sabemos que o telefone e o condomínio nós não vamos conseguir."

Tempo para o lazer não é uma possibilidade, segundo ela, com um salário de R$ 1.213. "Há muito tempo eu não viajo. No cinema eu ainda vou, porque eu e o meu filho temos desconto. Às vezes vamos a algum parque público", diz ela. “Eu já tirei uma carteira de trabalho nova e estou procurando trabalho desde abril. Sou casada com um funcionário público e nossa renda é baixa.”

Sem tempo para os filhos
No Distrito Federal, a jornada de Jucimeire Barbosa, de 45 anos, chega a 60 horas por semana. Dá aulas de artes para o ensino fundamental pela manhã, trabalha à tarde, três vezes por semana, na coordenação da escola e leciona na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) à noite. Mal sobra tempo para os três filhos. "Muitas vezes meu filho de 6 anos espera eu chegar às 23h para ajudá-lo nos deveres", conta ela, sobre o ritmo de trabalho que mantém há 14 anos.

Jucimeire já chegou a trabalhar em três escolas de duas regiões diferentes – e fazia todo o percurso de ônibus. Mas a renda líquida média não passa de R$ 3,9 mil por mês, o que a impede de investir na carreira. "A gente se forma, trabalha e quer chegar a um ambiente organizado, com tranquilidade. Aí passa por dificuldades, sobra pouco tempo de cuidar de si mesmo, de seu espaço. É bem difícil mesmo."

Professor faz jornada tripla para ser advogado
Em Mato Grosso do Sul, o professor Leossandro Carlos Adamiski, de 28 anos, já fez jornada tripla para trabalhar e agora faz para estudar. Ele trabalha 36 horas por semana em duas escolas dando aulas de filosofia. À noite, cursa Direito.

"Dou aula de manhã e a tarde. No período da noite estou fazendo outra faculdade. Temos que estar preparados para o mercado. Afinal a profissão de professor não está tão fácil", conta o professor.

Ele afirma que é impossível pagar as contas dando aulas em apenas uma escola. “Já cheguei a dar aulas nos três turnos para complementar a renda. Não tem como sobreviver dando aula em apenas uma escola, o salário é muito pouco. Juntei dinheiro para comprar meu carro porque eu tinha que ficar indo de uma escola para outra e gastava quase uma hora no ônibus".

Adamiski diz que o trabalho acaba preenchendo parte dos dias de folga. "Além das aulas, temos que levar para a casa as provas e trabalhos para corrigir. Temos que fazer diários, relatórios e planejamentos de aulas", afirma.

Em Videira (SC), o professor Ravel Ribeiro, de 27 anos, se divide entre quatro escolas, de manhã, à tarde e à noite. No total, são 50 horas/aula, que rendem um salário líquido de R$ 1.980. A mulher está grávida, e o casal tem outro filho de dois anos, com quem Ravel só tem as noites de segunda e terça. Ele faz parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Rede Estadual de Ensino do estado, onde os professores estão em greve desde o dia 18 de maio.

Pós-graduado e estudante de mestrado, ele dá aulas de matemática e química para cerca de 450 alunos. “Meu objetivo com o mestrado é dar aula numa escola particular ou numa universidade”, diz.

'Correr de lá para cá'
Marcelo Santana enfrenta uma tripla jornada nas redes municipal, estadual e ainda dá aulas num colégio particular na Ilha do Governador, subúrbio do Rio. Mora com a filha de 19 anos e os pais, de quem precisa de ajuda financeira. Pela rede estadual, recebe cerca de R$ 940 e, pela municipal, R$ 1.337. Na particular, são R$ 350.

“A minha filha faz pré-vestibular comunitário porque não dá para eu pagar um pré-vestibular top de linha”, reclama. “Houve um tempo em que eu dava 60 aulas por semana, mas estou cansado. Diminuí para 40 aulas.” Hoje, são 32 horas semanais no município, mais 16 horas no estado e outras quatro horas semanais na rede particular.

“A gente trabalha com uma realidade complicada, de vários tipos de alunos. Você não pode fazer um trabalho com mais afinco porque você tem que correr de lá para cá”, diz.

'É pura vocação', diz professor pós-graduado
O casal de professores Luiz Henrique Rodrigues, de 50 anos, e Clécia Lúcia de Lacerda, de 37 anos, que trabalha na escola estadual Martins Pena, na Zona Sul de São Paulo, faz jornada dupla para conseguir manter o orçamento doméstico. Com descontos e abonos, o professor, que é pós-graduado em história e tem ainda dois cursos de especialização, recebeu, em abril, R$ 1.617, por 40 horas semanais. "É pura vocação", afirma ele sobre a profissão.

Clécia, professora de português, cumpre 30 horas de trabalho na rede pública estadual e mais uma jornada de 40 horas na rede municipal. "Não pode pensar no salário na hora que vai para a sala de aula", diz ela, que ganha um salário de R$ 1.552, fruto de um aumento recente pelo bom desempenho na avaliação de mérito. "Acho que meus alunos precisam de mim. Eu faço a diferença na sala de aula. Eu tenho esse retorno deles.”

A pedagoga Karina Sousa, com duas pós-graduações no currículo e cursando a segunda graduação, recebe um salário bruto de R$ 1.700 para trabalhar 40 horas por semana, também em Videira (SC). Casada e com um filho, ela tenta economizar indo a pé para uma das escolas em que trabalha. Na volta, conta com a carona dos colegas.

Para dar conta dos cursos de qualificação, Karina chegou a vender roupas informalmente, a fazer empréstimos e a dar aulas de reforço em casa. “Nos primeiros anos, eu não tinha acesso à internet e computador em casa. Para a última pós-graduação, tive que negociar as parcelas em atraso para passar pela banca de conclusão de curso. Para pagar a outra, fiz um empréstimo de R$ 2,4 mil”, conta.

Ela trabalha há cinco anos na rede estadual como professora ACT, que tem contrato por ano letivo. Em janeiro e fevereiro, quando as escolas estão em férias, Karina fica sem trabalho e sem renda. Ela diz pensar em se mudar de estado e ir para o Distrito Federal, onde o salário é melhor, ou até em mudar de país.

Quase metade do salário com combustível
Em Mato Grosso, a professora Letícia Aquino da Silva, de 27 anos, chega a gastar quase metade do salário em combustível para se deslocar a uma cidade onde dá aulas. Ela é professora de educação física em duas escolas das redes estadual e municipal.

Como funcionária do estado ela trabalha em um colégio que fica em outro município, no período noturno. Todos os dias ela se desloca de Cuiabá para a cidade de Rosário Oeste, a 133 quilômetros da capital. A professora usa o próprio carro para viajar até o serviço. “Vou com o meu carro porque de ônibus o horário não daria certo. Talvez fosse até mais barato ir de ônibus, mas não dá”, explica Letícia.

Para percorrer a distância entre a casa e o trabalho, Letícia afirma que gasta quase a metade dos R$ 1.873,02 que recebe como professora com combustível. Ela sai de casa às 17h e chega ao município às 19h. A aula termina às 22h. O retorno é feito no mesmo dia, e só por volta da meia-noite é que ela consegue chegar em casa. E a partir das 7h do dia seguinte, tem que estar dentro da sala de aula na escola em que também trabalha, em Cuiabá, na rede municipal. “Esse mês eu gastei R$ 700 com combustível porque o preço diminuiu. Mas no mês passado eu cheguei a gastar mil reais”, conta.

Rotina de bicos
A rotina não é diferente em Minas Gerais. A professora Alessandra Andrade de Souza Said, de 37 anos, que dá aulas há 11 na rede estadual de educação, em Belo Horizonte, diz que há colegas que vendem roupas, bijuterias e cosméticos para completar a renda. Ela trabalha uma média de 12 horas diárias para conseguir manter as contas em dia.

Pela maratona profissional de três turnos, a educadora ganha R$ 2.652. No contracheque dela, o valor pago pelas 21 aulas no estado é de R$ 567,04. Com as gratificações, o salário vai para R$ 1.252,54.

Casada e mãe de uma menina de 12 anos, a professora diz que ajuda o marido nas despesas de casa e que não tem nada extra. “Acho que, se fosse o caso, eu poderia cortar a TV a cabo porque a internet eu preciso para trabalhar e a minha filha para estudar, pesquisar. Ainda bem que eu não pago aluguel. Já pensou se pagasse?”, questiona.

Na escola Martins Pena, a professora de física e matemática Luciany Shirley Lúcia da Silva, de 45 anos, dá aulas há 19 anos, mas não é efetiva. A jornada de 40 horas semanais rende um salário líquido de R$ 1.600, porém, o desconto de um empréstimo consignado faz com que a remuneração não seja suficiente para arcar com as despesas.

"Pago R$ 500 de aluguel e R$ 150 de transporte. Se precisar ir ao dentista ou comprar medicamentos, preciso contar com os meus trabalhos extras. Se não, jogo no cartão para pagar no mês seguinte", conta.

Para a professora Alessandra Said, além da desvalorização salarial, há a desvalorização humana. “Professor e nada é a mesma coisa.”


Fonte: Portal G1 - 17/06/2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Deu na Imprensa

Estado gasta mais com diárias do que com expansão do Ensino Médio

Dados são do Portal da Transparência que revelam: até junho, RN gastou R$ 3,6 milhões com diárias e R$ 815 mil com expansão do Ensino Médio.

Os investimentos na expansão e melhoria do Ensino Médio do Rio Grande do Norte somam até agora R$ 815.171,90, enquanto no mesmo período o Governo do Estado despendeu R$ 3.670.907,88 com diárias.

A informação consta do Portal da Transparência e revela que os gastos com diárias são três vezes mais incidentes do que as melhorias no Ensino Médio do RN. Os gastos da pasta de Educação a que se refere o Portal da Transparência são reformas em escolas estaduais e assessoria técnica.

Os dados não incluem as despesas de manutenção da rede de ensino. No mesmo período do ano passado, o Governo do Estado havia gasto com diárias pouco mais que R$ 10 milhões, uma economia de 65%. Igualmente, no intervalo considerado, os investimentos na expansão e melhoria do Ensino Médio foram de apenas R$ 361.447,88.

Fonte: Portal No Minuto - 20/06/2011

sábado, 18 de junho de 2011

Artigo

A desmoralização social da carreira docente

VALÉRIO ARCARY, historiador, professor do Cefet/SP e membro do conselho editorial da revista Outubro

Qualquer avaliação honesta da situação das redes de ensino público estadual e municipal revela que a educação contemporânea no Brasil, infelizmente, não é satisfatória. Mesmo procurando encarar a situação dramática com a máxima sobriedade, é incontornável verificar que o quadro é desolador. A escolaridade média da população com 15 anos ou mais permanece inferior a oito anos, e é de quatro entre os 20% mais pobres, porém, é superior a dez entre os 20% mais ricos 1. É verdade que o Brasil em 1980 era um país culturalmente primitivo que recém completava a transição histórica de uma sociedade rural. Mas, ainda assim, em trinta anos avançamos apenas três anos na escolaridade média.

São muitos, felizmente, os indicadores disponíveis para aferir a realidade educacional. Reconhecer as dificuldades tais como elas são é um primeiro passo para poder ter um diagnóstico aproximativo. A Unesco, por exemplo, realiza uma pesquisa que enfoca as habilidades dominadas pelos alunos de 15 anos, o que corresponde aos oitos anos do ensino fundamental 2. O Pisa (Programa Internacional de avaliação de Estudantes) é um projeto de avaliação comparada. As informações são oficiais porque são os governos que devem oferecer os dados. A pesquisa considera os países membros da OCDE além da Argentina, Colômbia e Uruguai, entre outros, somando 57 países.

Em uma avaliação realizada em 2006, considerando as áreas de Leitura, Matemática e Ciências o Brasil apresentou desempenho muito abaixo da média 3. No caso de Ciências, o Brasil teve mais de 40% dos estudantes situados no nível mais baixo de desempenho. Em Matemática, a posição do Brasil foi muito desfavorável, equiparando-se à da Colômbia e sendo melhor apenas que a da Tunísia ou Quirguistão. Em leitura, 40% dos estudantes avaliados no Brasil, assim como na Indonésia, México e Tailândia, mostram níveis de letramento equivalentes aos alunos que se encontram no meio da educação primária nos países da OCDE. Ficamos entre os dez países com pior desempenho.

As razões identificadas para esta crise são variadas. É verdade que problemas complexos têm muitas determinações. Entre os muitos processos que explicam a decadência do ensino público, um dos mais significativos, senão o mais devastador, foi a queda do salário médio docente a partir, sobretudo, dos anos oitenta. Tão grande foi a queda do salário dos professores que, em 2008, como medida de emergência, foi criado um piso nacional. Os professores das escolas públicas passaram a ter a garantia de não ganhar abaixo de R$ 950,00, somados aí o vencimento básico (salário) e as gratificações e vantagens. Se considerarmos como referência o rendimento médio real dos trabalhadores, apurado em dezembro de 2010 o valor foi de R$ 1.515,10 4. Em outras palavras, o piso nacional é inferior, apesar da exigência mínima de uma escolaridade que precisa ser o dobro da escolaridade média nacional.

Já o salário médio nacional dos professores iniciantes na carreira com licenciatura plena e jornada de 40 horas semanais, incluindo as gratificações, antes dos descontos, foi R$1.777,66 nas redes estaduais de ensino no início de 2010, segundo o Ministério da Educação. Importante considerar que o ensino primário foi municipalizado e incontáveis prefeituras remuneram muito menos. O melhor salário foi o do Distrito Federal, R$3.227,87. O do Rio Grande do Sul foi o quinto pior, R$1.269,56 5. Pior que o Rio Grande do Sul estão somente a Paraíba com R$ 1.243,09, o Rio Grande do Norte com R$ 1.157,33, Goiás com R$ 1.084,00, e o lanterninha Pernambuco com R$ 1016,00. A pior média salarial do país corresponde, surpreendentemente, à região sul: R$ 1.477,28. No Nordeste era de R$ 1.560,73. No centro-oeste de R$ 2.235,59. No norte de R$ 2.109,68. No sudeste de R$ 1.697,41.

A média nacional estabelece o salário docente das redes estaduais em três salários mínimos e meio para contrato de 40 horas. Trinta anos atrás, ainda era possível ingressar na carreira em alguns Estados com salário equivalente a dez salários mínimos. Se fizermos comparações com os salários docentes de países em estágio de desenvolvimento equivalente ao brasileiro as conclusões serão igualmente escandalosas. Quando examinados os salários dos professores do ensino médio, em estudo da Unesco, sobre 31 países, há somente sete que pagam salários mais baixos do que o Brasil, em um total de 38 6. Não deveria, portanto, surpreender ninguém que os professores se vejam obrigados a cumprir jornadas de trabalho esmagadoras, e que a overdose de trabalho comprometa o ensino e destrua a sua saúde.

O que é a degradação social de uma categoria? Na história do capitalismo, várias categorias passaram em diferentes momentos por elevação do seu estatuto profissional ou por destruição. Houve uma época no Brasil em que os “reis” da classe operária eram os ferramenteiros: nada tinha maior dignidade, porque eram aqueles que dominavam plenamente o trabalho no metal, conseguiam manipular as ferramentas mais complexas e consertar as máquinas. Séculos antes, na Europa, foram os marceneiros, os tapeceiros e na maioria das sociedades os mineiros foram bem pagos. Houve períodos históricos na Inglaterra – porque a aristocracia era pomposa - em que os alfaiates foram excepcionalmente bem remunerados. Na França, segundo alguns historiadores, os cozinheiros. Houve fases do capitalismo em que o estatuto do trabalho manual, associada a certas profissões, foi maior ou menor.

A carreira docente mergulhou nos últimos vinte e cinco anos numa profunda ruína. Há, com razão, um ressentimento social mais do que justo entre os professores. A escola pública entrou em decadência e a profissão foi, economicamente, desmoralizada, e socialmente desqualificada, inclusive, diante dos estudantes.

Os professores foram desqualificados diante da sociedade. O sindicalismo dos professores, uma das categorias mais organizadas e combativas, foi construído como resistência a essa destruição das condições materiais de vida. Reduzidos às condições de penúria, os professores se sentem vexados. Este processo foi uma das expressões da crise crônica do capitalismo. Depois do esgotamento da ditadura, simultaneamente à construção do regime democrático liberal, o capitalismo brasileiro parou de crescer, mergulhou numa longa estagnação. O Estado passou a ser, em primeiríssimo lugar, um instrumento para a acumulação de capital rentista. Isso significa que os serviços públicos foram completamente desqualificados.

Dentro dos serviços públicos, contudo, há diferenças de grau. As proporções têm importância: a segurança pública está ameaçada e a justiça continua muito lenta e inacessível, mas o Estado não deixou de construir mais e mais presídios, nem os salários do judiciário se desvalorizaram como os da educação; a saúde pública está em crise, mas isso não impediu que programas importantes, e relativamente caros, como variadas campanhas de vacinação, ou até a distribuição do coquetel para os soropositivos de HIV, fossem preservados. Entre todos os serviços, o mais vulnerável foi a educação, porque a sua privatização foi devastadora. Isso levou os professores a procurarem mecanismos de luta individual e coletiva para sobreviverem.

Há formas mais organizadas de resistência, como as greves, e formas mais atomizadas, como a abstenção ao trabalho. Não é um exagero dizer que o movimento sindical dos professores ensaiou quase todos os tipos de greves possíveis. Greves com e sem reposição de aulas. Greves de um dia e greves de duas, dez, quatorze, até vinte semanas. Greves com ocupação de prédios públicos. Greves com marchas.

Conhecemos, também, muitas e variadas formas de resistência individual: a migração das capitais dos Estados para o interior onde a vida é mais barata; os cursos de administração escolar para concursos de diretor e supervisor; transferências para outras funções, como cargos em delegacias de ensino e bibliotecas. E, também, a ausência. Tivemos taxas de absenteísmo, de falta ao trabalho, em alguns anos, inverossímeis.

Não obstante as desmoralizações individuais, o mais impressionante, se considerarmos futuro da educação brasileira, é valente resistência dos professores com suas lutas coletivas. Foram e permanecem uma inspiração para o povo brasileiro.


1 Os dados sobre desigualdades sociais em educação mostram, por exemplo, que, enquanto os 20% mais ricos da população estudam em média 10,3 anos, os 20% mais pobres tem média de 4,7 anos, com diferença superior a cinco anos e meio de estudo entre ricos e pobres. Os dados indicam que os avanços têm sido ínfimos. Por exemplo, a média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de idade se elevou apenas de 7,0 anos em 2005 para 7,1 anos em 2006. Wegrzynovski, Ricardo Ainda vítima das iniqüidades
in http://desafios2.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=3962
Consulta em 21/02/2011.

2 Informações sobre o PISA podem ser procuradas em:
http://www.unesco.org/new/en/unesco/
Consulta em 21/02/2011

3 O relatório citado organiza os dados de 2006, e estão disponíveis em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001899/189923por.pdf
Consulta em 19/02/2011

4 A pesquisa mensal do IBGE só é realizada em algumas regiões metropolitanas. Não há uma base de dados disponível para aferir o salário médio nacional. Veja o link aqui Consulta em 19/02/2011

5 Uma pesquisa completa sobre os salários iniciais em todos os Estados pode ser encontrada em estudo:
http://www.apeoc.org.br/extra/pesquisa.salarial.apeoc.pdf
Consulta em 14/02/2011

6 http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/unesco.htm

Publicado originalmente na revista do CEPRS

Fora Micarla!

Com acordo para abertura da CEI, manifestantes desocupam a Câmara de Natal

Na noite da última sexta-feira, dia 17, os cerca de 100 manifestantes que ocuparam a Câmara Municipal de Natal por 11 dias deixaram o local com a sensação de que venceram apenas a primeira batalha. Após firmarem um acordo com os vereadores para a instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI), que deverá investigar os contratos suspeitos de irregularidade da Prefeitura, trabalhadores e estudantes decidiram desocupar a Câmara. A saída se deu logo depois da realização de uma audiência pública que debateu a criação da CEI para a próxima quarta-feira, dia 22. A desocupação do prédio ainda foi seguida de mais uma passeata pelas ruas do centro da cidade contra a prefeita Micarla de Souza (PV).

Primeira vitória
Durante a audiência pública, o auditório da Câmara Municipal ficou lotado e metade das cadeiras do plenário foi ocupada pelos manifestantes. Do lado de fora, no pátio do prédio, outras dezenas de pessoas assistiam à audiência por um telão. Os movimentos sociais, entidades estudantis e centrais sindicais que ajudaram a construir o Movimento “Fora Micarla!” estiveram presentes e avaliaram a ocasião como “uma primeira vitória”. “Voltaremos para as ruas em breve. Na próxima semana, teremos novidades. Nosso movimento cresceu. Esses 11 dias de acampamento serviram para fortalecer nossa organização. Continuaremos na luta. Essa foi apenas uma batalha vencida.”, disse o estudante universitário Marcos Aurélio.

A primeira vitória foi obrigar a Câmara de Vereadores a instalar uma Comissão Especial de Inquérito para investigar os contratos da Prefeitura, que estão repletos de indícios de corrupção. Entretanto, o Movimento “Fora Micarla!” ainda terá mais duras batalhas pela frente. A privatização das unidades de saúde, o abandono das escolas do município e o completo descaso com os serviços e os servidores públicos seguem na pauta dos manifestantes, que não pretendem encerrar suas ações apenas com a instalação da CEI.

Representando a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL), o estudante de direito Victor Hugo discursou da tribuna da Câmara e defendeu a ampliação do movimento. “Hoje, depois de 11 dias de nossa ocupação aqui nesta Casa, a gente pode dizer: o movimento sai ganhando. Ele sai ganhando porque todas as vezes em que nós estávamos prontos para apanhar da polícia, resistindo pacificamente, a gente chamou a população e a população respondeu. Ou seja, a gente tem o apoio do povo natalense. E se temos o apoio do povo natalense, a luta não para aqui. Só vamos mudar a frente de batalha. A gente sai dessa Casa e volta às ruas. E é importante que agora a gente vá até as comunidades, até as periferias, onde estão aqueles que mais sofrem.”, destacou.

A solidariedade entre todos os setores da população e a descoberta do quão justo é se revoltar contra injustiças foram marcas registradas da ocupação. Em nota distribuída à imprensa, o movimento que também luta pelo impeachment da prefeita Micarla de Souza lembrou o significado das palavras união e protestar. “Descobrimos que não estamos sós e temos muita força quando estamos juntos. Foi preciso superar a noção de que protestar é uma coisa fora de moda, que não gera resultados, que é coisa de gente baderneira.”, diz trecho da nota.

11 dias que abalaram uma cidade
Os manifestantes do “Fora Micarla!” iniciaram a ocupação da Câmara Municipal no dia 7 de junho. Foram 11 dias que abalaram uma cidade, tomando as páginas dos jornais locais e da imprensa nacional. Na opinião de todos aqueles que estiveram ocupando o prédio, o período de ocupação serviu para abrir um importante debate sobre as condições da cidade e de seu povo. Durante os 11 dias, estudantes, trabalhadores, sindicalistas, servidores públicos e a população em geral tiveram um espaço para expor suas opiniões e apontar os problemas da Prefeitura. As centenas de pessoas que passavam todos os dias pela Câmara, junto com os 90% do povo que rejeitam a administração da prefeita, mostraram a urgência das mudanças e a necessidade da participação popular nas decisões da vida da sociedade.

O “Acampamento Primavera sem Borboleta”, como foi chamada a ocupação dos manifestantes, em referência ao símbolo (uma borboleta) usado pela prefeita Micarla durante sua campanha eleitoral, foi inspirado na luta da Primavera Árabe, que tem iniciado revoluções contra ditaduras sangrentas na região do Norte da África e do Oriente Médio. Tanto lá quanto aqui, as manifestações têm à frente a juventude e seu espírito revolucionário. Simbolicamente, a disposição de ambos os movimentos para mudar os rumos da história poderia ser resumida numa palavra de ordem repetida diversas vezes na ocupação da Câmara de Natal: “Até que tudo cesse, nós não cessaremos!”.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Vídeo

GOVERNO DO ESTADO TEM DINHEIRO PARA PAGAR DIREITOS DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO

Rede Estadual de Educação

ASSEMBLEIA DA REDE ESTADUAL TERMINA EM CONFUSÃO

A assembleia da rede estadual de educação do RN que reafirmou a continuidade da greve por unanimidade foi encerrada com uma grande confusão provocada pelos membros da direção do sindicato (Sinte), na última terça-feira (14).

No momento de apresentar e aprovar os encaminhamentos, o coordenador da mesa, vendo a pressão das oposições pelo adiamento do congresso, conduziu uma votação para encerrar a assembléia, sem a aprovação das propostas que tratavam do adiamento do congresso e do movimento em defesa dos 10% do PIB para a Educação Já, defendido nacionalmente pela professora Amanda Gurgel. Ao tentar encerrar a assembleia, o coordenador da mesa foi acusado de golpista por uma diretora do SINTE que dizia isso aos gritos.

A coordenadora geral do SINTE tentou explicar que não era possível o adiamento do congresso e que a oposição seria a responsável pela realização de um congresso corrido e sem a participação da base. Entretanto, ela não convenceu a categoria e a confusão só aumentou.

Nós, da Oposição CSP-CONLUTAS, lamentamos o ocorrido, pois as tarefas que temos enquanto categoria para fortalecer a greve são muito grandes e necessitam de organização, coragem e paciência para encaminhar as lutas. Mas, ao mesmo tempo, compreendemos que a categoria já está cansada de sofrer golpes por parte desta direção governista e burocrática, que só defende os interesses dos seus aliados e dirige o nosso sindicato como se este fosse propriedade deles e do partido que eles representam.

Rede Estadual de Educação

EDUCADORES DO RIO GRANDE DO NORTE MANTÊM GREVE FORTE

Professores e funcionários da rede estadual rejeitaram a proposta do governo e decidiram manter a paralisação, que já ultrapassa os 40 dias.

Na tarde deste dia 14 de junho, na Escola Estadual Winston Churchil, mais de 600 trabalhadores da educação do Rio Grande do Norte decidiram manter a greve da categoria, que já dura mais de 40 dias. Por unanimidade, professores e funcionários rejeitaram a proposta da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), que ainda não atende a totalidade das reivindicações nem cumpre de imediato os direitos cobrados pelos trabalhadores.

O governo reiterou a implantação do Piso Nacional do Magistério para 30 horas semanais, o que corresponde a R$ 890, e propôs atualizar em 34% os salários dos demais professores, com pagamento dividido em quatro parcelas a partir de setembro. Entretanto, a proposta se limita a atender neste momento apenas aos profissionais em início de carreira, desrespeitando o Plano de Cargos da categoria.

Para os funcionários das escolas, o governo propôs pagar à metade dos servidores - cerca de 4.600 trabalhadores - a primeira parcela do Plano de Cargos, o que corresponde a uma atualização de 30% nos salários, que já deveria ter sido implantada desde o ano passado. Dessa forma, os funcionários continuam sem nenhuma proposta que garanta o cumprimento dos seus direitos para este ano.

Durante a assembleia, os trabalhadores ratificaram a decisão de permanecer em greve até que o governo cumpra o pagamento dos direitos em atraso, sem parcelamento do Plano de Cargos.

Corte de ponto
Ao saber que os educadores não aceitaram a proposta, o secretário chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso, anunciou que vai cortar o ponto dos docentes que não voltarem ao trabalho. O objetivo do governo é amedrontar os trabalhadores para encerrar a greve. Mas as decisões da assembleia da categoria mostram justamente o contrário e revelam a disposição dos educadores em continuar a paralisação. Na próxima segunda-feira, haverá uma reunião para buscar a unificação da luta com as demais categorias do funcionalismo público em greve.

Professores temporários estão sem salários desde fevereiro
O governo do Rio Grande do Norte já pediu a ilegalidade da greve da educação e insiste em não cumprir os direitos dos trabalhadores garantidos por lei. Mas a situação de gravidade e desrespeito com a educação não se resume apenas aos profissionais efetivos. Segundo dados da assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Educação, 913 professores contratados através de processo seletivo realizado neste ano, estão sem receber seus salários desde o registro nos quadros da secretaria. Desse total, 661 não veem a cor do dinheiro desde fevereiro. Outra parcela, de 252, não recebe desde abril. “Que moral tem esse governo para dizer que nossa greve é ilegal?! Como pode um governo não pagar nem mesmo os salários dos trabalhadores, que por serem contratados, ainda se mantêm em sala de aula?! Para o governo de Rosalba, legal é não pagar os direitos dos educadores, não cumprir o Plano de Cargos e não pagar os salários.”, afirmou a professora e militante da CSP-Conlutas, Amanda Gurgel.

Fora Micarla!

STJ concede Habeas Corpus e ocupação da Câmara de Natal continua

No início da noite desta quarta-feira, dia 15, uma notícia fez cerca de 300 pessoas vibrarem de felicidade no pátio da Câmara Municipal de Natal, ocupada desde o último dia 7. Pouco depois das 18 horas, os manifestantes que pedem o impeachment da prefeita Micarla de Souza (PV) receberam a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), revogando a determinação do desembargador Caio Alencar para desocupação da Câmara. O pedido de Habeas Corpus, feito pela comissão jurídica do movimento “Fora Micarla!”, foi atendido pelo ministro Herman Benjamim. Antes de receberem a notícia da decisão, os manifestantes já se preparavam para resistir à ação da polícia que pretendia desocupar o prédio.

Forte emoção
Abraços, gritos de vitória, lágrimas nos olhos. Este foi o cenário visto logo após a leitura da decisão do STJ no meio do pátio da Câmara de Natal. Em seguida, o som das palavras de ordem e dos tambores de estudantes tomou conta do local. “O povo querendo, Micarla sai correndo!”, “polícia é pra Micarla, pra estudante não!”, cantavam os manifestantes. A euforia era tão grande que na mesma hora foi realizado até um buzinaço com fechamento de uma rua em frente à Câmara Municipal.

Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Rio Grande do Norte (OAB-RN), Paulo Eduardo Teixeira, que esteve na Câmara de Natal após o anúncio do Habeas Corpus, a decisão do STJ é uma vitória parcial do movimento e uma lição para os governantes.
“Os governantes precisam aprender com esse episódio. Isso é uma sinalização de que a sociedade quer mudanças.”, disse.

Agora, se a Câmara de Vereadores ou Prefeitura de Natal quiserem derrubar o Habeas Corpus, vão ter de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Ocupação ganha força
Iniciada no dia 7 de junho, após a realização de três grandes passeatas que reuniram em média 2.500 pessoas, a ocupação “Fora Micarla!” pede a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar os contratos da Prefeitura, além da saída da prefeita Micarla de Souza do executivo. Com a decisão do STJ, o movimento ganha mais força e tende a se ampliar ainda mais, para desespero da Câmara e da Prefeitura. A presença de sindicatos, centrais sindicais e movimentos sociais têm dado à manifestação uma face cada vez mais abrangente. A CSP-Conlutas e a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre tem apoiado irrestritamente a ocupação.

Depois do anúncio do Habeas Corpus, que garante a ocupação por mais tempo, os acampados permanentes no prédio já passam de 100 pessoas. Entretanto, centenas de pessoas passam todos os dias pelo local para levar solidariedade. São estudantes, sindicalistas, professores, intelectuais, trabalhadores sem terra. Gente jovem e idosa. Gente que viveu as “Diretas Já” e o “Fora Collor”. Gente que está vivendo pela primeira vez um grande movimento de comoção popular.
“Impossível não dizer que estamos fazendo história aqui nesse momento. O Fora Micarla é um movimento que luta contra a privatização da saúde e o abandono da educação e defende todos os serviços públicos essenciais à população de Natal. Queremos a saída da prefeita porque pretendemos uma cidade voltada para o povo e os trabalhadores.”, explicou Wilson Silva, da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL).

Segundo as últimas pesquisas, a prefeita Micarla de Souza é rejeitada por quase 90% da população e está sendo investigada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e pelo Ministério Público por uma série de irregularidades nos contratos feitos pela Prefeitura, principalmente os referentes aos aluguéis do município.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Educação Pública

10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO JÁ!

Contra o PNE do governo Dilma! Por um Projeto de Educação Nacional dos Trabalhadores!

A Central Sindical e Popular - Conlutas vem a público anunciar o gravíssimo ataque à Educação Pública no nosso país materializado no PNE (Plano Nacional de Educação), PL 8035/10 do Governo Dilma. Esse PNE compromete seriamente o ensino público, gratuito, universal, laico, unitário e de qualidade social, como dever do Estado e direito universal. O PNE que tramita no Congresso Nacional, com apoio do AGCS/OMC (Acordo Geral de Comércio de Serviços da Organização Mundial do Comércio), dilui o dever do Estado na garantia do direito à Educação Pública institucionalizando as Parcerias Público Privadas (PPP’s) e rifando o protagonismo histórico dos educadores.

Cabe lembrar que o PNE, que expirou em dezembro de 2010, não chegou a cumprir nem 2/3 das precárias metas que se propôs em dez anos, nem sequer chegou a investir 4,5% do PIB na Educação e agora tenta provar que o Estado fracassou, o que justificaria o apoio das empresas privadas. O Estado não fracassou, e sim as políticas de governos descomprometidas com a classe trabalhadora que – cinicamente – tentam conciliar justiça social com mercado e continuar desviando verbas públicas para os setores privados. O que demonstra que a Educação continua sem ser prioridade foi o corte de R$ 50 bilhões que Dilma impôs, contabilizando um corte de R$ 3,1 bilhões na pasta de Educação. Como melhorar a Educação sem investimento real? Além disso, o novo PNE incorpora as políticas e projetos que no último período significaram maior precarização e privatização da Educação. Vamos desmascarar esse golpe, pois um plano de educação não pode se curvar às leis de mercado colocando em risco a emancipação de uma sociedade.

O Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego), entre as várias estratégias/metas do PNE governista, é um programa elaborado pelo Governo Dilma em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria). A proposta do programa é oferecer bolsas e financiamento estudantil em troca da isenção de impostos. É uma versão piorada do privatizante Prouni (Programa Universidade para Todos), com envio direto de dinheiro para o setor privado, não somente via isenção de impostos. Através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) o governo pretende oferecer financiamento ao Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SENAC). É a farra dos “financiamentos” chegando ao ensino médio! A educação como um negócio espetacular mobilizando o/a globo numa “blitz” que mais parece um “topa tudo por dinheiro”. Não vamos deixar barato!

Não por acaso a voz da professora Amanda Gurgel ressoa em todo o país que aprendeu a se apropriar das tecnologias para construir a resistência. Essa voz encontra ressonância porque cada profissional se reconhece nos poucos algarismos dos salários aviltantes, nas vergonhosas condições de trabalho, no desrespeito à autonomia pedagógica, na falta de democracia das escolas, mas também na certeza de que é preciso lutar para mudar a vida e construir um país melhor.

É hora de construirmos uma grande campanha em defesa do projeto de educação que queremos, contra o PNE governista e pela destinação imediata de 10 % do PIB exclusivamente voltado para a Educação Pública. Um país sem pobreza começa por uma Educação Pública de Qualidade para Todos!

Fora Micarla!

Ocupação da Câmara Municipal de Natal já dura uma semana

Desde o último dia 7, dezenas de estudantes mantêm uma ocupação pacífica, exigindo a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar contratos feitos pela Prefeitura de Natal.

A capital do Rio Grande do Norte tem vivido dias de Egito. Desde o último dia 7, dezenas de estudantes mantêm uma ocupação pacífica na Câmara Municipal de Natal. Os manifestantes exigem a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar os contratos feitos pela Prefeitura, que estão sendo averiguados pelo Tribunal de Contas do Estado e pelo Ministério Público por suspeita de superfaturamento. Hoje, o pátio da Câmara de Vereadores já se transformou na Praça Tahir do movimento “Fora Micarla!”, que também pede a saída da prefeita Micarla de Souza (PV) do comando do executivo.

Surgido de maneira espontânea, tendo à frente a juventude de Natal, o movimento começou a se formar ainda na luta contra o aumento na tarifa de ônibus no início do ano e ganhou força à medida que absorveu outras reivindicações. Entre as principais, estão a luta contra a privatização e terceirização das unidades de saúde, o abandono da educação pública, a desvalorização dos servidores e o completo descaso com os serviços mais básicos, como a coleta de lixo e a manutenção das vias.

Criminalização do movimento
Embora pacífica e respaldada pela população, a ocupação pelo “Fora Micarla” vem sofrendo com a criminalização do movimento e com constantes ameaças de intervenção policial. A Câmara de Vereadores, através do advogado da Prefeitura, entrou com um mandado de segurança contra o salvo conduto concedido pelo juiz da 7ª Vara Criminal, que autorizou os manifestantes a permanecerem na Câmara Municipal. O desembargador Dilermando Mota chegou a atender ao pedido da Câmara e a permitir o uso da polícia para retirar os manifestantes, mas a comissão jurídica dos estudantes e a OAB, que tem apoiado o movimento, conseguiram suspender temporariamente a decisão.

Entretanto, o clima de tensão é constante, já que a todo o momento os ocupantes são surpreendidos com novos pedidos da Câmara Municipal à Justiça para que os estudantes sejam retirados. Além disso, o presidente da Casa, Edivan Martins (PV), se recusou a assinar um acordo no qual se comprometeria com a realização de uma audiência pública para discutir os contratos do município e a instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI). Caso a presidência da Câmara aceitasse e cumprisse imediatamente o acordo, os manifestantes estariam dispostos a desocupar o prédio.

Solidariedade na luta
Para reforçar o movimento “Fora Micarla!”, os estudantes têm recebido apoio de sindicatos, centrais sindicais, entre elas a CSP-Conlutas, e outros movimentos sociais, como o MST e o MLB (Movimento de Luta por Bairros). A Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL) tem estado presente desde o começo. Durante o dia, centenas de pessoas passam pela ocupação, levando solidariedade e apoio material aos ocupantes. Desde que teve início, com a realização de grandes manifestações pelas ruas da cidade, o movimento “Fora Micarla!” vem ganhando força e construindo uma unidade com diversas categorias de trabalhadores em luta.

A perspectiva dos estudantes é aumentar o número de pessoas na ocupação em defesa do impeachment da prefeita Micarla com o reforço de setores dos movimentos sociais. Entretanto, a postura do PT tem sido a de desocupar a Câmara Municipal com a garantia apenas da realização da audiência pública e da instalação da Comissão Especial de Inquérito. “O PT tem como objetivo institucionalizar a luta do movimento, jogando peso na Comissão Especial de Inquérito e desmobilizando a ocupação dos estudantes e a luta nas ruas. Isso só irá fortalecer os vereadores de oposição à prefeita para as eleições de 2012. É preciso, na contramão dessa política, reforçar a ocupação em torno da defesa do Fora Micarla e de todas as pautas do movimento, e não centrar nossas forças na via institucional.”, defendeu Wilson Silva, militante da ANEL.

Prefeita chama manifestantes de golpistas
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (14), a prefeita de Natal, Micarla de Souza, tentou desqualificar o movimento acusando-o de “golpista”. “A prefeita é rejeitada por quase 90% da população, segundo pesquisas recentes. A cidade está um caos. O povo não tem acesso à saúde, educação e transporte de qualidade. Aqui, nesta ocupação, estão presentes estudantes, trabalhadores, sindicatos, movimentos sociais. Onde está o golpe?! O impeachment de Collor foi um golpe por acaso?! O movimento é legítimo porque não suporta mais essa situação em Natal. Se alguém deu golpe, foi a prefeita.”, afirmou Wilson Silva.

Neste momento, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público investigam uma série de irregularidades nos contratos feitos pela Prefeitura, principalmente os referentes aos aluguéis do município. As primeiras investigações apontam indícios da existência de contratos sem prazo de vigência ou forma de pagamento ao locatário do imóvel. Também estão em fase de apuração contratos em que prédios da Prefeitura de Natal, marcados como próprios, são alugados pela própria administração.

domingo, 12 de junho de 2011

Solidariedade

Natal faz ato público em solidariedade aos bombeiros do RJ

A última sexta-feira, dia 10, fez o vermelho ressurgir como a cor da luta de todos os trabalhadores. Em solidariedade aos 439 bombeiros presos a mando do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi realizado um ato público no Calçadão da Rua João Pessoa, no centro de Natal. A manifestação que exigia a liberdade e anistia daqueles trabalhadores – aprisionados por lutarem por melhores salários e condições de trabalho – contou com a presença das Associações de Bombeiros e Policiais Militares do Rio Grande do Norte, sindicatos, partidos de esquerda e a CSP-Conlutas. Todos os manifestantes foram ao ato vestidos de vermelho.

Em nota distribuída durante a manifestação, as Associações Representativas dos Policiais e Bombeiros Militares do RN expressaram apoio e solidariedade à luta de seus companheiros do Rio. “A luta dos profissionais fluminenses por condições mínimas de trabalho e salários dignos reflete a realidade da categoria em todo o país: trabalhadores que arriscam suas vidas para salvar a população têm sido abandonados há décadas pelos sucessivos e irresponsáveis governos. Por isso, a luta dos bombeiros do RJ também é nossa, pois conhecemos de perto o descaso com os servidores da segurança pública e a criminalização contra aqueles que ousam denunciar as precárias condições de trabalho.”, diz trecho da nota.

Para Rodrigo Maribondo, presidente da Associação dos Bombeiros do RN, é preciso apoiar as ações realizadas pelos bombeiros do Rio. “O Rio Grande do Norte está aqui se manifestando publicamente e levando à sociedade a necessidade de se apoiar as ações dos bombeiros do Rio de Janeiro, que estão apenas reivindicando seus direitos. Depois da liberdade conseguida através de um habeas corpus, é preciso agora reivindicar a anistia de todos os envolvidos no processo reivindicatório e a abertura da negociação salarial. Mesmo porque a proposta sinalizada pelo governador é ridícula e não atende aos interesses da corporação.”, declarou Maribondo.

Sobre a necessidade de desmilitarização das corporações, o presidente da Associação de Bombeiros foi taxativo: “Nós entendemos que Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar não deveriam nunca ser militares. O Corpo de Bombeiros, por exemplo, tem o papel de socorrer, salvar e preservar bens. Não há razão para ser militar. Só somos militares porque herdamos uma estrutura das forças armadas.”, disse.

Em resposta aos insultos do governador Sérgio Cabral aos bombeiros do RJ, o professor e militante da CSP-Conlutas no Rio Grande do Norte, Dário Barbosa, afirmou que covardes são aqueles que não respeitam os trabalhadores. “Os que pagam baixos salários, desrespeitam direitos básicos e reprimem aqueles que lutam por melhores condições de vida e trabalho é que são os verdadeiros vândalos e bandidos. Estes, sim, são os covardes.”, destacou Dário.

Denúncias
O ato público em Natal também serviu para revelar uma série de denúncias sobre as péssimas condições de trabalho dos bombeiros do Rio Grande do Norte. As informações mostram o descaso do governo com esse importante serviço prestado à população, assim como a irresponsabilidade com a segurança daqueles que tem a missão de salvar vidas. Ao todo, o RN dispõe de apenas 656 bombeiros para atender ocorrências em 167 municípios. Somente as cidades de Natal, Mossoró, Caicó e Pau dos Ferros possuem uma unidade da corporação, quando o ideal seria que cada município com mais de 25 mil habitantes possuísse uma unidade.

De acordo com a ONU, deveria haver um bombeiro para cada 100 mil habitantes. Se essa orientação mínima fosse seguida, o Rio Grande do Norte teria cerca de 3.300 bombeiros, já que a população do Estado ultrapassa os três milhões. Em Natal, a corporação sofre com o número insuficiente de caminhões de socorro e com a falta de investimentos em materiais de trabalho. Para se ter uma ideia do descaso, basta afirmar que as capas de aproximação (equipamento usado pelos bombeiros no combate a incêndios) possuem três anos de vida útil, e em Natal todas as que são usadas já estão vencidas.

Como em todos os serviços públicos, os atuais governos demonstram uma dupla irresponsabilidade diante do Corpo de Bombeiros: não se importam nem com os servidores nem com quem precisa do serviço.

sábado, 11 de junho de 2011

Irresponsabilidade

CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CEARÁ-MIRIM FUNCIONA EM BAR

O retrato trágico da educação pública no Rio Grande do Norte, infelizmente, ganha mais um exemplo na cidade de Ceará-Mirim. O Centro de Educação Infantil Maria Alice, que fica na comunidade de Massaranduba, chegou ao extremo do descaso e da irresponsabilidade com o futuro das crianças do município. De acordo com funcionários do Maria Alice, aos sábados, no mesmo local onde são realizadas as atividades da creche, funciona também um bar e uma casa de show.

Toda a estrutura da escola é voltada para o funcionamento deste estabelecimento. Para se ter uma ideia, o ambiente da cozinha do Centro de Educação é o mesmo utilizado para a venda de bebidas alcoólicas. Os banheiros da creche, inclusive, ficam próximos aos do bar. A responsabilidade por esta situação é do prefeito Antônio Peixoto (PR), que alugou o espaço de uma casa de show para instalar uma “escola”.

Como se já não fosse o suficiente, a creche ainda enfrenta diversos problemas de estrutura básica. Há infiltrações nas paredes, algumas salas de aula sem portas e janelas, poucos ventiladores e parte da instalação elétrica está exposta. Segundo a comunidade escolar, o prefeito chegou a visitar o local após a denúncia, mas a situação permanece a mesma. Abaixo, seguem as fotos.




Extremoz

PREFEITO FAZ GRANDES FESTAS ENQUANTO EDUCAÇÃO ESTÁ ABANDONADA

Para os trabalhadores da educação de Extremoz, as escolas não têm condições de funcionar, por falta de estrutura, de material e de profissionais. No ano passado, os alunos foram muito prejudicados pela falta da merenda escolar, que chegava em quantidade insuficiente. Isso quando chegava, já que as escolas passaram mais tempo sem merenda. A falta de laboratórios de informática também é um grave problema.

Além disso, nenhuma escola do município possui refeitórios, e não há conhecimento sobre a existência de projetos para criá-los. Para piorar, os problemas da educação de Extremoz ficam cada vez mais graves por causa da falta de concursos públicos. Nem mesmo material didático existe nas escolas.

O prefeito Klauss Rêgo (PMDB) diz que não tem dinheiro para realizar as mudanças que precisam ocorrer na educação do município. Entretanto, contratou bandas caríssimas, como Aviões do Forró, para tocar na abertura dos festejos juninos. Quer dizer, a Prefeitura só possui recursos para tentar enganar o povo com divertimento. Mas para investir em educação e garantir boas condições de ensino e aprendizagem o prefeito não tem dinheiro.

"Essa conversa mole o sindicato da educação não engole. Exigimos que a Prefeitura resolva imediatamente os problemas de nossas escolas e de nossos professores e funcionários. A Educação merece respeito.", afirmou Socorro Alves, diretora do Núcleo do Sinte/RN de Extremoz.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fora Micarla!

Estudantes voltam às ruas de Natal para exigir impeachment de prefeita

"Fora Micarla! Fora Paulinho! Arruma a mala e vai saindo de fininho!". Essa foi uma das palavras de ordem mais cantadas pelos cerca de 300 estudantes que protestaram nas ruas de Natal na manhã desta terça-feira, dia 7. Nem mesmo a forte chuva impediu os manifestantes de realizar a terceira passeata exigindo o impeachment da prefeita Micarla de Sousa (PV) e de seu vice, Paulinho Freire. Nos últimos dias, sem ter a chuva para atrapalhar, as duas primeiras manifestações do movimento “Fora Micarla!” reuniram uma média de 2500 pessoas, entre trabalhadores e estudantes.

Os protestos vêm pedindo a saída da prefeita diante do quadro caótico em que se encontra a capital do Rio Grande do Norte. São ruas esburacadas, praias poluídas, coleta de lixo irregular, escolas funcionando precariamente, serviços de saúde sendo privatizados e servidores mal remunerados. Após uma caminhada pelo centro da cidade, com direito à parada em frente à sede da Prefeitura, os estudantes seguiram até a Câmara de Vereadores, onde mantêm uma ocupação neste momento.

Ocupar e resistir
O protesto seguiu até a Câmara Municipal de Natal com o objetivo de pressionar os vereadores a iniciarem o processo de impeachment da prefeita Micarla. Com muita irreverência, faixas, cartazes e narizes de palhaço, os estudantes ocuparam o auditório do prédio aos gritos de “Fora Micarla!”. Separados do plenário da Câmara por uma proteção de vidro, os manifestantes exigiam que os vereadores se posicionassem sobre o impeachment. Sob um coro de vaias e muito protesto, o presidente da Casa, vereador Enildo Alves, decidiu encerrar a sessão. Ele ainda classificou o movimento como baderneiro e anti-democrático.

Depois de encerrada a sessão, os estudantes resolveram manter a ocupação com um acampamento no pátio da Câmara. “O entendimento do pessoal é manter a ocupação sem previsão de sair. Também queremos construir um grande ato com todas as centrais sindicais, sindicatos e entidades estudantis para fortalecer o movimento e ter mais visibilidade diante da população. De acordo com vereadores da oposição, a abertura do processo de cassação do mandato da prefeita poderia ser iniciada com o recolhimento de 15 mil assinaturas. A gente só pretende sair daqui quando conseguir o impeachment da prefeita. E nós não vamos parar por aí”, disse o estudante e militante da ANEL Luiz Lima.

"Ô, ô, ô Micarla! Não fuja não! A juventude vai fazer revolução!"
Embalados pelas revoluções em curso no Oriente Médio e Norte da África, com forte participação da juventude, os estudantes de Natal mostraram disposição para fazer história com o movimento pela derrubada da prefeita Micarla. Nas ruas da cidade ou na ocupação da Câmara, os manifestantes repetiam numa só voz um aviso em forma de palavra de ordem. "Ô, ô, ô Micarla! Não fuja não! A juventude vai fazer revolução!", cantavam.

Apoiando o protesto desde seu início, a professora Amanda Gurgel também defendeu o impeachment da prefeita. “Não somos obrigados a engoli-la porque ela foi eleita. Mandatos deveriam ser revogáveis. Se não presta, rua. E Micarla não presta para governar Natal”, destacou Amanda.

Os manifestantes estão se organizando para coletar as 15 mil assinaturas, o que equivale a 3% do eleitorado de Natal. Em seguida, o objetivo é apresentar o pedido de impeachment formalmente à Câmara Municipal. Dessa forma, mesmo a contragosto, os vereadores serão obrigados a votar o afastamento da prefeita Micarla de Sousa. "Mas não basta pedir o impeachment da prefeita. Nós também não queremos o vice Paulinho Freire. É preciso derrubá-los nas ruas", defende Amanda.