O Sindicato dos Trabalhadores em
Educação do Rio Grande do Norte (Sinte-RN) Regional de Ceará-Mirim levou às
ruas, junto aos núcleos de Extremoz e São Gonçalo do Amarante, um Ato Público
no Gancho de Igapó, Zona Norte de Natal, na manhã dessa terça-feira, dia 11. Os
servidores da Educação, professores e funcionários, das redes municipal e
estadual, lembraram a greve que se instalou em todo o estado no início do ano
letivo, tendo como uma das principais reivindicações o pagamento do piso
salarial dos professores, que foi definido pelo Ministério da Educação (MEC) no
fim de janeiro em R$ 1.697,37, mas que não vem sendo cumprido.
O trajeto percorrido foi o da Avenida
Tomaz Landim em direção a ponte de Igapó, ocupando apenas uma das faixas. O
microfone do carro de som esteve aberto todo o tempo para que qualquer
manifestante pudesse expressar sua indignação quanto à situação de calamidade
que se encontra a Educação no Rio Grande do Norte. O diretor do Sinte de
Ceará-Mirim, José Roberto, lembrou o sucateamento das escolas e os efeitos nos
servidores. “As escolas de Ceará-Mirim não têm estrutura para funcionar e isso
afeta a todos, sejam professores ou estudantes. Enquanto isso, os nossos
direitos são negados”, afirmou.
Durante a caminhada, outro carro
de som surgiu na avenida para desarticular o movimento, que seguia unido.
Anunciando mentiras sobre a situação da Educação em São Gonçalo do Amarante, com
o propósito de tornar os professores, funcionários e estudantes, que apoiavam a
greve, inimigos do povo, a locução gravada falava sobre a boa estrutura e a merenda
das escolas. Porém os trabalhadores da Educação, de diferentes grupos, estavam
hoje mais que nunca unificados e permaneceram unidos e combatentes. Fazendo
alusão ao prefeito Jaime Calado (PR), que agiu contra ao direito de livre
expressão dos servidores, a palavra de ordem foi para que o carro de som
passasse “Calado”. A marcha seguiu chamando atenção da população, que por vezes
também expressou seu apoio aos companheiros.
Também da direção do Sinte-RN de
Ceará-Mirim, o professor José Farias usou o microfone para lembrar que o papel
de todos os companheiros é denunciar. “Os prefeitos de Ceará-Mirim, Extremoz e
São Gonçalo do Amarante têm seus meios de se organizar para nos desarticular,
mas nós também temos nossas organizações e repudiamos qualquer tipo de
injustiça. Nosso espaço é a rua, porque se existe irresponsabilidade, vem das
prefeituras e não de nós trabalhadores”, criticou o professor.
Ao fim do Ato, a diretora do
Sinte-RN de Ceará-Mirim, Ana Célia Siqueira, fez questão de parabenizar a união
dos Núcleos e dos grupos organizados. “Esse movimento está unificado através
dos trabalhadores em Educação e o fato de estarmos juntos na rua retrata isso”.
A professora também deixou uma “Tarefa de casa aos companheiros”, para que a
luta não seja desarticulada. “Temos que manter o movimento unificado. Os
governantes fazem de tudo para calar a nossa voz, o carro de som que nos
provocou hoje mostra que estamos incomodando. Mas esse não é o único meio de
repressão, pois as vezes até a polícia é envolvida”, lembrou Ana Célia.
Além do Sinte de Ceará-Mirim e
Núcleos de Extremoz e São Gonçalo do Amarante, outras entidades estiveram
presentes para dar força ao movimento, como a Central Sindical Popular
(CSP-Conlutas), o Partido Operário Revolucionário (POR), a Associação Nacional dos Estudantes Livres (Anel), a Corrente Proletária na Educação, a Corrente Proletária Estudantil, a vereadora
por Natal Amanda Gurgel (PSTU), o Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde-RN)
e o Sinte Estadual.
Sinte-RN de Ceará-Mirim decide aderir à greve
Dentre as cobranças feitas pelos
servidores estão as questões de estrutura e materiais, como os refeitórios em
Ceará-Mirim, onde só algumas escolas receberam reforma. O fardamento, que
deveria ser gratuito e que foi prometido para alunos desde o ensino infantil
até aos que cursam o 5º ano, mas que ainda não foram fornecidos. A falta de
quadras esportivas, o fechamento das salas multifuncionais e de leitura e a
necessidade de mais transportes escolares também são queixas frequentes.
E toda essa falta de condições
básicas está fazendo com que alunos não tenham merenda adequada; por fim, as
escolas se encontram hoje superlotadas. Essas cobranças provam que os
servidores da Educação estão sim preocupados com uma educação digna e com o devido
respeito às crianças e adolescentes, pois são essas condições mínimas que dão
base a uma educação pública de qualidade.
Já sobre o trabalhador em
Educação, também foi lembrada a promessa feita pelo prefeito Antônio Peixoto
(PR) de realizar concurso público para a área de Educação no município e que,
assim como tantas outras, também não foi cumprida. Dentre outros
descumprimentos estão o reajuste salarial para professores de nível superior, o
pagamento de 1/6 das férias, o reajuste do piso para o ano de 2014, que grande
parte dos professores não recebeu e que a Prefeitura de Ceará-Mirim não deu
nenhuma explicação. Tudo isso sem contar com a falta do adicional de
insalubridade aos profissionais de Auxilio de Serviços Gerais (ASG) e merendeiros.
E apenas o fato de os servidores
estarem denunciando e se organizando em reuniões e atos públicos está
provocando uma onda de intimidação por parte da Secretaria de Educação de
Ceará-Mirim. Os professores sofrem repressão por parte de alguns diretores de
escola, que reproduzem os desmandos da Secretaria, para impedir que se cobrem
as promessas e os direitos da categoria. E em mais um golpe contra os
servidores da Educação, a gestão democrática no município foi eliminada pela
Prefeitura, em audiência pública realizada durante o período de férias, quando
na verdade os diretores de escolas deveriam ser eleitos por voto direto, entre
os próprios trabalhadores em Educação.
Por essas e outras razões, o
Sinte-RN de Ceará-Mirim decidiu no dia 7 de fevereiro, em assembleia na Escola
Municipal Adele de Oliveira, entrar em greve, que inclusive já havia um indicativo
proposto no ano passado. Os servidores da Educação estão cansados com a falta
de respeito e com a intimidação desonesta, que inclusive, por parte do Governo
Estadual, já recebeu ameaças de corte dos pontos para os trabalhadores e
trabalhadores que apenas querem o básico para trabalhar.
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