APENAS 3,31% DO ORÇAMENTO NACIONAL DE 2014 VAI PARA A EDUCAÇÃO, ENQUANTO QUASE METADE VAI PARA JUROS E AMORTIZAÇÕES DA DÍVIDA
De acordo com a Autoria Cidadã, 42% do orçamento serão
destinados para o pagamento da dívida pública. A notícia foi destaque no site da CSP-Conlutas. Confira:
O governo federal prevê a destinação de apenas 3,31% do
valor total do Orçamento Anual de 2014 para a Educação e 4% (R$ 100,3 bilhões)
para a Saúde. Para pagamento de juros e amortizações da dívida pública,
contudo, o Projeto de Lei Orçamentário Anual (PLOA), aprovado na madrugada do
dia 18 de dezembro, prevê a destinação de 42% (R$ 1,003 trilhão) do total de R$
2,48 trilhões.
Informações do grupo Auditoria da Dívida afirma que “esse
valor consumido pela dívida corresponde a 10 vezes o valor previsto para a
saúde, a 12 vezes o valor previsto para a educação, e a 4 vezes mais que o
valor previsto para todos os servidores federais (ativos e aposentados) ou 192
vezes mais que o valor reservado para a Reforma Agrária”.
A Auditoria da Dívida assegura que “esse privilégio mostra
que o endividamento é o maior problema do gasto público brasileiro, e afeta
todas as áreas sociais. Diante disso e tendo em vista as inúmeras comprovações
denunciadas pela CPI da Dívida realizada na Câmara dos Deputados (2009/2010),
de falta de contrapartida dessa dívida, além de ilegalidades e ilegitimidades,
é urgente realizar completa auditoria, conforme previsto na Constituição Federal.
Conheça mais sobre o assunto no livro Auditoria Cidadã da Dívida – Experiências
e Métodos”.
“Bônus” para emendas em ano eleitoral
Ainda do total da previsão de receita aprovados, os
parlamentares designaram uma espécie de “plus” no valor de R$ 2 milhões para
emendas parlamentares patrocinadas pelos integrantes da Comissão Mista do
Orçamento (CMO), líderes partidários e presidentes de outras comissões.
Informações da imprensa dão conta de que senadores e deputados federais
ameaçaram não aprovar a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014 caso o Palácio do
Planalto não assumisse o compromisso de pagar esse “plus” ainda este ano para
obras em seus redutos eleitorais.
Eles passaram toda a quarta-feira em negociações pelo
empenho de dinheiro para emendas parlamentares e, assim, o PLOA só foi aprovado
com uma previsão de receita de R$ 2,4 trilhões de forma ráp ida em Plenário, na
madrugada dessa quarta-feira (18), porque a Presidência da República concordou
em liberar esse “bônus” para essas emendas parlamentares.
PLOA 2014 apresenta queda no valor destinado aos servidores
A estimativa da Lei Orçamentária Anual (LOA) é que, do valor
total, R$ 105,6 bilhões sejam destinados exclusivamente a investimentos de
empresas estatais e prevê, para gastos com pessoal, apenas a segunda parcela do
reajuste anual de 5%, que nem sequer cobre a inflação do período.
Comparativamente com o Produto Interno Bruto (PIB), os
gastos com pessoal apresentam queda no PLOA 2014, de 4,3% do PIB, em 2013, para
4,2% do PIB, em 2014.Verifica-se que a proposta do governo aos servidores mal
repõe a inflação deste ano, e não recupera as perdas históricas que levaram as
categorias ao grande movimento grevista no ano passado.
Orçamento não prevê aumento para aposentados
O PLOA 2014 não traz nenhuma previsão de aumento real para
as aposentadorias acima do salário mínimo. O eterno argumento oficial contra um
aumento maior do salário mínimo é que a Previdência Social não teria recursos
suficientes para pagar as aposentadorias. Porém, tal argumento é falacioso e
não se sustenta em base aos dados da arrecadação federal.
A Previdência é um dos tripés da Seguridade Social,
juntamente com a Saúde e Assistência Social, e tem sido altamente
superavitária. Em 2011, o superávit da Seguridade Social superou R$ 77 bilhões,
em 2010, R$ 56 bilhões, e, em 2009, R$ 32 bilhões, conforme dados da ANFIP.
Deveríamos estar discutindo a melhoria do sistema de Seguridade Social, mas
isso não ocorre devido à Desvinculação das Receitas desse setor para o
cumprimento das metas de superávit primário, ou seja, a reserva de recursos para
o pagamento da dívida pública.
Salário mínimo reajustado pela inflação
O salário mínimo foi fixado em R$ 724, arredondando a
previsão inicial do governo, que propôs R$ 722,90 em agosto. O PLOA 2014 mantém
a política de reajuste do salário mínimo prevista na Lei nº 12.382/2011,
segundo a qual o mínimo será reajustado pela inflação mais o crescimento real
do PIB de dois anos atrás. Para 2014, isto significa um reajuste de 6,8% (de R$
678,00 para R$ 724 em 1/1/2014), correspondente à inflação (INPC) de cerca de
6% mais um aumento real equivalente ao crescimento real do PIB de 2012 (0,87%).
A Auditoria da Dívida informa que, “com um aumento real de
0,87% por ano, serão necessários mais 154 anos para que seja atingido o salário
mínimo necessário, calculado pelo DIEESE em R$ 2.729,24, e garantido pela
Constituição: O art. 7º, IV, determina que é direito ‘dos trabalhadores urbanos
e rurais (?) salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social?’”.
* Com informações do G1 e da Auditoria da Dívida
Fonte: ANDES-SN
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