Falar sobre alguém
de quem se gosta e a quem se admira é sempre muito fácil. As palavras fluem com
facilidade e inúmeras qualidades vêem a nossa mente. Os defeitos, é claro que
existem, mas são mais facilmente esquecidos, se não, guardados num cantinho da
nossa mente. Difícil mesmo é falar sobre alguém sabendo que estamos nos
despedindo desse alguém. Quando estamos num contexto de despedida como agora.
As palavras fogem e não sabemos bem por onde começar.
Por isso, quero
iniciar estas simples homenagens a Jean evitando repetir palavras que neste
momento me são desnecessárias, pois o local, o momento e o contexto em que
estamos falam por si só. Assim, prefiro comentar duas dimensões deste que foi e
que vai ser para sempre nosso amigo e irmão. Jean a pessoa humana e também
militante, lutador da educação.
Tenho certeza que
para falar de Jean como pessoa, todos aqui o fariam e certamente destacariam
que ele era amigo, alegre, tranqüilo, decidido, etc. Entre nós que convivemos com Jean, não há uma única pessoa que não tenha na lembrança
um momento engraçado, uma fala irreverente, inesperada ou mesmo uma piada
contada por ele, mas também muita seriedade naquilo em que ele acreditava e
defendia. A capacidade de rir com o outro ou até de si próprio, a sua alegria
de viver ou simplesmente estar na companhia do outro/outra. O gosto pela música
que lhe levou a estudar e praticar teclado para, segundo ele, animar as
brincadeiras com os amigos. Assim era Jean, mas muitas pessoas neste recinto falariam
melhor do que eu e teriam muito mais o que dizer, porém o momento exige que
sejamos breves e, sendo breve eu diria, não guardemos de Jean as melhores
lembranças que temos dele, vamos propagá-las e dessa forma eternizá-las. Pois é
dessa forma que mantemos vivos para sempre aqueles a quem amamos.
O outro aspecto que
trago para refletirmos é a dimensão do Jean lutador. Aquele que abraçou a causa
da educação e a ela vinha a cada dia aprendendo a se dedicar mais e mais. Peço
licença para falar em nome dos meus companheiros do SINTE, pois foi lá que
vimos acontecer a maior transformação de Jean. Apesar de muitos anos de convivência,
pensávamos que seria difícil trazer Jean para militar conosco, pois a vida de
sindicalista trás muita pressão, cobra muita dedicação e, como muitos dizem, às
vezes é muito injustiçada e não valorizada como deveria. Como acreditar que
Jean largaria sua tranqüilidade, abriria mão do seu status de “garotão
despreocupado” para vir fazer parte do nosso time de sindicalistas preocupados
24 horas com a educação e com o trabalhador? Mas ele veio, aceitou o convite e
passou a levantar a bandeira da nossa
luta, como dirigente, pois na base já o fazia. Não poderia deixar de registrar
aqui o que mais nos orgulha desse
companheiro. Ele não vacilou em nenhum momento ao defender a educação num
município que é conhecido por perseguir, demitir quem contraria o sistema e
desrespeita o direito de organização dos trabalhadores. Mas Jean não recuou e
se manteve firme, nem se omitiu, nem se aliou ao sistema como muitos o fazem,
para não ter problemas ou porque é mais fácil. Por fim, além de lutador da
educação, Jean estava abraçando a luta de todos os trabalhadores, através dos
ideais socialistas que estava estudando e se declarando disposto a aprender
cada vez mais, pois entendera que o que muda a vida é a luta. Luta diária pelas
nossas necessidades imediatas e principalmente a luta organizada rumo à
construção de outro tipo de sociedade. Mais justa e igualitária. Por isso não
poderíamos jamais deixar de dividir com os amigos e familiares de Jean o
orgulho que sentimos de ter convivido com ele todo esse tempo e tê-lo como nosso
camarada. Daremos uma batalha para que este orgulho supere a dor da perda e
saudade que já sentimos. A ele, onde quer que esteja, dizemos todos: obrigado
por termos tido a felicidade de conviver com você, vá em paz. O seu lugar
preferido na cabeceira da mesa do SINTE vai ficar vazio, mas nosso coração
estará cheio da suas lembranças. E nas nossas lutas você estará sempre
PRESENTE.
Finalizando, citarei
Bertoldh Brecht, poeta, dramaturgo e marxista: “Há homens que lutam um dia e
são bons; há outros que lutam um ano e são melhores; há aqueles que lutam
muitos anos e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida. Estes são os
imprescindíveis.”
DIGAMOS TODOS:
CAMARADA JEAN, PRESENTE!
Nenhum comentário:
Postar um comentário