OCUPAÇÃO MILITAR NO HAITI COMPLETA OITO ANOS

Ao contrário do que diziam a ONU e o governo brasileiro, a situação calamitosa, abaixo da linha da miséria, em que 80% da população vive permanece inalterada. O que as tropas conseguiram foi garantir a exploração da mão-de-obra haitiana por parte de grandes empresas multinacionais – sobretudo da indústria têxtil.
Ao longo desses oito anos, protestos, greves e lideranças sociais foram reprimidos constantemente pela MINUSTAH (sigla da missão que ocupa o país). Ao mesmo tempo, a ocupação colaborou com a formação das Zonas de Livre Comércio, legitimou eleições fraudulentas e não desempenhou qualquer papel “humanitário” diante do trágico terremoto de 2010. Inúmeros abusos também vieram à tona, como o caso de um estupro cometido por soldados uruguaios.
Governo brasileiro segue cumprindo papel vergonhoso
Refletindo o fato de que a presença das tropas só trouxeram mais dor ao povo haitiano, uma onda de imigração de trabalhadores daquele país rumo ao Brasil começou nos últimos meses. Entrando no país pelo Acre, na busca desesperada de uma nova chance, esses trabalhadores não encontraram nenhum apoio efetivo do governo brasileiro e permaneceram expostos a condições insalubres e submetidos a todo tipo de aproveitadores.
O governo Dilma se acha no direito de manter tropas no Haiti, sempre com o discurso de que se trata de “ajudar” o povo haitiano. Mas revela sua hipocrisia quando é incapaz de oferecer assistência aos imigrantes que aqui chegam. Para piorar, setores do governo acenam com a possibilidade de endurecer a entrada de haitianos no Brasil.
Comentando o assunto, a ministra Maria do Rosário – por ironia, da pasta dos Direitos Humanos – declarou que “chegou a hora de o Brasil começar a dizer não”. Vergonhosamente, na verdade, já são oito anos em que o governo diz “não” à soberania do Haiti.
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