domingo, 29 de agosto de 2010

Cultura

Casa do Cordel comemora três anos de existência

Aniversário contou com sarau de poesia matuta e café da manhã para os convidados


O lugar é simples e pequeno. Mas honesto e capaz de acolher como uma mãe todos aqueles que produzem e admiram a cultura popular. O nome do espaço não poderia ser diferente, nem melhor. A Casa do Cordel é, realmente, um lar. Uma morada independente e aconchegante para poetas matutos, xilógrafos, artesãos e todo tipo de artista nordestino, que faça de seu universo sertanejo a expressão máxima da resistência cultural do povo.

Foi com esse sentimento de resistência que na manhã deste sábado (28) vários cordelistas e leitores da literatura de cordel se reuniram para comemorar os três anos de fundação do único ponto de cultura popular em Natal. Mas o terceiro aniversário da Casa do Cordel também foi marcado por muita emoção e alegria. Regada por um belo café da manhã, a comemoração contou com a participação de muitos convidados importantes e um divertido sarau de poesia matuta.

Entre os cordelistas presentes, desfilaram seus versos gente como Ivan do Cordel, Jadson Lima, Gil Leal, Zé Martins, Maria do Céu, Emanuel Iohanan, Braga Santos, Bob Mota, Manuel Azevedo, Hélio Gomes e Tonha Mota, além de muitos outros. A cada declamação, o público entrava em contato com um lirismo simples, que revelava um pedaço mágico da vida no sertão.

Fundada em 17 de agosto de 2007, a Casa do Cordel mantém seus cordéis e a divulgação da cultura nordestina de maneira independente e sem receber financiamento do poder público. “A Casa do Cordel é um espaço cultural que o Rio Grande do Norte nunca teve. E apesar da dificuldade, de não ter nenhum financiamento público, nem do governo nem da prefeitura, que se omitem e não investem nos poetas, nós conseguimos manter nosso espaço para fazer a cultura popular resistir.”, destacou o xilógrafo Erick Lima.


Para o idealizador e fundador do projeto, o poeta Abaeté, o Rio Grande do Norte deve se orgulhar de possuir um local que é referência nacional em cultura popular. “Há três anos a gente vem mantendo a Casa do Cordel com todo o esforço, com todo o sacrifício, mas um sacrifício prazeroso. Quando nós abrimos a Casa, nós tínhamos uns trinta poetas. Hoje, nós temos mais de quinhentos. Com o cordel e a cultura popular, nós levamos o nome do nosso estado para todo o Brasil e até para outros países. A Casa do Cordel hoje é o espaço mais conhecido no país quando se fala de cordel.”, contou Abaeté.

Além de dar espaço para a produção da poesia matuta e revelar novos talentos, a Casa do Cordel também é pioneira ao levar a arte popular para dentro das escolas e aproximar os jovens do Rio Grande do Norte de suas raízes nordestinas. Um excelente exemplo de que é possível e necessário unir educação e cultura. Vida longa à Casa do Cordel.

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