quarta-feira, 24 de março de 2010

Deu na Imprensa

Falta de professores prejudica alunos da rede estadual

A falta de professores nas escolas públicas do estado tem sido bastante significativa em 50% das escolas do Rio Grande do Norte. As informações são do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (Sinte). De acordo com a coordenadora geral do Sinte, Fátima Cardoso, existe um déficit de 2,5 mil profissionais na educação e cerca de 125 mil estudantes estão sendo prejudicados, muitos até estão sem aula. É o caso da Escola Estadual Hegésipo Reis, que já teve de refazer o calendário escolar três vezes porque não existem professores suficientes para dar início às aulas. A Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seec) anunciou a realização de seleções para estagiário e professor.

A coordenadora pedagógica da escola, Cláudia Santa Rosa, informou que só existe um professor na escola e que para as aulas iniciarem são necessários outros cinco profissionais. "O número de alunos não aumentou até porque não temos capacidade para abrigar mais. O nosso maior problema é a descontinuidade de professores, pois todos os anos a secretaria envia estagiários do curso de pedagogia, mas eles só podem permanecer na escola por um ano e depois vão embora. O estagiário tem vida curta na escola e os nossos projetos acabam ficando comprometidos", explica.

Conforme Cláudia, a escola possui um diferencial no ensino. No lugar das salas de aula tradicionais, a instituição trabalha com salas de oficinas de números, projetos (ciências, história, geografia) e linguagem. Os alunos ficam divididos em grupos, conforme o nível de aprendizagem. "Se recebemos um aluno de 4º ano que não sabe ler, por exemplo, nós não empurramos assunto no quadro, como acontece na maioria das escolas, nós colocamos ele com um grupo que está nessa fase de aprendizado, para evitar a evasão desses alunos. Exatamente por esse nosso método diferente é que deveríamos receber esses estagiários pelo menos um mês antes do início das aulas para que eles pudessem entender como funciona o ensino e nossos projetos".

Para a única professora da instituição, Maria Francisca Dantas, é impossível comandar sozinha o número de alunos. "Temos três turmas pela manhã e três à tarde, não posso trabalhar para cobrir o aprendizado de todos esses alunos". A diretora da escola, Sônia Medeiros, afirma que contatou a secretaria esta semana e foi informada de que os estagiários estão sendo encaminhados, mas até agora nenhum deles chegaram à escola. "No ano passado nós contratamos estagiários por conta própria, só que houve uma grande confusão com o governo e este ano nós ainda estamos aguardando porque deixamos por conta do poder público".

Ócio

Os 120 alunos da escola estão sendo prejudicados, dentre eles, as três sobrinhas de Maria do Socorro Medeiros. Dona Maria conta que as meninas estão em casa preocupadas com a possibilidade de a escola fechar por causa da falta desses professores. "As crianças estão sem nada para fazer em casa, passam o dia na televisão ao invés de estarem na escola aprendendo. E o pior é que elas já sabem que no mês de dezembro provavelmente não terão férias, enquanto todas as outras crianças estão aproveitando esse tempo".

Fonte: Diário de Natal - 24/03/2010

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