sábado, 13 de abril de 2013

Sempre presente

HOMENAGEM A JEAN

Falar sobre alguém de quem se gosta e a quem se admira é sempre muito fácil. As palavras fluem com facilidade e inúmeras qualidades vêem a nossa mente. Os defeitos, é claro que existem, mas são mais facilmente esquecidos, se não, guardados num cantinho da nossa mente. Difícil mesmo é falar sobre alguém sabendo que estamos nos despedindo desse alguém. Quando estamos num contexto de despedida como agora. As palavras fogem e não sabemos bem por onde começar.

Por isso, quero iniciar estas simples homenagens a Jean evitando repetir palavras que neste momento me são desnecessárias, pois o local, o momento e o contexto em que estamos falam por si só. Assim, prefiro comentar duas dimensões deste que foi e que vai ser para sempre nosso amigo e irmão. Jean a pessoa humana e também militante, lutador da educação.

Tenho certeza que para falar de Jean como pessoa, todos aqui o fariam e certamente destacariam que ele era amigo, alegre, tranqüilo, decidido, etc. Entre nós que  convivemos com Jean, não há  uma única pessoa que não tenha na lembrança um momento engraçado, uma fala irreverente, inesperada ou mesmo uma piada contada por ele, mas também muita seriedade naquilo em que ele acreditava e defendia. A capacidade de rir com o outro ou até de si próprio, a sua alegria de viver ou simplesmente estar na companhia do outro/outra. O gosto pela música que lhe levou a estudar e praticar teclado para, segundo ele, animar as brincadeiras com os amigos. Assim era Jean, mas muitas pessoas neste recinto falariam melhor do que eu e teriam muito mais o que dizer, porém o momento exige que sejamos breves e, sendo breve eu diria, não guardemos de Jean as melhores lembranças que temos dele, vamos propagá-las e dessa forma eternizá-las. Pois é dessa forma que mantemos vivos para sempre aqueles a quem amamos.

O outro aspecto que trago para refletirmos é a dimensão do Jean lutador. Aquele que abraçou a causa da educação e a ela vinha a cada dia aprendendo a se dedicar mais e mais. Peço licença para falar em nome dos meus companheiros do SINTE, pois foi lá que vimos acontecer a maior transformação de Jean. Apesar de muitos anos de convivência, pensávamos que seria difícil trazer Jean para militar conosco, pois a vida de sindicalista trás muita pressão, cobra muita dedicação e, como muitos dizem, às vezes é muito injustiçada e não valorizada como deveria. Como acreditar que Jean largaria sua tranqüilidade, abriria mão do seu status de “garotão despreocupado” para vir fazer parte do nosso time de sindicalistas preocupados 24 horas com a educação e com o trabalhador? Mas ele veio, aceitou o convite e passou a levantar a bandeira  da nossa luta, como dirigente, pois na base já o fazia. Não poderia deixar de registrar aqui  o que mais nos orgulha desse companheiro. Ele não vacilou em nenhum momento ao defender a educação num município que é conhecido por perseguir, demitir quem contraria o sistema e desrespeita o direito de organização dos trabalhadores. Mas Jean não recuou e se manteve firme, nem se omitiu, nem se aliou ao sistema como muitos o fazem, para não ter problemas ou porque é mais fácil. Por fim, além de lutador da educação, Jean estava abraçando a luta de todos os trabalhadores, através dos ideais socialistas que estava estudando e se declarando disposto a aprender cada vez mais, pois entendera que o que muda a vida é a luta. Luta diária pelas nossas necessidades imediatas e principalmente a luta organizada rumo à construção de outro tipo de sociedade. Mais justa e igualitária. Por isso não poderíamos jamais deixar de dividir com os amigos e familiares de Jean o orgulho que sentimos de ter convivido com ele todo esse tempo e tê-lo como nosso camarada. Daremos uma batalha para que este orgulho supere a dor da perda e saudade que já sentimos. A ele, onde quer que esteja, dizemos todos: obrigado por termos tido a felicidade de conviver com você, vá em paz. O seu lugar preferido na cabeceira da mesa do SINTE vai ficar vazio, mas nosso coração estará cheio da suas lembranças. E nas nossas lutas você estará sempre PRESENTE.

Finalizando, citarei Bertoldh Brecht, poeta, dramaturgo e marxista: “Há homens que lutam um dia e são bons; há outros que lutam um ano e são melhores; há aqueles que lutam muitos anos e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis.”

DIGAMOS TODOS: CAMARADA  JEAN, PRESENTE! 

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